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Desemprego vai a 10,4%, renda cresce 4,4% no ano
Vagas formais têm alta, mas não atendem ao aumento da busca por emprego
Junho geralmente traz recuperação do emprego, mas IBGE diz que reação da economia não foi suficiente para absorver mão-de-obra
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Na contramão de todas as
previsões, a taxa de desemprego subiu em junho para 10,4%
-contra 9,4% no mesmo mês
de 2005. Em maio, havia sido
de 10,2%, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística).
Tradicionalmente, o desemprego começa a ceder gradualmente a partir de abril ou maio
e intensifica a queda em junho,
o que não aconteceu neste ano.
Para o IBGE, a economia não
está crescendo na velocidade
necessária para absorver o aumento da procura por trabalho,
o que fez o desemprego subir.
Já a renda segue em expansão, mantendo o desempenho
favorável dos últimos meses
graças ao reajuste do salário
mínimo e à estabilidade da inflação. A renda cresceu 6,7%
ante junho de 2005. Foi a 12ª
taxa positiva seguida nesse tipo
de comparação. De maio para
junho, a alta ficou em 0,5%, na
sexta variação positiva seguida.
No primeiro semestre, a expansão chegou a 4,4%, melhor
desempenho da nova Pesquisa
Mensal de Emprego do IBGE
iniciada em 2002.
Juros x emprego
"A reação da economia não
foi suficiente para absorver a
maior procura por trabalho.
Talvez a taxa de juro tenha de
cair com mais força", disse Cimar Azeredo Pereira, gerente
da Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE.
No primeiro semestre, a taxa
de desemprego ficou em 10,1%,
praticamente no mesmo nível
dos seis primeiros meses de
2005 (10,3%). Tal desempenho,
diz Pereira, contrariou as expectativas: "Para este ano, todo
mundo esperava uma queda da
taxa de desemprego, o que não
aconteceu".
Dados da CNI divulgados ontem também indicam que a
economia caminha a passos
mais lentos do que o previsto,
segundo avaliação de empresários, e que a indústria pode demitir funcionários, principalmente nas empresas de pequeno e médio porte do setor.
Também divulgado ontem, o
Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) do
Ministério do Trabalho revelou
que o emprego com carteira assinada cresceu: 0,58% de maio
para junho, com 155.455 postos
de trabalho gerados. Nos 12
meses encerrados em junho, foi
aberto 1,2 milhão de vagas.
Para Fábio Romão, economista da LCA, os dados do Caged confirmam a tendência
apontada pelo IBGE, que também mostrou crescimento da
ocupação apesar do aumento
da taxa de desemprego.
Embora a taxa de desemprego tenha subido, os dados do
IBGE mostram que há um
aquecimento do mercado de
trabalho, exemplificado pelo
aumento da geração de novas
vagas.
Em junho, o número de pessoas ocupadas cresceu 0,9% ante maio e 1,6% em relação a junho de 2005. Em números absolutos, a expansão foi de 170
mil pessoas no mês e de 310 mil
no ano.
Mercado aquecido
Apesar de expressiva, a geração de vagas não cobriu o aumento da procura por trabalho:
o crescimento de 1,1% da PEA
(população economicamente
ativa) de maio para junho correspondeu a 249 mil pessoas.
Já a alta de 2,7% no ano representou mais 600 mil pessoas no
mercado de trabalho.
"O mercado de trabalho está
em aquecimento, mas de um
modo ainda tímido, já que muitas pessoas que estavam fora do
mercado estão voltando a procurar emprego, pressionando a
taxa", disse Marcelo de Ávila,
do Ipea (Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada).
Fábio Romão afirma que juros e inflação em queda e crescimento do rendimento "tornam o mercado de trabalho
mais atrativo", trazendo mais
pessoas da inatividade e desalentadas de volta para o mercado de trabalho.
O aumento da formalização
também inflou o mercado de
trabalho -o emprego com carteira subiu 3,7% ante junho de
2005, enquanto as contratações de sem-carteira caíram
4,7%.
Já Pereira, do IBGE, acredita
que as eleições aumentaram a
procura por trabalho, sem ainda a contrapartida de geração
de novos postos em número suficiente, o que explica, em parte, a aceleração da taxa de desemprego.
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