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Na Europa, embarque
dos passageiros de vôos
cancelados vira "loteria"
DANIELA FERNANDES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM PARIS
O embarque de passageiros da Varig para o Brasil
nesta alta temporada de verão em toda a Europa se tornou, como diz um responsável da TAM no aeroporto
Charles de Gaulle, em Paris,
uma "loteria esportiva".
"Tudo depende do dia. No
final de semana, é mais complicado. Na quarta-feira,
conseguimos embarcar 16
pessoas, mas isso foi excepcional. Normalmente, a média é de dois a três por noite",
diz Eduardo Moreira, supervisor da TAM no aeroporto
Charles de Gaulle, em Paris.
O problema é que os passageiros são bem mais numerosos do que isso. Entre
os que tiveram sorte na
quarta de obter lugar na
TAM, estava um grupo de
pessoas que tentava embarcar havia vários dias. Alguns
chegaram a dormir três noites no aeroporto.
"Como o número de passageiros que não conseguem
viajar vem subindo, avisamos a direção da Varig que,
se a situação continuasse
nesse ritmo, haveria confusão", diz Moreira.
Na noite de ontem, nenhum passageiro da Varig
seria embarcado no primeiro vôo da TAM com destino
ao Brasil, disse o responsável
pela lista de espera. Ela já
continha, antes da abertura,
o nome de sete passageiros
que não haviam conseguido
viajar na véspera.
No vôo das 23h locais, ainda não era possível definir se
haveria lugares. Mas quatro
pessoas teriam prioridade:
uma família que deixou o Líbano por conta própria e
conseguiu viajar de Damasco (Síria) para Paris.
A TAM informa que os
brasileiros vindos do Líbano
são considerados prioritários em relação aos clientes
da Varig.
Ao constatar que seu nome estava em nono na lista
de espera, sem contar a família vinda do Líbano, o engenheiro Ribamar Campos,
que tentava voltar ao Brasil
pela primeira vez, começou a
procurar hotéis próximos ao
aeroporto.
"Estou ainda na minha
primeira tentativa. É bem
possível que tenha de voltar
outras vezes."
Despesas
O gerente do escritório da
Varig na Champs-Elysées,
José Luís Cunha, informa
que a Varig está arcando com
as despesas de hospedagem e
alimentação de boa parte
desses passageiros.
Mas as funcionárias da
empresa no aeroporto são
explícitas quando algum
cliente pergunta sobre isso.
"A Varig não tem dinheiro e
não estamos pagando nada",
diz uma delas, recomendando às pessoas, no entanto,
para guardar as faturas e tentar o reembolso no Brasil.
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