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Lucro do Banespa recua 47% no 1º semestre
Banco atribui diferença a fator contábil em balanço de 2005
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
O primeiro dos grandes bancos que operam no país a divulgar seu resultado decepcionou.
Na contramão dos exuberantes
números apresentados nos últimos anos pelo setor bancário,
o Banespa anunciou ontem que
seu lucro líquido encolheu 47%
no primeiro semestre deste
ano, na comparação com o
mesmo período de 2005, para
R$ 466,8 milhões.
Controlado pelo grupo espanhol Santander, o banco é o
quinto maior do país, segundo
ranking do Banco Central elaborado a partir dos balanços referentes ao primeiro trimestre.
No pregão de ontem da Bolsa
de Valores de São Paulo, as
ações do Banespa terminaram
com fortes perdas: a preferencial caiu 18,15%, e a ordinária
registrou desvalorização de
17,50%.
De acordo com o Santander
Banespa, o resultado deste ano
foi afetado porque os números
do primeiro semestre do ano
passado foram inflados pela
operação de venda de ações da
AES Tietê, feitas em junho de
2005, que geraram um resultado extraordinário de R$ 626
milhões.
De positivo, as operações de
crédito do banco seguiram em
alta: subiram 27% de 2005 para
2006 e chegaram a R$ 12,59 bilhões. Nas operações para pessoa física, a elevação foi de
32,2%, e, para pessoa jurídica, o
aumento ficou em 29,1%.
"O tamanho da queda do lucro me surpreendeu", diz Edson Carminatti, analista financeiro do Inepad (Instituto de
Ensino e Pesquisa em Administração). O analista diz que
"cresceu bastante a provisão
para créditos de liquidação duvidosa no período, o que acaba
por afetar o resultado".
As despesas com a provisão
para créditos de liquidação duvidosa constituída entre janeiro e junho deste ano chegaram
a R$ 468 milhões -crescimento de R$ 302 milhões se comparada a igual período de 2005.
"Temos notado nos últimos
balanços que o setor bancário
como um todo tem sido obrigado a elevar a provisão para créditos duvidosos. Isso tem acontecido porque os bancos ampliaram muito suas carteiras
destinadas ao varejo, que traz
maiores riscos de inadimplência", afirma Carminatti.
Na Espanha, o grupo Santander anunciou crescimento de
26% em seu lucro na primeira
metade do ano, para 3,216 bilhões -cerca de R$ 8,97 bilhões. Os negócios na América
Latina geraram mais de um
terço do lucro. O Santander
também tem forte peso no Chile, onde comanda o maior banco do país.
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