São Paulo, sexta-feira, 28 de julho de 2006

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Lucro do Banespa recua 47% no 1º semestre

Banco atribui diferença a fator contábil em balanço de 2005

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O primeiro dos grandes bancos que operam no país a divulgar seu resultado decepcionou. Na contramão dos exuberantes números apresentados nos últimos anos pelo setor bancário, o Banespa anunciou ontem que seu lucro líquido encolheu 47% no primeiro semestre deste ano, na comparação com o mesmo período de 2005, para R$ 466,8 milhões.
Controlado pelo grupo espanhol Santander, o banco é o quinto maior do país, segundo ranking do Banco Central elaborado a partir dos balanços referentes ao primeiro trimestre.
No pregão de ontem da Bolsa de Valores de São Paulo, as ações do Banespa terminaram com fortes perdas: a preferencial caiu 18,15%, e a ordinária registrou desvalorização de 17,50%.
De acordo com o Santander Banespa, o resultado deste ano foi afetado porque os números do primeiro semestre do ano passado foram inflados pela operação de venda de ações da AES Tietê, feitas em junho de 2005, que geraram um resultado extraordinário de R$ 626 milhões.
De positivo, as operações de crédito do banco seguiram em alta: subiram 27% de 2005 para 2006 e chegaram a R$ 12,59 bilhões. Nas operações para pessoa física, a elevação foi de 32,2%, e, para pessoa jurídica, o aumento ficou em 29,1%.
"O tamanho da queda do lucro me surpreendeu", diz Edson Carminatti, analista financeiro do Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração). O analista diz que "cresceu bastante a provisão para créditos de liquidação duvidosa no período, o que acaba por afetar o resultado".
As despesas com a provisão para créditos de liquidação duvidosa constituída entre janeiro e junho deste ano chegaram a R$ 468 milhões -crescimento de R$ 302 milhões se comparada a igual período de 2005.
"Temos notado nos últimos balanços que o setor bancário como um todo tem sido obrigado a elevar a provisão para créditos duvidosos. Isso tem acontecido porque os bancos ampliaram muito suas carteiras destinadas ao varejo, que traz maiores riscos de inadimplência", afirma Carminatti.
Na Espanha, o grupo Santander anunciou crescimento de 26% em seu lucro na primeira metade do ano, para 3,216 bilhões -cerca de R$ 8,97 bilhões. Os negócios na América Latina geraram mais de um terço do lucro. O Santander também tem forte peso no Chile, onde comanda o maior banco do país.


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