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Vivo negocia a compra de Telemig e Amazônia Celular
Venda das duas operadoras de telefonia deve ser anunciada nas próximas semanas
Negócio, no entanto, tem
várias pendências; Claro e Oi também fizeram propostas pelas empresas, cujos sócios travam disputas internas
JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL
A próxima semana deverá ser
marcada por novidades na telefonia brasileira, com o anúncio
oficial de venda de duas operadoras -a Telemig (Minas Gerais) e a Amazônia Celular.
Na ponta compradora está a
Vivo, maior concessionária
móvel do país. A empresa pertence à espanhola Telefónica e
à Portugal Telecom.
Oficialmente, porém, o processo de venda da Telemig e da
Amazônia Celular continua. A
Claro, da mexicana América
Móvil, e a Oi (ex-Telemar,
maior fixa do país) fizeram propostas pelas operadoras.
O dia de ontem foi marcado
por muita correria e bate-boca
nos bastidores das companhias, após notícias de que a
venda das duas teles estaria
concluída. O preço teria sido
acertado entre R$ 3 bilhões e
R$ 4 bilhões. A negociação das
ações das duas teles chegou a
ser suspensa temporariamente
no pregão ontem, à espera de
explicações à Bolsa. Vários desmentidos sobre a operação foram divulgados em seguida.
Segundo a Folha apurou, a
notícia da negociação deixou
irritados os demais concorrentes. Também pegou de surpresa alguns dos acionistas da Telpart, holding que controla a Telemig e a Amazônia Celular.
Os principais sócios das Telpart são fundos de pensão ligados a estatais, Citigroup e Opportunity. Os três estão enrolados em várias disputas judiciais. Isso reduziu as conversas
a uma troca mínima de informações. Por outro lado, estimulou o leva-e-traz de boatos.
Além da convivência forçada,
o que atrapalha a assinatura do
contrato com a Vivo é o fato de
que, nessa equação, a ordem
dos fatores altera -e muito- o
resultado da conta.
De acordo com o que a Folha
apurou, o problema está em
uma possível fusão, no futuro,
de duas operadoras fixas nacionais: a BrT (Brasil Telecom,
que cuida das regiões Norte,
Centro-Oeste e Sul) e a Oi.
Em ambas, Citi, Opportunity
e fundos também são sócios.
A questão que está sobre a
mesa é a seguinte: é melhor
vender a Telemig e a Amazônia
Celular antes de tentar a união
das fixas? Ou a Oi deve incorporar as duas teles e ganhar envergadura para se unir à BrT?
Quem defende o acordo anterior com a Vivo diz que ela
pagaria mais e ofereceria melhores condições de sinergia.
Uma operação simples e de rápida quitação também influenciaria a boa vontade.
Por outro lado, os partidários
da Oi sustentam que a estratégia mais adequada seria a de esperar a Telefónica comprar os
50% que a Portugal Telecom
tem na Vivo. Isso porque a tendência natural seria a de que os
portugueses, com dinheiro no
bolso, comprassem a parte dos
sócios privados da Oi -mais
cara, porque a companhia teria
sido devidamente turbinada.
Para coroar a bagunça, a Claro estaria pouco disposta a
aceitar um avanço tão significativo dos espanhóis no mercado brasileiro. Os mexicanos já
se preparam para uma batalha
jurídica, caso isso aconteça.
Diante desse cenário, onde
rasteiras são possíveis de todos
os lados, fica a pergunta: o valor
entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões é para toda a empresa ou
apenas pelo bloco de controle?
Os minoritários serão pagos
pelo preço de Bolsa? É por
meio de questões como essa
que os partidários da Oi e da
Claro vêm atrasando a assinatura do contrato com a Vivo.
Resta saber por quanto tempo
conseguirão.
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