São Paulo, sábado, 28 de julho de 2007

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Vivo negocia a compra de Telemig e Amazônia Celular

Venda das duas operadoras de telefonia deve ser anunciada nas próximas semanas

Negócio, no entanto, tem várias pendências; Claro e Oi também fizeram propostas pelas empresas, cujos sócios travam disputas internas

JANAÍNA LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A próxima semana deverá ser marcada por novidades na telefonia brasileira, com o anúncio oficial de venda de duas operadoras -a Telemig (Minas Gerais) e a Amazônia Celular.
Na ponta compradora está a Vivo, maior concessionária móvel do país. A empresa pertence à espanhola Telefónica e à Portugal Telecom.
Oficialmente, porém, o processo de venda da Telemig e da Amazônia Celular continua. A Claro, da mexicana América Móvil, e a Oi (ex-Telemar, maior fixa do país) fizeram propostas pelas operadoras.
O dia de ontem foi marcado por muita correria e bate-boca nos bastidores das companhias, após notícias de que a venda das duas teles estaria concluída. O preço teria sido acertado entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões. A negociação das ações das duas teles chegou a ser suspensa temporariamente no pregão ontem, à espera de explicações à Bolsa. Vários desmentidos sobre a operação foram divulgados em seguida.
Segundo a Folha apurou, a notícia da negociação deixou irritados os demais concorrentes. Também pegou de surpresa alguns dos acionistas da Telpart, holding que controla a Telemig e a Amazônia Celular.
Os principais sócios das Telpart são fundos de pensão ligados a estatais, Citigroup e Opportunity. Os três estão enrolados em várias disputas judiciais. Isso reduziu as conversas a uma troca mínima de informações. Por outro lado, estimulou o leva-e-traz de boatos.
Além da convivência forçada, o que atrapalha a assinatura do contrato com a Vivo é o fato de que, nessa equação, a ordem dos fatores altera -e muito- o resultado da conta.
De acordo com o que a Folha apurou, o problema está em uma possível fusão, no futuro, de duas operadoras fixas nacionais: a BrT (Brasil Telecom, que cuida das regiões Norte, Centro-Oeste e Sul) e a Oi.
Em ambas, Citi, Opportunity e fundos também são sócios.
A questão que está sobre a mesa é a seguinte: é melhor vender a Telemig e a Amazônia Celular antes de tentar a união das fixas? Ou a Oi deve incorporar as duas teles e ganhar envergadura para se unir à BrT?
Quem defende o acordo anterior com a Vivo diz que ela pagaria mais e ofereceria melhores condições de sinergia. Uma operação simples e de rápida quitação também influenciaria a boa vontade.
Por outro lado, os partidários da Oi sustentam que a estratégia mais adequada seria a de esperar a Telefónica comprar os 50% que a Portugal Telecom tem na Vivo. Isso porque a tendência natural seria a de que os portugueses, com dinheiro no bolso, comprassem a parte dos sócios privados da Oi -mais cara, porque a companhia teria sido devidamente turbinada.
Para coroar a bagunça, a Claro estaria pouco disposta a aceitar um avanço tão significativo dos espanhóis no mercado brasileiro. Os mexicanos já se preparam para uma batalha jurídica, caso isso aconteça.
Diante desse cenário, onde rasteiras são possíveis de todos os lados, fica a pergunta: o valor entre R$ 3 bilhões e R$ 4 bilhões é para toda a empresa ou apenas pelo bloco de controle? Os minoritários serão pagos pelo preço de Bolsa? É por meio de questões como essa que os partidários da Oi e da Claro vêm atrasando a assinatura do contrato com a Vivo. Resta saber por quanto tempo conseguirão.


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