São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2008

Próximo Texto | Índice

Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Queda no preço do petróleo é temporária, afirmam bancos

Desde o último pico, em 4 de julho, o barril do petróleo negociado em Nova York já caiu 15,16%, sendo vendido a US$ 123,26 na sexta. No entanto, o mercado não deve se animar demais com essa significativa baixa, achando que o movimento de escalada dos preços da commodity se inverterá.
A cotação do produto deve continuar em nível elevado por alguns anos, já que a tendência é a de que a demanda permaneça aquecida, na avaliação do departamento de análises econômicas do banco Itaú. "Tudo que podemos dizer é que estamos diante de uma queda de preço temporária gerada por fatores sazonais, mas os fundamentos sustentam a tendência de longo prazo de alta no preço", diz o departamento, em relatório.
Para os economistas do Bradesco, a baixa observada nos últimos dias se deve ao cenário de desaceleração nos Estados Unidos, a um relativo alívio das tensões geopolíticas no Oriente Médio e a um aumento da margem dos estoques dos países que fazem parte da OCDE (Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico), grupo que reúne 30 países desenvolvidos -grandes consumidores, portanto.
Na opinião dos analistas, ainda haverá bastante volatilidade de cotações no curto prazo e os preços devem seguir altos por conta de restrições do lado da oferta -a Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) não pretende aumentar a produção tão cedo- e em razão das nações emergentes, que experimentam uma fase de crescimento mais pronunciado. "A principal lição a ser tirada do comportamento recente dos preços é a de que a preços próximos de US$ 150 a reação da demanda de fato ocorre, ou seja, talvez esse seja um limite tácito às cotações ditado pelo comportamento do consumo", diz o relatório do Bradesco.
Segundo o estudo do Itaú, o risco de aumento da commodity é ainda maior se a economia global der sinais de recuperação e a norte-americana emergir com sucesso da desaceleração. "Porém, o impacto maior pode acontecer graças à reação dos bancos centrais. Se o preço se mantiver nos atuais patamares, provocará pressões de custo que poderão ser repassadas na cadeia produtiva. Assim, os bancos centrais devem reagir com taxas de juros menos expansivas, levando a uma desaceleração do crescimento mundial maior do que o esperado", diz o relatório do banco.

Empresário vê estabilidade, afirma Godoy

O anúncio de aumento do superávit primário, a alta de juros para combater a inflação e a disposição em priorizar gastos de infra-estrutura para complementar os investimentos privados demonstram que o governo e o Banco Central estão comprometidos com a estabilidade da economia.
A tese é de Tarcisio Godoy, diretor-presidente da Brasilprev, que foi secretário do Tesouro Nacional até meados do ano passado.
"O importante na decisão de investimento do setor privado é a previsibilidade. Na minha opinião, o setor acredita que o governo não vai deixar de tomar as atitudes necessárias para ter a inflação sob controle", diz.
Para o executivo, é a consistência da política macroeconômica que permite que as empresas do país acumulem bons resultados. Godoy diz que a confiança na economia alavancou os negócios de previdência privada da empresa que comanda.
Em junho, a Brasilprev alcançou a marca de R$ 18 bilhões de ativos sob sua gestão. No primeiro semestre, a arrecadação da empresa cresceu 31% ante 2007.

CONFIANÇA
A 7ª edição da pesquisa Marcas de Confiança, da revista "Seleções do Readers Digest" e do Ibope, apontou a Nestlé como a marca de maior confiança do brasileiro, com citação de 18% dos entrevistados. A pesquisa é feita com quase 2 milhões de leitores da revista. O segundo lugar ficou com a Petrobras, com 12% dos votos. Na categoria executivo, o vencedor foi Pedro Passos, da Natura, com 73% dos votos.

TROFÉU
O estudo da "Seleções" e do Ibope também apurou a confiança dos brasileiros em 45 categorias de produtos, além de profissões e instituições. Todos os vencedores serão conhecidos na festa de entrega dos troféus, no dia 2 de setembro, em São Paulo.

NO CAMPO
A GCT Bio (de biotecnologia) anuncia unidade de semi-escalonamento de enzimas para processos tecnológicos do agronegócio. A iniciativa foi revelada em encontro organizado pelo Ministério do Desenvolvimento e pela ABDI, em SP. O projeto, de R$ 20 milhões, é financiado pela empresa e pela Finep (Financiadora de Estudos e Projetos).

AMBIENTE
MG TERCEIRIZA TÉCNICOS PARA AGILIZAR LICENÇA

O governo de Minas Gerais publicou edital de credenciamento de interessados em prestar serviços para o Sisema (Sistema Estadual de Meio Ambiente). O objetivo é terceirizar a análise de pedidos de concessões ambientais. Segundo Luiz Guilherme Brandão, superintendente de planejamento e modernização da Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, só no Instituto Mineiro de Gestão das Águas há cerca de 3.000 processos de outorga para uso de recursos hídricos na fila. "A meta é acabar com a demanda parada."

ANÁLISE
RÚSSIA ATRAI OFERTA EM VAREJO E INFRA-ESTRUTURA

Para as empresas ocidentais, a campanha de investimentos do governo e das empresas russas representa oportunidade única para entrar nesse mercado atraente, diz análise da Roland Berger Strategy Consultants. Roland Berger, fundador da companhia, afirma que os setores de infra-estrutura, varejo e turismo são os mais atraentes. Segundo a consultoria, estão planejados investimentos de US$ 96 bilhões para os próximos três anos. O PIB da Rússia cresceu a uma média anual de 6,6% nos últimos sete anos. Em relação ao varejo, em cinco anos, o crescimento anual foi de 23,1% -a consultoria prevê que o número diminua para 11,7% até 2010.

com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI e DENYSE GODOY



Próximo Texto: Resistência de China e Índia travam OMC
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.