São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2008

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FolhaInvest

Aplicação com juros fica mais atrativa

Destaques no ano, investimentos como o CDB e a renda fixa vão ganhar fôlego com elevação mais intensa da taxa Selic

Bolsa atravessa período com perdas e incertezas; analista defende que baixa do mercado fez com que boas ações ficassem baratas


DA REPORTAGEM LOCAL

A intensificação no processo de aumento da taxa básica da economia vai elevar ainda mais a atratividade de aplicações financeiras que acompanham a oscilação dos juros. Fundos DI e de renda fixa, CDBs e títulos públicos, que já têm se destacado no ano, podem se tornar ainda mais rentáveis.
Na outra ponta, o mercado acionário atravessa um momento bastante turbulento, com perdas substanciais nas últimas semanas. Os analistas não podem afirmar com precisão se a Bovespa ainda vai cair muito. Mas, de qualquer forma, há quem defenda que as quedas recentes têm aberto boas oportunidades para comprar ações, que ficaram baratas.
No acumulado deste ano, as aplicações de renda de fixa já são destaque de rentabilidade, com ganhos médios acumulados acima dos 6%. Já a Bovespa sofre com desvalorização superior a 10%.
"Para quem tem dinheiro novo para aplicar, em meio a essa volatilidade que está na Bolsa, creio que a tendência é acabar por preferir a renda fixa. Investir em juros é muito mais confortável neste momento, pois as taxas, que já estão altas, vão subir ainda mais", afirma Carlos Cintra, gerente de renda fixa do Banco Prosper.
A taxa Selic, referência para os juros praticados no mercado, foi elevada de 12,25% para 13% ao ano na semana passada. O mercado prevê que a Selic possa alcançar 15% até o fim do ano. Nesse cenário, os juros pagos por CDBs e fundos de renda fixa e DI tendem a crescer.
Cintra destaca que pode ser interessante para o investidor pensar em CDBs e títulos públicos, que podem ser comprados via Tesouro Direto.
"Há opções interessantes em CDBs e títulos do Tesouro que têm custos menos pesados que os fundos, que cobram taxas de administração", diz Cintra.
Os fundos de varejo, destinados a um público mais amplo e com menos recursos para aplicar, costumam cobrar taxas de administração mais elevadas, que podem rondar os 3% ou 4% ao ano. Para uma aplicação que renda em torno de 14%, essa taxa pode ter um impacto relevante na rentabilidade final.
Como as taxas de administração são livres é sempre importante o investidor prestar atenção nelas. Em uma mesma instituição é possível encontrar taxas distintas em fundos similares. Assim, pesquisar e comparar é fundamental.
Além disso, as rentabilidades pagas por cada fundo variam, dependendo das características dos títulos que o gestor adquire para formar a carteira -como as diferenças de prazos, se são públicos ou privados etc.

Oportunidades
Para Marco Franklin, sócio-diretor da Paraty Investimentos, a queda da Bolsa nas últimas semanas abriu oportunidades de boas compras.
Desde o seu pico de 73.516 pontos registrado em 20 de maio, o índice Ibovespa, que reúne as 66 ações brasileiras de maior liquidez, acumula desvalorização de 22,2%.
"Houve uma liquidação de ativos. Assim, pode ser um bom momento para pensar em comprar ações. Algumas empresas estão com papéis bem baratos, como a própria Petrobras e a Vale", avalia Franklin. "Um investidor que quer participar da Bolsa pode ter uma boa oportunidade agora."
As duas ações mais populares da Bolsa, as de Petrobras e Vale, estão com perdas muito fortes em 2008. A ação PNA da Vale amarga baixa de 26,13% no ano; e a PN da Petrobras tem queda de 21,45%.
Como o mercado ainda está muito instável, é sempre bom que o investidor que comprar ações ou aplicar em um fundo de ações pense no longo prazo. A pessoa que não está acostumada com o sobe-e-desce do mercado acionário pode se assustar ainda mais com o atual momento, em que pregões de perdas têm se sucedido.
O que analistas afirmam é que as companhias brasileiras de capital aberto, de um modo geral, atravessam um período de bons resultados, marcado por lucros crescentes. É a crise internacional que tem punido a Bolsa de Valores.
Parte relevante da queda sofrida pelas ações nas últimas semanas se explica pela saída recorde de capital externo da Bovespa, processo iniciado em junho e que tem se estendido neste mês. Com os prejuízos amargados lá fora, investidores estrangeiros têm optado por embolsar ganhos acumulados com ações brasileiras. Como muita gente tem vendido os papéis das companhias locais, os preços das ações caem, sem que isso signifique que as empresas estejam com resultados ruins.
(FABRICIO VIEIRA)



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