São Paulo, segunda-feira, 28 de julho de 2008

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KKR prepara operação para fazer sua estréia na Bolsa de Nova York

Gigante de "private equity" pode entrar na Bolsa com valor de até US$ 15 bi

DA REPORTAGEM LOCAL

Em meio ao turbulento cenário que tem abalado o mercado financeiro internacional, o fundo norte-americano KKR, um dos maiores do planeta de "private equity" (de participações em empresas), prepara-se para finalmente fazer sua estréia na Bolsa de Nova York.
A expectativa é que o valor de mercado da empresa alcance algo entre US$ 12 bilhões e US$ 15 bilhões.
O KKR (Kohlberg Kravis Roberts & Co.) deve anunciar, na manhã de hoje, antes da abertura do mercado europeu, os seus planos. Segundo o jornal "Financial Times", a primeira fase da operação irá englobar a KPE (KKR Private Equity), companhia formada em abril de 2006 para fornecer capital complementar para os fundos privados patrocinados pela KKR. A KPE está listada na Euronext Amsterdã.
A KKR aproveitaria a depreciação das ações da KPE para comprar os papéis e tirar a companhia de pregão. Depois disso, fundiria suas operações, sendo que os acionistas da KPE ficariam com 21% da nova companhia, e a KKR, com os outros 79%. Depois dessa etapa, a KKR estaria pronta para fazer o lançamento de suas ações na Bolsa de Nova York. A expectativa é que a operação seja concluída ainda no quarto trimestre deste ano.
Há cerca de um ano, o mercado esperava pelo IPO (oferta inicial de ações) do KKR. A expectativa era a de que a companhia conseguisse captar ao menos US$ 1,25 bilhão com a sua abertura de capital. Mas o recrudescimento da crise de crédito hipotecário norte-americano -que tem abalado o mercado financeiro e levado prejuízos aos investidores- fez com que a operação acabasse por ser engavetada.
Um dos principais concorrentes do KKR, o fundo de "private equity" Blackstone, abriu seu capital no ano passado. Com o seu IPO, o Blackstone conseguiu levantar o equivalente a US$ 4,1 bilhões.
Os fundos de "private equity" investem em participações em empresas fechadas e costumam comprar companhias com dificuldade financeira, mas que tenham representatividade no mercado.
Dentre os negócios recentes feitos pelo KKR destacou-se sua tentativa de adquirir, em março passado, o Bear Stearns, então o quinto maior banco de investimento dos Estados Unidos. A instituição acabou sendo comprada pelo banco JP Morgan Chase.
Em abril do ano passado, o KKR movimentou o mercado ao anunciar o fechamento de um acordo para adquirir a maior firma de processamento de pagamentos de cartões de crédito do mundo, a First Data, em operação que movimentou US$ 29 bilhões.
O KKR chegou a entrar neste ano na disputa do leilão pela Cesp (Companhia Energética de São Paulo), mas acabou desistindo de participar da operação na reta final.

Frustração
No lançamento das ações da KPE em abril de 2006, a demanda foi tão expressiva que a oferta inicial acabou sendo elevada de US$ 1,5 bilhão para US$ 5 bilhões. O preço do papel em sua estréia ficou em US$ 25.
Mas a crise internacional, que se arrasta e pune as Bolsas de Valores pelo mundo há mais de um ano, afetou consideravelmente as ações da KPE. Hoje, os papéis rondam os US$ 10 -o que representa uma depreciação em torno de 60% desde sua estréia no mercado, há pouco mais de dois anos.
Esse resultado decepcionante da KPE no mercado acionário pode ter sido decisivo para os executivos da KKR decidirem tirar o papel do pregão europeu e desembarcar na Bolsa de Nova York.


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