São Paulo, terça, 28 de julho de 1998

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COMBUSTÍVEIS
Queda estimada pelo governo é decorrente da nova estrutura de tarifas; ministro nega interesse eleitoral
Preço da gasolina deverá cair até 3%

da Sucursal de Brasília

O governo anunciou ontem uma nova estrutura de tarifas de combustíveis que deverá provocar uma queda entre 2,5% e 3% nos preços da gasolina. O óleo diesel deve baixar entre 2,9% e 3,6%.
Segundo o ministro Raimundo Brito (Minas e Energia), a queda dos preços da gasolina ao consumidor deverá começar ainda nesta semana. A nova tarifa do óleo diesel entra em vigor à zero hora de amanhã.
Embora a redução dos preços dos combustíveis ocorra a pouco mais de três meses das eleições, Brito negou que uma coisa tenha relação com a outra.
"Isso (a ligação entre a queda de preços e a campanha eleitoral) é uma bobagem que não resiste a uma análise mais profunda", disse o ministro.
Os custos da redução dos preços dos combustíveis serão arcados pelo Tesouro Nacional, que verá sua dívida com a Petrobrás ser amortizada em ritmo mais lento.
No caso da gasolina, o governo reduziu o preço apenas do produto vendido pelas refinarias. Essa queda é de 4,4%.

Preço livre
Os preços cobrados pelos distribuidores e pelos postos de combustíveis são livres. Ou seja, a redução entre 2,5% e 3% nos preços aos consumidores dependerá da manutenção das atuais margens de lucro dos distribuidores e dos postos de combustível.
Se essas empresas aumentarem suas margens de lucro, a queda poderá ser menor que os percentuais estimados pelo governo.
O presidente da Petrobrás, Joel Rennó, disse que a BR Distribuidora deverá repassar integralmente os ganhos ao consumidor. Brito disse que outras distribuidoras já comunicaram que terão o mesmo comportamento.
No caso do óleo diesel, está assegurada a redução do preço ao consumidor, pois o preço na bomba é tabelado pelo governo.
O percentual de redução dos combustíveis será diferente em cada região do país, de acordo com os custos de frete.
Assim, o preço do óleo diesel cairá 3,3% em São Paulo, 3,4% no Rio de Janeiro e em Brasília e apenas 2,9% em Palmas (TO).
O governo não divulgou estimativas para os preços da gasolina em cada região, calculando apenas uma redução entre 2,5% e 3%.
A partir de agora, começa a vigorar uma nova estrutura de tarifas de combustíveis, que fará os preços desses produtos flutuarem de acordo com os preços do petróleo no mercado internacional.
Mensalmente, o governo fará uma avaliação dos preços internacionais do petróleo, ajustando os preços cobrados do consumidor -para cima ou para baixo.
Brito garantiu que nos próximos seis meses os preços ao consumidor não subirão, a não ser, segundo ele, que ocorra uma "tragédia internacional".
O ministro afirmou que a atual estrutura de preços incorpora um "pulmão" para absorver pequenas variações nos preços internacionais de petróleo.

Ônus do Tesouro
O presidente da Petrobrás confirmou ontem que a dívida do Tesouro com a estatal será reduzida mais devagar devido à queda dos preços do combustível. "Continua (a amortização da dívida) em ritmo diferente."
A dívida foi estimada pela Petrobrás em R$ 6 bilhões em seu balancete de março passado. Hoje ela está em avaliada em cerca de R$ 5,2 bilhões, segundo Rennó.
O ritmo de redução dessa dívida mede o ônus que o Tesouro vai arcar com a queda dos preços dos combustíveis. Atualmente, a dívida vinha sendo paga em uma média de US$ 250 milhões por mês.
O governo não divulgou qual será o ritmo de amortização da dívida daqui por diante. Brito disse que não poderia dizer o valor porque, segundo ele, trata-se de um dado sigiloso.



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