São Paulo, quarta-feira, 28 de agosto de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Dinheiro do BC chega caro para exportador

FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

As linhas para exportação que o Banco Central tem leiloado têm chegado aos clientes com preços muito acima do esperado pelo mercado quando a operação foi anunciada pelo governo.
Corretoras de câmbio -que intermedeiam as operações entre bancos e exportadores- reclamam que, de um modo geral, as taxas que os bancos pedem para repassar as linhas do BC estão exageradamente elevadas.
No leilão de ontem, o BC vendeu US$ 96,5 milhões em linhas para exportação a uma taxa de 4% ao ano. No mercado, havia bancos que pediam "spreads" superiores a 6 pontos percentuais, segundo operadores. Ou seja, chegavam a pedir a um cliente interessado em crédito para exportação taxas acima de 10% anuais, tendo pago 4%. "Spread" é a diferença entre o juro que o banco paga e o que recebe ao conceder crédito. A expectativa do mercado, quando o BC iniciou os leilões de linhas de exportação, na última sexta, era de que o "spread" ficasse em torno de 1 ponto percentual.
"Mesmo antes do leilão [de ontem" havia bancos que já avisavam que pediriam "spreads" de 4, 5 ou mais pontos percentuais para repassar as linhas", afirma a diretora de câmbio da corretora AGK, Miriam Tavares.
Nos primeiros meses do ano, antes de o problema da seca de linhas de crédito se agravar, era possível contratar a mesma operação com uma taxa anual em torno de 4%.
Mário Battistel, diretor de câmbio da corretora Novação, afirma que em consultas feitas a cinco instituições financeiras ontem, apenas uma delas ofertava linhas com um "spread" em torno de 1 ponto percentual. "Todas as outras pediram "spreads" entre 4 e 6 pontos percentuais. Não dá para aconselhar o cliente a fechar uma operação com taxas de juros dessa magnitude", diz Battistel.

Menor procura
Nos três leilões que o BC já realizou, a demanda pelos lotes tem caído. Analistas avaliam que isso demonstra que as instituições financeiras não têm encontrado a facilidade que esperavam para repassar as linhas de crédito com taxas tão elevadas.
"Quem aceita pagar juros desse tamanho são as empresas menores, que não encontram nenhuma outra forma", afirma Battistel.
Na sexta, para os US$ 200 milhões vendidos, a demanda alcançou os US$ 498,35 milhões. Na segunda, para os US$ 100 milhões ofertados no primeiro dos dois leilões realizados no dia, a demanda foi de US$ 196 milhões. Ontem a demanda foi de apenas US$ 107,5 milhões para o lote de US$ 100 milhões ofertado.

Emergência
O BC começou a realizar leilões de linhas de crédito destinadas a financiar empresas exportadoras na última sexta. A intenção é ofertar, ao menos, US$ 2 bilhões, que saem das reservas internacionais do país. As empresas exportadoras necessitam de recursos para financiar a produção e o embarque de suas mercadorias para o mercado externo.
Os bancos que adquirem as linhas nos leilões têm 180 dias para pagar o BC. Os recursos devem ser repassados para os exportadores em até cinco dias.


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Após 2 dias em queda, dólar sobe
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.