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Dinheiro do BC chega caro para exportador
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
As linhas para exportação que o
Banco Central tem leiloado têm
chegado aos clientes com preços
muito acima do esperado pelo
mercado quando a operação foi
anunciada pelo governo.
Corretoras de câmbio -que intermedeiam as operações entre
bancos e exportadores- reclamam que, de um modo geral, as
taxas que os bancos pedem para
repassar as linhas do BC estão
exageradamente elevadas.
No leilão de ontem, o BC vendeu US$ 96,5 milhões em linhas
para exportação a uma taxa de 4%
ao ano. No mercado, havia bancos que pediam "spreads" superiores a 6 pontos percentuais, segundo operadores. Ou seja, chegavam a pedir a um cliente interessado em crédito para exportação taxas acima de 10% anuais,
tendo pago 4%. "Spread" é a diferença entre o juro que o banco paga e o que recebe ao conceder crédito. A expectativa do mercado,
quando o BC iniciou os leilões de
linhas de exportação, na última
sexta, era de que o "spread" ficasse em torno de 1 ponto percentual.
"Mesmo antes do leilão [de ontem" havia bancos que já avisavam que pediriam "spreads" de 4,
5 ou mais pontos percentuais para repassar as linhas", afirma a diretora de câmbio da corretora
AGK, Miriam Tavares.
Nos primeiros meses do ano,
antes de o problema da seca de linhas de crédito se agravar, era
possível contratar a mesma operação com uma taxa anual em torno de 4%.
Mário Battistel, diretor de câmbio da corretora Novação, afirma
que em consultas feitas a cinco
instituições financeiras ontem,
apenas uma delas ofertava linhas
com um "spread" em torno de 1
ponto percentual. "Todas as outras pediram "spreads" entre 4 e 6
pontos percentuais. Não dá para
aconselhar o cliente a fechar uma
operação com taxas de juros dessa magnitude", diz Battistel.
Menor procura
Nos três leilões que o BC já realizou, a demanda pelos lotes tem
caído. Analistas avaliam que isso
demonstra que as instituições financeiras não têm encontrado a
facilidade que esperavam para repassar as linhas de crédito com taxas tão elevadas.
"Quem aceita pagar juros desse
tamanho são as empresas menores, que não encontram nenhuma
outra forma", afirma Battistel.
Na sexta, para os US$ 200 milhões vendidos, a demanda alcançou os US$ 498,35 milhões. Na segunda, para os US$ 100 milhões
ofertados no primeiro dos dois
leilões realizados no dia, a demanda foi de US$ 196 milhões. Ontem
a demanda foi de apenas US$
107,5 milhões para o lote de US$
100 milhões ofertado.
Emergência
O BC começou a realizar leilões
de linhas de crédito destinadas a
financiar empresas exportadoras
na última sexta. A intenção é ofertar, ao menos, US$ 2 bilhões, que
saem das reservas internacionais
do país. As empresas exportadoras necessitam de recursos para financiar a produção e o embarque
de suas mercadorias para o mercado externo.
Os bancos que adquirem as linhas nos leilões têm 180 dias para
pagar o BC. Os recursos devem
ser repassados para os exportadores em até cinco dias.
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