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São Paulo, quinta-feira, 28 de agosto de 2003

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PETRÓLEO

Em viagem à Venezuela, presidente sinaliza que Estado para abrigar projeto de até US$ 2 bi teria sido escolhido

Lula acena com refinaria em Pernambuco

ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A CARACAS

Está praticamente certo entre os governos do Brasil e da Venezuela e as empresas dos dois países que a nova refinaria brasileira será instalada em Pernambuco.
O anúncio do Estado escolhido não foi feito publicamente durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Venezuela, na terça-feira, por uma questão política: Lula não quer criar atritos com os demais governadores no momento em que negocia mudanças na proposta da reforma tributária.
Segundo o presidente da empresa Renor (Refinaria do Nordeste), Gilberto Prado, a decisão não só está tomada como faz parte de dois documentos divulgados durante a visita de Lula ao país. Prado integra a comitiva de cerca de 40 empresários brasileiros que cumpriu programa paralelo à viagem presidencial.
A Renor foi criada em 98, no Ceará, por empresários interessados em investir em uma eventual refinaria no Estado. Depois, associou-se ao governo pernambucano com o mesmo fim.
Segundo o empresário, que trabalha no projeto da refinaria há quatro anos, a declaração conjunta assinada por Lula e pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, deixa implícita a opção por Pernambuco. Em seu 12º item, a declaração cita especificamente a Renor, disse Prado.
O outro documento é o divulgado pelos empresários, que estiveram na Venezuela pela Câmara Binacional de Comércio Brasil-Venezuela. Ali está expressa a defesa da implantação do projeto em Pernambuco.
Conforme a Folha apurou, o assunto foi discutido por Lula com o ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, durante o vôo entre Lima e Caracas, na madrugada de terça. Os demais integrantes da comitiva que estavam no vôo desaconselharam Lula a citar Pernambuco.
Motivo: a prioridade do governo, neste momento, é aprovar as reformas constitucionais. Uma delas, a tributária, depende diretamente da boa vontade dos governadores e não convém agradar a um [o governador Jarbas Vasconcelos, do PMDB] e desagradar aos outros.
Ficou estabelecido que haveria uma referência genérica ao projeto, sem citar o Estado. E assim foi feito pelos presidentes. Passadas as votações das reformas, deverá haver o anuncio formal.
A nova refinaria deverá processar o chamado petróleo extra-pesado, que hoje é exportado por falta de instalações específicas para seu refino. Os Estados que disputam a empresa são Pernambuco, Ceará, Sergipe, Rio Grande do Norte, Maranhão, Rio, São Paulo e Espírito Santo.

Custos
O projeto inclui investimentos da Petrobras e da PDVSA, a estatal de petróleo da Venezuela, mas a participação venezuelana será minoritária na nova refinaria.
Alem disso, como o investimento terá forte participação privada, Prado disse ontem que o governo pode, simplesmente, deixar o anúncio para o setor empresarial, sem comprometer suas relações politicas com governadores e bases politicas no Congresso.
A refinaria deve estar concluída entre 2006 e 2007. Os custos de construção são estimados entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões. A produção estimada deverá ser de 150 mil barris diários.
Em maio, o presidente Lula disse que a escolha do Estado que abrigará a nova refinaria de petróleo seria influenciada por questões políticas, não só por aspectos econômicos e estratégicos de localização.


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