|
Texto Anterior | Índice
PETRÓLEO
Em viagem à Venezuela, presidente sinaliza que Estado para abrigar projeto de até US$ 2 bi teria sido escolhido
Lula acena com refinaria em Pernambuco
ELIANE CANTANHÊDE
ENVIADA ESPECIAL A CARACAS
Está praticamente certo entre os
governos do Brasil e da Venezuela
e as empresas dos dois países que
a nova refinaria brasileira será
instalada em Pernambuco.
O anúncio do Estado escolhido
não foi feito publicamente durante a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva à Venezuela, na
terça-feira, por uma questão política: Lula não quer criar atritos
com os demais governadores no
momento em que negocia mudanças na proposta da reforma
tributária.
Segundo o presidente da empresa Renor (Refinaria do Nordeste), Gilberto Prado, a decisão
não só está tomada como faz parte de dois documentos divulgados
durante a visita de Lula ao país.
Prado integra a comitiva de cerca
de 40 empresários brasileiros que
cumpriu programa paralelo à viagem presidencial.
A Renor foi criada em 98, no
Ceará, por empresários interessados em investir em uma eventual
refinaria no Estado. Depois, associou-se ao governo pernambucano com o mesmo fim.
Segundo o empresário, que trabalha no projeto da refinaria há
quatro anos, a declaração conjunta assinada por Lula e pelo presidente da Venezuela, Hugo Chávez, deixa implícita a opção por
Pernambuco. Em seu 12º item, a
declaração cita especificamente a
Renor, disse Prado.
O outro documento é o divulgado pelos empresários, que estiveram na Venezuela pela Câmara
Binacional de Comércio Brasil-Venezuela. Ali está expressa a defesa da implantação do projeto
em Pernambuco.
Conforme a Folha apurou, o assunto foi discutido por Lula com
o ministro do Desenvolvimento,
Luiz Fernando Furlan, durante o
vôo entre Lima e Caracas, na madrugada de terça. Os demais integrantes da comitiva que estavam
no vôo desaconselharam Lula a
citar Pernambuco.
Motivo: a prioridade do governo, neste momento, é aprovar as
reformas constitucionais. Uma
delas, a tributária, depende diretamente da boa vontade dos governadores e não convém agradar
a um [o governador Jarbas Vasconcelos, do PMDB] e desagradar
aos outros.
Ficou estabelecido que haveria
uma referência genérica ao projeto, sem citar o Estado. E assim foi
feito pelos presidentes. Passadas
as votações das reformas, deverá
haver o anuncio formal.
A nova refinaria deverá processar o chamado petróleo extra-pesado, que hoje é exportado por
falta de instalações específicas para seu refino. Os Estados que disputam a empresa são Pernambuco, Ceará, Sergipe, Rio Grande do
Norte, Maranhão, Rio, São Paulo
e Espírito Santo.
Custos
O projeto inclui investimentos
da Petrobras e da PDVSA, a estatal de petróleo da Venezuela, mas
a participação venezuelana será
minoritária na nova refinaria.
Alem disso, como o investimento terá forte participação privada,
Prado disse ontem que o governo
pode, simplesmente, deixar o
anúncio para o setor empresarial,
sem comprometer suas relações
politicas com governadores e bases politicas no Congresso.
A refinaria deve estar concluída
entre 2006 e 2007. Os custos de
construção são estimados entre
US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões. A
produção estimada deverá ser de
150 mil barris diários.
Em maio, o presidente Lula disse que a escolha do Estado que
abrigará a nova refinaria de petróleo seria influenciada por questões políticas, não só por aspectos
econômicos e estratégicos de localização.
Texto Anterior: Instituto quer montar índice nacional Índice
|