São Paulo, quinta-feira, 28 de agosto de 2008

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Olavo Setubal morre aos 85 anos

Patriarca da família controladora do Itaú, 3º maior banco do país, estava internado havia 30 dias

Empresário apostou na expansão bancária por meio de fusões e aquisições, no atendimento eletrônico e na segmentação de clientes

Ana Ottoni - 9.ago.06/Folha Imagem
Olavo Setubal, durante entrevista à Folha em 2006, em seu escritório em SP; o banqueiro morreu ontem de insuficiência cardíaca

DA REPORTAGEM LOCAL

Morreu ontem aos 85 anos em São Paulo o empresário Olavo Egydio Setubal, patriarca da família controladora do grupo Itaú, dono do segundo maior banco privado no país.
O empresário morreu ontem, às 8h15, de insuficiência cardíaca. Ele estava internado havia 30 dias no hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
Afastado do dia-dia do banco desde 1988, quando o filho Roberto assumiu o comando do Itaú, Olavo Setubal presidia o conselho de administração do banco e da Itaúsa, a holding que reúne os diferentes negócios do grupo, que incluem também Itautec, Deca e Duratex.
A família tem hoje 34,22% da holding Itaúsa, dividida quase ao meio entre os ramos Villela -representado por Milú Villela e seus sobrinhos- e Setubal.
O velório ocorreu desde a tarde de ontem no saguão do centro empresarial Itaúsa, onde até dois meses atrás o empresário ainda aparecia regularmente, e reuniu empresários, políticos, dirigentes do setor financeiro, funcionários e familiares.
O corpo será cremado hoje após cerimônia restrita à família em São Paulo. Olavo Setubal deixa a mulher Daisy, sete filhos e 19 netos.

Engenheiro e banqueiro
Engenheiro formado pela Escola Politécnica da USP, em 1945, Setubal se tornou um dos banqueiros de maior reconhecimento no país e depois no exterior após a internacionalização do grupo, iniciada nos anos 1980. O banco tem hoje presença relevante nos varejos de Argentina, Uruguai e Chile, além de atuar em Portugal, EUA, Reino Unido, Luxemburgo, Japão e China, entre outros.
Sob sua gestão, Setubal levou o Itaú de uma influência restrita ao Estado de São Paulo, até o início dos anos 1960, ao posto de segundo maior banco privado do país, já nos anos 1970. Criou ainda o primeiro banco de investimento do país, o Banco Federal Itaú de Investimentos, após a reforma na lei bancária de 1965.
Foi o maior incentivador da expansão bancária no país por meio de fusões e aquisições, sendo a última grande aquisição a dos ativos latino-americanos do Bank of America, no início de 2006, que permitiu a incorporação do BankBoston.
O banqueiro também foi entusiasta dos serviços on-line, introduzindo os primeiros caixas eletrônicos no país ainda em 1981. Apostou na segmentação da clientela por faixa de renda, com a atribuição de estrelas, que depois popularizou o negócio que se tornou o cheque especial brasileiro.
Em 1995, após a compra do BFB (Banco Francês e Brasileiro), o banco criou a bandeira Itaú Personnalité, que inspirou o atendimento e serviços diferenciados para alta renda.
O Itaú emprega hoje cerca de 69 mil pessoas, em mais de 2.500 agências, e atende um público de 24 milhões de clientes. Entre os bancos brasileiros, lidera nos segmentos de alta renda, gestão de fortunas, cartões, financiamento de veículos e grandes empresas.
Segundo a consultoria Economática, o Itaú tinha ontem um valor em Bolsa estimado em US$ 53,021 bilhões, o oitavo maior entre os bancos das Américas.
Em 2004, a revista "The Banker", especializada em sistema financeiro e que elabora ranking internacional de instituições do setor, elegeu o Itaú o "melhor banco brasileiro".
Olavo Setubal entrou na vida pública pelas mãos do então governador Paulo Egydio Martins, em 1975, quando assumiu a Prefeitura de São Paulo. Na cidade, redefiniu o plano viário, canalizou rios e foi o responsável pelos bulevares fechados a veículos do centro velho.
Voltou novamente à política em 1985, quando foi nomeado ministro de Relações Exteriores do governo José Sarney. Ele teria sido sondado por Tancredo Neves, então presidente eleito, para assumir o Ministério da Fazenda.
Setubal retirou-se da vida pública em 1986, quando perdeu a convenção do então PFL (Partido da Frente Liberal) para se candidatar ao governo paulista.


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