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Dívida pública cresce após queda no aperto fiscal do governo
Economia de União, Estados, municípios e estatais para abater débitos foi de 1,76% do PIB em 12 meses, a menor desde 2001
Para o BC, movimento era esperado diante da crise, que reduziu a atividade econômica e motivou políticas de desonerações
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A dívida pública registrou aumento pelo oitavo mês seguido
em julho, impulsionada pela
queda no ajuste fiscal promovido pelo governo.
Afetado pela menor arrecadação de impostos e pelas medidas de estímulo à economia, o
superavit primário (economia
feita pelo governo para abater
parcelas de seu endividamento) acumulado por União, Estados, municípios e estatais atingiu o menor nível desde 2001,
quando teve início a série estatística mantida pelo Banco
Central.
Segundo os dados do BC, no
mês passado o endividamento
do setor público somava
R$ 1,28 trilhão, valor que corresponde a aproximadamente
R$ 6.700 por habitante. Normalmente, esse saldo é comparado com o PIB (Produto Interno Bruto) para que se avalie a
capacidade do país em gerar riquezas suficientes para honrar
seus compromissos.
Em julho, a relação entre dívida e PIB estava em 44,1%, nível mais alto desde outubro de
2007. No terceiro trimestre do
ano passado, antes do agravamento da crise financeira, essa
proporção estava em 40%.
De lá para cá, alguns fatores
contribuíram para a elevação.
Um deles foi a queda no superavit primário. Entre janeiro e julho, esse resultado ficou em
R$ 38,4 bilhões, queda de
58,6% em relação ao mesmo
período do ano passado.
Nos últimos 12 meses, o superavit acumulado correspondeu a 1,76% do PIB, o mais baixo desde 2001 e cada vez mais
distante da meta de 2,5% estabelecida pelo governo. Até fevereiro passado, esse indicador
estava em 3,03%.
O chefe do Departamento
Econômico do BC, Altamir Lopes, minimiza o significado
desse movimento e diz que a
queda no superavit primário já
era esperada.
"O que estamos vendo são resultados coerentes com um nível de atividade mais baixo e
com as desonerações promovidas pelo governo", afirma.
Para que a meta do governo
seja cumprida, porém, Lopes
confia na reversão de uma tendência que se observa desde a
implantação do programa de
estabilização fiscal, no fim de
1997. Em geral, o superavit do
setor público é mais alto no começo do ano, já que no final do
ano os gastos costumam ser
maiores, devido a despesas como o pagamento do 13º salário
a servidores públicos e aposentados do INSS.
Entre janeiro e julho do ano
passado, por exemplo, o setor
público já havia acumulado
87% do superavit primário que
seria obtido ao longo de 2008.
Caso o padrão se repita neste
ano, a meta não será cumprida.
Juros
O impacto da queda do superavit primário na dívida pública
foi parcialmente compensado
pelo menor gasto com juros,
proporcionado pela redução da
taxa Selic ocorrida desde janeiro. De lá para cá, a taxa, que remunera 67% do endividamento
do setor público, caiu de 13,75%
ao ano para 8,75%.
Com isso, os gastos públicos
com juros somaram R$ 95,11
bilhões entre janeiro e julho
deste ano, o que correspondeu
a 5,56% do PIB. No mesmo período do ano passado, essa proporção estava em 6,54%.
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