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Governo recusa prazo maior para discutir lei
VALDO CRUZ
LETÍCIA SANDER
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Apesar do pedido de representantes de petrolíferas, a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil) disse ontem a eles que o governo não abrirá mão de enviar
os projetos com a nova Lei do
Petróleo com pedido de urgência constitucional. Motivo: não
deseja que a votação do tema fique para o próximo ano, de
campanha eleitoral.
Dilma se reuniu ontem com
diretores do IBP (Instituto
Brasileiro de Petróleo e Gás),
integrado pelas principais petrolíferas que atuam no país,
depois das queixas de que não
estavam sendo ouvidos pelo governo na elaboração das novas
regras do setor.
Durante a reunião, que durou cerca de duas horas, eles se
queixaram principalmente da
tramitação em regime de urgência dos projetos e da definição de que a Petrobras será a
única operadora do pré-sal.
Segundo eles, o ideal é que
houvesse mais tempo para discutir o assunto pelo menos no
Congresso, o que não será possível com o regime de urgência
constitucional. Nele, os projetos têm prazo de 45 dias para
tramitar na Câmara, e igual período no Senado. Caso isso não
aconteça, a pauta das duas Casas fica trancada.
Discussão
Na saída do encontro, do qual
participou também o ministro
Edison Lobão (Minas e Energia), o presidente do IBP, José
Carlos De Luca, disse que os
projetos são "bastante delicados" e que deveria haver mais
tempo para a discussão.
"Entendemos que é um projeto bastante delicado, que requer uma discussão ampla com
todos os setores da sociedade, e
os prazos para o projeto de urgência são bastante apertados.
Esse é o principal ponto que
nos preocupa. A própria comissão, pela dificuldade de definir
o modelo, levou 14 meses discutindo o assunto", afirmou.
Os empresários também não
tiveram sucesso nas queixas de
que a Petrobras será a operadora única do pré-sal.
Eles argumentaram que essa
regra levará a um "excesso de
concentração" no setor de
energia, que pode desestimular
a redução de custo.
Dilma e Lobão, contudo, disseram que essa questão já está
definida e fará parte dos projetos que serão encaminhados ao
Congresso na próxima terça-feira. Sobre a mudança no modelo de exploração, de concessão para partilha, os empresários disseram aos ministros que
preferiam a manutenção do
primeiro, mas que a nova regra
não fará que eles desistam de
investir no país.
"Nossa ideia original é a manutenção do contrato de concessão. Mas a indústria trabalha internacionalmente com o
modelo de partilha", disse ele,
acrescentando: "Tínhamos a
expectativa de ser ouvidos antes, mas acreditamos que o governo, enquanto não fechou a
sua proposta, não quis abrir a
discussão. E não aconteceu só
conosco. Se outros setores tivessem sido ouvidos e nós não,
aí seria mais difícil".
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