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TRIBUTAÇÃO
Pedro Parente diz que receita com base nessa alíquota está prevista no Orçamento para o ano 2000
Governo quer manter o IR de 27,5%
VALDO CRUZ
Diretor-executivo da Sucursal de Brasília
VIVALDO DE SOUSA
da Sucursal de Brasília
A divulgação, na próxima semana, do Orçamento da União
para 2000 incluirá a proposta de
prorrogação do adicional de 10%
no Imposto de Renda para quem
ganha mais de R$ 1.800 e do Fundo de Estabilização Fiscal.
A informação foi dada à Folha
pelo ministro Pedro Parente (Casa Civil). As duas medidas precisarão ser aprovadas pelo Congresso Nacional e têm o objetivo
de reforçar o caixa do governo federal. Pelas regras atuais, o FEF e
o adicional no IR acabariam em
dezembro deste ano.
A elevação da alíquota do IR de
25% para 27,5% para a faixa de salários mais altos fez parte do ""pacote 51", conjunto de medidas
anunciado pelo governo como
resposta à crise financeira iniciada no Sudeste Asiático.
A sua prorrogação vem sendo
estudada pela área econômica
desde o ano passado. Parente não
informou por quanto tempo a
medida será prorrogada, mas a
tendência na área econômica é
que sejam pedidos dois anos.
Parente disse que ainda não foi
decidido se a manutenção do adicional será proposta por medida
provisória, que entra em vigor
imediatamente, ou por projeto de
lei. Como ainda faltam quatro
meses para o final do ano, tempo
suficiente para a avaliação do
Congresso, o mais provável é que
seja enviado um projeto de lei.
Em junho, o secretário-executivo do Ministério da Fazenda,
Amaury Bier, disse à Folha que a
medida estava em estudo. Um
mês depois, descartou a prorrogação. Há duas semanas, os estudos foram novamente confirmados pelo secretário de Política
Econômica, Edward Amadeo.
No caso do FEF, a prorrogação
deverá ser solicitada por mais
dois ou três anos. O FEF é um fundo composto por 20% das receitas
federais, que o governo pode gastar da forma que quiser, sem as
imposições da Constituição. Na
prática, o fundo permite que se
gaste mais da arrecadação de impostos com o pagamento de juros
da dívida pública.
O governo chegou a estudar a
inclusão da prorrogação do FEF
entre as medidas do pacote fiscal
do ano passado. Conforme divulgado pelo governo na época, o
percentual da receita destinada ao
FEF aumentaria de 20% para
40%, o que deve acontecer agora.
Para facilitar a aprovação da
proposta, o governo vai excluir do
cálculo do FEF a receita compartilhada com Estados e municípios.
Essa mudança deverá reduzir em
R$ 1,7 bilhão a receita do FEF.
Implantado em 94 com o nome
de Fundo Social de Emergência, o
FEF já foi prorrogado três vezes.
O Orçamento de 2000, que será
divulgado pelo governo no próximo dia 31, prevê um ganho de R$
7,2 bilhões na arrecadação da Receita Federal em relação a este
ano, em razão do crescimento do
PIB (Produto Interno Bruto, a soma dos bens e serviços produzidos no país).
Estudo elaborado pelo secretário de Política Econômica, Edward Amadeo, estima que a cobrança de adicional de um ponto
percentual (de 2% para 3%) da
Cofins (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social) vá gerar uma receita adicional de R$ 900 milhões. Outros R$
5,2 bilhões são esperados com receitas de concessão de serviços
públicos. Amadeo também prevê
ganho de R$ 2,2 bilhões com a cobrança da Cofins sobre os setores
de telecomunicações, energia elétrica, combustíveis e mineração.
Outros R$ 400 milhões viriam do
IOF (Imposto sobre Operações
Financeiras), recentemente alterado pelo governo.
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