|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LETRA CAPITAL
Emoção é rumo para construir marca
CÉLIA DE GOUVÊA FRANCO
da Reportagem Local
Há alguns meses,
o executivo José
Paulo Amaral, então encarregado de
tentar salvar o
Mappin, disse para
possíveis interessados em comprar a empresa que só a marca
Mappin valeria algo como R$ 200
milhões. Hoje, depois que foi decretada a falência da empresa, o
nome Mappin vale bem menos,
mas continua sendo um patrimônio importante.
Para milhares de paulistanos, o
nome evoca não só compras que
fizeram numa das lojas Mappin,
mas principalmente uma época
que não existe mais, com passeios
ao centro velho da cidade, quando ainda era possível passear com
tranquilidade pela praça Ramos
de Azevedo e pelo viaduto do
Chá. Muitos consumidores de
mais de 50 anos se lembram de
irem tomar chá no Mappin, programa chique dos anos 40.
A construção dessa imagem
junto aos consumidores demorou décadas, e mesmo a falência
da empresa em circunstâncias
ainda não totalmente esclarecidas
não fez desaparecer a emoção
provocada pelo nome Mappin,
mas ela tende a desaparecer em
pouco tempo se alguma empresa
não mantiver algumas lojas com a
marca. Para ocupar o mesmo espaço "emocional" do Mappin,
outra loja demoraria anos de investimento.
É exatamente esse o tema do livro "A Natureza Emocional da
Marca", do especialista em marketing José Martins, lançado pela
Negócio Editora.
Autor de outra obra sobre o
mesmo tema, Martins nem discute no seu mais recente livro o valor das marcas.
Hoje, já está incorporado à rotina dos negócios nos países industrializados que qualquer transação entre empresas tem obrigatoriamente que levar em consideração o valor das marcas dos produtos e serviços oferecidos pelas
companhias.
No Brasil, ainda não são muito
comuns as auditorias para apurar
o valor de uma marcas, mas recentemente, quando foi anunciada a associação de Brahma e Antarctica para a formação da AmBev, calculou-se que apenas o valor das duas marcas -sempre colocadas entre as mais conhecidas
pelos consumidores brasileiros-
seria superior a US$ 1 bilhão.
Um estudo recente mostra que
é a Coca-Cola a marca mais valorizada no mundo -segundo a
Interbrand (empresa especializada em avaliação de marcas), vale
US$ 83,8 bilhões, mais da metade
do valor de capitalização da empresa no mercado.
Neste novo livro, Martins trata
especificamente de um tema: como criar a imagem da marca de
um produto ou serviço. Engenheiro de formação, Martins acabou fugindo dessa área e sempre
trabalhou com marketing. Seu
principal argumento para explicar como um determinado produto faz sucesso a partir da sua
imagem são as emoções que desperta nos consumidores.
Martins elaborou uma teoria de
como os enfoques de campanhas
publicitárias e de posicionamento
dos produtos criam diferentes
emoções -e relacionou, na sua
obra, 360 emoções vinculadas a
diferentes categorias de tratamentos dados à marca, em relação à embalagem, à campanha
publicitária, à distribuição entre
pontos do comércio etc.
Assim, por exemplo, as campanhas da Benetton podem ser símbolo da preocupação em criar um
espírito de integração, de levar o
consumidor a se sentir parte de
uma suposta tribo global.
Outras marcas procuram atrair
ao enfatizar a força da união da
humanidade. Bons exemplos disso seriam anúncios que usam esportes coletivos, como futebol.
Boa parte do livro trata de casos
específicos e de exemplos recentes, muitos do mercado brasileiro.
Assim, ao tratar de como uma
empresa deve proceder para criar
uma imagem da sua marca, Martins diz que essa imagem deve ser
verdadeira.
"Criar uma expectativa superior ao desempenho do produto
frusta o consumidor que não volta a comprá-lo. O xampu Cabelo
& Pontas, da L'Oreal, chegou a ter
15% do mercado logo após o lançamento. Rapidamente, no entanto, caiu para 0,5% porque prometia algo que não cumpria: fechar as pontas abertas do cabelo."
A OBRA
A Natureza Emocional da
Marca - José Martins. Negócio
Editora (r. Princesa Isabel, 1506,
SP, CEP 04601-003, tel. 011/5561-4244). 208 págs. R$ 31,00.
Texto Anterior: Opinião econômica - Dagoberto Lima Godoy: Guerra fiscal: quem vence, afinal? Próximo Texto: Conjuntura: Indústria paulista cai 2,7% em julho Índice
|