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EXUBERÂNCIA IRRACIONAL
Aumento dos juros levou em conta a "alta inexplicável" das ações, diz presidente do Fed
Greenspan diz estar atento às Bolsas
das agências internacionais
O presidente do Fed (o banco
central dos EUA), Alan Greenspan, afirmou ontem que a decisão
de aumentar as taxas de juros
norte-americanas levou em consideração a "alta inexplicável" da
Bolsa de Valores do país.
"Nós não podemos mais nos
dar ao luxo de simplesmente
olharmos o valor dos bens e serviços produzidos para determinar o
rumo da política monetária", disse Greenspan, num discurso no
Fed de Grand Tetons, Wyoming.
De acordo com Greenspan, a escalada dos preços das ações e dos
bens imóveis nos últimos cinco
anos está transformando a forma
como os consumidores gastam e
as empresas aplicam seus recursos. "E isso deve ser levado em
consideração pelo BC", disse.
Na última terça-feira, o Fed elevou em 0,25 ponto percentual a
taxa de juros básica, que passou
para 5,25%.
A fala de Greenspan foi interpretada pelos analistas como uma
nova fase na política monetária
dos EUA.
Em junho, em seu testemunho
ao Congresso, o presidente do
Fed havia dito que a política monetária "deveria enfatizar a estabilidade dos preços dos bens e serviços".
Cautela
Greenspan procurou ser cauteloso e evitou afirmar que os preços das ações estariam sobrevalorizados. O presidente do Fed também evitou falar de possíveis novos aumentos nas taxas de juros.
As afirmações de Greenspan, no
entanto, voltaram a despertar incertezas entre os investidores sobre o real valor das ações e geraram rumores de uma nova alta
nos juros até o fim do ano, derrubando o preço das ações.
A Bolsa de Nova York caiu
0,97% ontem, fechando em
11.090,17 pontos. O índice eletrônico Nasdaq, que reúne as empresas de tecnologia, fechou com
perda de 0,57%. Os títulos da dívida norte-americana (T-bonds) de
30 anos subiram 0,08 ponto percentual e pagaram juros de
5,961%.
Greenspan vem repetindo há
pelo menos três anos que as ações
estão sobrevalorizadas.
Em dezembro de 96, quando o
índice Dow Jones da Bolsa de Nova York atingiu 6.500 pontos, o
presidente do Fed alertou para a
"exuberância irracional" da Bolsa
de Valores.
O índice acumula alta de 172%
nos últimos cinco anos. O preço
dos bens imóveis subiu, em média, 23% no período.
Greenspan defendeu a intervenção do Fed para corrigir o preço
das ações em caso de alta exagerada e repentina.
"Bancos centrais não agem
quando há alta gradual nos preços das ações. Mas se houver uma
alta repentina, gerando problemas de liquidez no mercado, o BC
deve intervir", disse.
De acordo com o dirigente do
Fed, o "efeito saudável" da alta
das Bolsas foi sentido no começo
dos anos 90, quando a "exuberância" do mercado acionário fez o
país crescer. Isso aconteceu porque os consumidores gastavam
mais em carros ou comprando
casas quando as ações estavam
subindo. "Mas essa fase já passou", disse.
Greenspan admitiu que hoje,
com o surgimento de novas tecnologias e os ganhos de produtividade, é cada vez mais difícil estimar com precisão o preço "razoável" de uma ação. No entanto,
afirmou, isso continua não explicando o aumento das ações nos
últimos anos.
A economia norte-americana
está em seu nono ano consecutivo
de crescimento. No primeiro trimestre, o país registrou expansão
de 4,3%. No segundo, o crescimento foi de 1,8%.
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