São Paulo, sexta-feira, 28 de setembro de 2001

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MÍDIA

Nova empresa vai entregar 1 milhão de jornais, atuará com encomendas expressas e será a maior da América Latina

Folha e "Estado" terão distribuição conjunta

DA REPORTAGEM LOCAL

A Folha e o ""O Estado de S. Paulo", os dois maiores jornais do país, anunciaram ontem a criação de uma nova empresa para a distribuição de seus exemplares em todo o Brasil.
A S. Paulo Distribuição e Logística Ltda. é uma parceria inédita entre os grupos que editam a Folha e o ""O Estado de S. Paulo".
Os dois grupos serão sócios em partes iguais na nova companhia, que nasce com uma previsão de faturamento anual da ordem de R$ 150 milhões.
Com a criação da nova empresa, os grupos Folha e Estado, rivais históricos no mercado jornalístico paulista, pretendem garantir a entrega dos jornais que editam até, no máximo, 6h30 da manhã na Grande São Paulo.
O ganho de escala e a melhoria na logística de distribuição também deverão antecipar o horário de entrega dos jornais no interior de São Paulo e em outros Estados.
A nova empresa ainda fará a entrega de outros produtos editoriais, encomendas expressas e material vendido pela internet.
Vai atuar em 927 cidades do Brasil, percorrendo mais de 50 mil quilômetros, e terá a maior cobertura, entre as grandes do setor, no Estado de São Paulo.
Diariamente, a S. Paulo Distribuição e Logística Ltda. entregará 1 milhão de jornais, tornando-se a maior empresa do gênero da América Latina.
Além da distribuição dos dois principais jornais editados pelos grupos Folha e Estado, a nova empresa será responsável pela entrega dos títulos ""Agora", do Grupo Folha, ""Valor Econômico", resultado de parceria entre Grupo Folha e Organizações Globo, e ""Jornal da Tarde", do Grupo Estado.
A distribuição dos cinco jornais editados por Folha e Estado garantirá a presença diária da logística da S. Paulo Distribuição e Logística Ltda. em 700 mil domicílios do país.
A operação contará com uma frota de mais de mil veículos e envolverá cerca de 30 mil pessoas.

Independência
A parceria entre os grupos Folha e Estado na distribuição de jornais e demais produtos não terá nenhuma influência na independência editorial e financeira das duas empresas jornalísticas. Também continuarão distintas todas as operações comerciais que mantêm atualmente.
""Com a revolução digital, a competição concentrou-se na qualidade editorial de cada produto e não mais na distribuição", diz Luís Frias, presidente do Grupo Folha. ""Então, nada mais lógico do que aumentar a eficiência para os assinantes e leitores dos dois lados via aumento de escala."
Para Francisco Mesquita Neto, diretor-superintendente do Grupo Estado, ""a parceria entre empresas modernas é uma tendência mundial e uma forma de atender, com uma logística sofisticada, a demanda crescente e variada de seus clientes quanto a horários de entrega, serviços e qualidade".
A iniciativa de otimizar a circulação dos jornais editados por Folha e Estado deve representar uma melhora de 30% nos índices de eficiência e de qualidade de distribuição em função do aumento de escala.
A criação da S. Paulo Distribuição e Logística Ltda. segue tendência mundial de vários setores, de alimentos a bancos, de reduzir despesas com transporte a fim de manter investimentos e a qualidade de seus produtos finais.

Implantação progressiva
O principal executivo do novo empreendimento será contratado no mercado e responderá a um conselho de administração formado por quatro representantes, sendo dois de cada lado.
A implantação dos serviços da empresa será progressiva. Estima-se que toda a carga de exemplares esteja sendo distribuída por ela até agosto de 2002.
No mercado editorial, a necessidade de eliminar custos vem se acentuando por dois fatores principais: aumento no preço do papel e queda na receita publicitária.
Nos últimos 18 meses, o preço da tonelada do papel dobrou, passando de R$ 800 para R$ 1,6 mil. Dentro e fora do Brasil, o papel é cotado em dólar. O reflexo de uma recente queda de preços no mercado internacional não beneficiou o Brasil, pois o dólar se valorizou cerca de 40% no ano em relação ao real.
O consumo de papel e tinta representa cerca de 30% dos custos totais da Folha. Os jornais também vêm sentindo os efeitos do desaquecimento do mercado publicitário, que prevê uma queda em torno de 15% no faturamento este ano.
Na área de transporte, também tem havido aumentos significativos, especialmente nos preços dos combustíveis e dos pedágios.
Paralelamente ao aumento nos custos, há um acirramento da concorrência entre as empresas jornalísticas, com o surgimento de novos títulos, entre jornais e revistas.
No início de abril, por exemplo, as Organizações Globo compraram em São Paulo o título ""Diário Popular". O jornal passou por uma reforma gráfica e mudou de nome para ""Diário de S. Paulo".


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