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Outubro deve trazer mais demissões
CLAUDIA ROLLI
DA REDAÇÃO
Indústria e comércio prevêem
uma onda de demissões a partir
de outubro por causa do impacto
do atentado nos Estados Unidos
na economia e da sucessão de crises que atingiu o país nos últimos
cinco meses.
Economistas, sindicalistas e
analistas do mercado de trabalho
acreditam que a combinação desses fatores -racionamento de
energia, alta do dólar, crise argentina, desaceleração da economia
americana, arrocho na política
monetária brasileira e até aumento do IPTU- vai dificultar também as negociações salariais deste
ano.
A retração no nível de emprego
é preocupante, na avaliação da
Fiesp (Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo), porque
ocorre num período em que historicamente as empresas contratam mão-de-obra.
No comércio, estima-se que o
impacto será imediato na contratação temporária -cerca de 30
mil empregos devem deixar de ser
gerados só na Grande São Paulo,
informa a Associação Comercial
de São Paulo. Dispensas de funcionários com carteira assinada
devem ocorrer mais intensamente no comércio no início do próximo ano, segundo o presidente da
entidade, Alencar Burti.
"Se o quadro em agosto já era
grave, tornou-se ainda pior após o
dia 11 de setembro [data do atentado aos EUA"", diz Clarice Messer, diretora da Fiesp.
Em agosto, a indústria paulista
fechou 12.930 postos de trabalho
-quase a metade de empregos
criados durante o ano passado. A
redução, segundo a Fiesp, também foi resultado do aumento da
multa do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) de 40%
para 50% nas demissões sem justa
causa.
Na avaliação da pesquisadora, o
sinal de alerta no setor industrial
já foi dado neste mês pelas empresas automobilísticas. "As montadoras recorreram às férias coletivas para segurar a produção e enfrentar a queda nas vendas e altos
estoques. E essas indústrias são
um termômetro para a economia", afirma Clarice.
O setor de autopeças já sente o
reflexo dessa crise. O Sindicato
dos Metalúrgicos de Itatiba e região informou ontem que 235
operários foram demitidos nos
últimos dias e quatro empresas
vão adotar o banco de horas para
evitar demissões. Segundo a entidade, algumas empresas demitiram mesmo após terem adotado
o banco de horas -caso da
Kromberg & Schobert.
"A manutenção no emprego deve dar lugar à briga por reajuste
salarial nas negociações coletivas", diz o coordenador do Desep
(Departamento de Estudos Sócio,
Econômico e Político) da CUT,
Carlos Augusto Gonçalves.
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