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EM TRANSE
Dólar vai a R$ 3,88; mercado prepara segunda-feira ainda mais tensa
Risco-país supera o da crise russa; dólar é novo recorde
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
O dólar e o risco Brasil encerraram a semana em níveis recordes.
A moeda americana subiu 3,19%
ontem, para R$ 3,88, a maior cotação do real. Nesta semana, o dólar
subiu 14%; no mês, 29%. O risco-país subiu 9,7%, para 2.440 pontos, nível mais alto desde 1998,
ano da crise russa.
Os C-Bonds, títulos da dívida
externa brasileira, derreteram
5,5% e fecharam a US$ 0,4881.
A proximidade das eleições brasileiras e fatores específicos de
mercado pressionaram os indicadores durante toda a semana.
Segundo os operadores, o mercado começou a movimentar os
preços para adequá-los a uma
possível vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno
das eleições. A hipótese passou a
ser considerada após a divulgação
de pesquisa Datafolha, no fim de
semana, que apurou a subida do
candidato de oposição.
O mercado continuou a especular com o resultado de próxima
sondagem do instituto ontem.
Duas versões circularam pelas
mesas de operações. Uma delas
apontava a vitória de Lula já no
primeiro turno; a outra sinalizava
um segundo turno entre o petista
e o candidato do mercado, José
Serra (PSDB). A pesquisa sequer
havia sido concluída enquanto os
números circulavam.
Isso indica o forte grau de especulação do mercado. Mas, segundo os analistas, o dólar a R$ 3,88
ainda não espelha a possibilidade
de Lula vencer no primeiro turno.
"Muita gente ainda não acredita
que Lula vence. Se a pesquisa voltar a sinalizar essa vitória, o dólar
vai subir ainda mais", diz Helio
Osaki, analista da Finambras.
A rolagem de títulos públicos
atrelados à variação cambial também continua ampliando a especulação do mercado. O governo
iniciou ontem a renovação de
70% do vencimento de US$ 1,25
bilhão em dívida cambial, na terça-feira. Renovou 21% dos papéis
com resgate em 2005, pagando taxas próximas aos 30%. Para os títulos com resgate neste ano, a demanda foi baixa e as taxas pedidas, altas. Logo, o BC não concluiu a operação. Como o mercado já prevê que o lote não será rolado totalmente, por falta de demanda, as tesourarias dos bancos
começam a pressionar a cotação,
uma vez que quanto mais alto o
dólar, maior o ganho de quem irá
receber pelos papéis.
"A princípio, não vejo nada que
possa derrubar esse câmbio nos
próximos dias. Não há razão para
o câmbio não abrir fortemente
pressionado [na segunda"", afirma Sérgio Machado, diretor de tesouraria do banco Fator.
"Na véspera da eleição, não é
surpresa a volatilidade que tem
caracterizado o mercado cambial.
O que surpreende é a altura [que a
cotação do dólar" já chegou", diz.
O governo também rolou ontem
US$ 150 milhões de US$ 350 milhões em linhas externas que vencem na semana que vem.
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