São Paulo, sábado, 28 de setembro de 2002

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Malan tenta refutar que mercado é ignorante, mas acaba confirmando

DO ENVIADO ESPECIAL A WASHINGTON

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, pediu ontem aos jornalistas para esclarecer declarações dadas no dia anterior, quando dissera que "os mercados são dirigidos por uma combinação de ganância infecciosa", "medo infeccioso" e "ignorância infecciosa".
Segundo Malan, quando ele disse ignorância (em inglês, "ignorance"), quis falar desconhecimento. "Eu devia ter usado a palavra, se eu estivesse falando em português, desconhecimento [..." Não é o meu estilo chamar ninguém de ignorante. Nunca fiz isso na vida, por que eu iria fazer isso no exterior, falando em inglês?"
Segundo o dicionário Aurélio, ignorância significa "estado de quem ignora ou desconhece alguma coisa, não tem conhecimento dela".

Estudo sobre dívida
Malan e o presidente do Banco Central, Armínio Fraga, defenderam ontem o estudo do diretor de Política Monetária do BC, Ilan Goldfajn, afirmando que suas projeções sobre a sustentabilidade da dívida interna são válidas.
Stanley Fischer, ex-vice-diretor gerente do FMI (Fundo Monetário Internacional), disse ontem que as projeções feitas por Goldfajn já estão defasadas. Uma das principais críticas dos analistas ao estudo de Goldfajn é que, se a cotação do dólar se mantiver alta, a proporção da dívida em relação ao Produto Interno Bruto não se reduziria, como prevê Goldfajn.
O ministro Malan disse que o estudo de Goldfajn ainda é válido e que não se deve avaliar a economia brasileira olhando somente a taxa de câmbio. "Acho que nós todos temos uma responsabilidade de não nos deixar levar pela cotação do dia [...] Nós temos de ter a capacidade de olhar a economia brasileira um pouco mais à frente, ter uma visão não restrita à cotação do dia", afirmou Malan.


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