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Para a instituição, turbulência global deverá ter efeitos limitados no Brasil
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central não apenas
avalia que a economia brasileira está mais bem preparada para enfrentar as recentes turbulências enfrentadas pelos mercados internacionais como já
começa a ver as conseqüências
positivas que um agravamento
da crise poderia ter.
A instabilidade dos mercados
começou com o aumento da
inadimplência em financiamentos habitacionais dos EUA.
Esses calotes provocaram fortes perdas em fundos de investimento que atuam no país e espalhou um temor de que as perdas sofridas nos mercados financeiros possam contaminar
a chamada economia real.
Em documento divulgado
ontem, o BC afirma não acreditar que o cenário mais provável
seja o de agravamento da crise
-ou seja, o de uma recessão
nos EUA. Para o diretor de Política Econômica do BC, Mário
Mesquita, "as turbulências observadas até agora parecem ter
tido um efeito limitado [sobre a
economia brasileira]".
Ainda assim, o texto diz que
um desaquecimento da economia mundial também teria
seus benefícios. "Apesar das incertezas quanto aos efeitos da
crise sobre a economia dos
EUA e, em menor escala, sobre
a economia mundial, parece razoável supor que, do ponto de
vista inflacionário, uma desaceleração global poderia conter
as elevações de preços de "commodities", com impacto potencialmente favorável sobre as
perspectivas inflacionárias."
Ou seja, com a economia
mundial crescendo menos, a
demanda por "commodities"
-como minério de ferro, petróleo e produtos agrícolas- diminuiria, reduzindo também os
preços dessas mercadorias e,
conseqüentemente, ajudando
no controle da inflação.
Mas também são citados os
aspectos negativos, entre eles a
redução das exportações brasileiras que se seguiria a um quadro de desaceleração da economia mundial. Essa queda nas
vendas ao exterior reduziria o
fluxo de dólares para o país,
provocando uma desvalorização do real, que iria puxar para
cima a inflação no Brasil.
Mesmo com essas incertezas,
o BC mantém sua projeção de
4,7% para o crescimento da
economia neste ano -mesma
estimativa anunciada em junho. Para a instituição, o aumento do consumo interno será um dos fatores a colaborar
com a expansão da economia.
Entre os analistas do setor
privado, há quem faça ressalvas
a essa avaliação. Em relatório
ontem, o Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento
Industrial) diz que o BC pode
estar sendo excessivamente
otimista sobre o comportamento do nível de atividade.
O Iedi aponta para o fato de a
renda da população estar crescendo a uma velocidade cada
vez menor. "Sendo a massa real
de rendimentos o principal determinante do poder de consumo, sua desaceleração flagrante pode levar a uma perda de
ímpeto correspondente no
consumo", diz o instituto.
Com base nessa análise, o Iedi defende a continuidade do
processo de cortes da taxa Selic,
hoje em 11,25% ao ano. O BC
tem reduzido os juros desde setembro de 2005, mas, diante do
ritmo mais forte de crescimento da economia e de alguns sinais de aumento de inflação,
analistas de mercado já consideram que o ciclo de quedas está cada vez mais perto do fim.
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