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Investidores procuram obter lucros com a alta dos preços
Dólar eleva a procura por CDBs atrelados à inflação
ISABEL CAMPOS
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois dos fundos de investimentos, a mania de IGP-M chegou aos CDBs (Certificados de
Depósito Bancário). Em outubro,
a procura por CDBs atrelados a
esse índice de inflação explodiu.
Segundo dados da Cetip (Central
de Custódia e de Liquidação Financeira de Títulos), neste mês,
até o dia 24, os bancos captaram
R$ 484,282 milhões nesse tipo de
papel, mais do que o dobro do registrado nos primeiros nove meses do ano (R$ 181,739 milhões).
A procura por esses CDBs, assim como de fundos e títulos do
governo indexados ao IGP-M,
tem crescido em razão do aumento da variação desse índice nos últimos meses e da perspectiva de
que continuará subindo, explica
Gabriel Moura, diretor de produtos do Banco1.net. Até setembro,
o IGP-M acumulado no ano estava em 10,54%. As previsões são
que feche 2002 em 16%.
Alta do dólar
O IGP-M é composto por três
índices. O mais importante é o
IPA (Índice de Preços por Atacado), que tem um peso de 60%.
Metade dos preços pesquisados
que entram no IPA são indexados
ao dólar. Logo, aproximadamente 30% do IGP-M tem variação
igual ao dólar.
Apesar da elevação dos juros
pelo Banco Central de 18% para
21% há duas semanas, a previsão
é que o IGP-M suba ainda mais
porque a alta do dólar dos últimos
meses ainda não foi totalmente
repassada aos preços. A aposta de
analistas é que, mesmo com juros
mais altos, algum repasse ainda
ocorra. Além disso, algumas previsões apontam para uma inflação maior em 2003.
Na opinião de Marcos Buckton,
diretor de captação do Unibanco,
antes de comprar um CDB em
IGP-M é preciso analisar os prós e
contras com cautela.
"Não é um produto recomendado para o pequeno investidor",
afirma Buckton.
Diferentemente de outros
CDBs, a legislação não permite
que os papéis indexados ao IGP-M tenham prazo inferior a um
ano. Se o investidor conseguir
que, antes dos 365 dias, que o
emissor recompre o CDB em
IGP-M, receberá, no máximo, o
valor do principal, sem nenhuma
remuneração. "Só se deve investir
nesse papel se tiver a certeza de
que não precisará do dinheiro antes de um ano", diz Buckton.
Na opinião de Moura, qualquer
aplicação atrelada ao IGP-M, seja
em CDB ou em fundo, não deve
ter horizonte inferior a 12 meses.
O ideal é que não haja data certa
de resgate, para não correr o risco
de a retirada coincidir com um
momento de baixa do índice.
"O IGP-M é sazonal e volátil.
Além disso, se a cotação do dólar
cair, pode ficar negativo", explica.
Juros em queda
Devido à procura, os juros dos
CDBs em IGP-M estão caindo. Segundo Moura, até alguns meses
atrás, os papéis de um ano, além
da variação desse índice, pagavam juros de 7% a 8% ao ano.
Agora, as taxas estão na faixa de
1% a 2% ao ano.
Apesar do aumento da demanda pelo IGP-M, os CDBs indexados ao CDI (Certificado de Depósito Interbancário) seguem como
os preferidos dos investidores.
Conforme dados da Cetip, só em
outubro, até o dia 24, os bancos
captaram mais de R$ 11 bilhões
com esse tipo de papel.
A vantagem do CDB em CDI é
que eles seguem de perto a taxa
básica de juro da economia e, em
geral, podem ser revendidos ao
emissor a qualquer tempo, sem
perda de rentabilidade.
Fundos
Novos fundos atrelados ao IGP-M continuam surgindo no mercado financeiro. Na semana passada, foi a vez da Citigroup Asset
Management lançar o Citinflation
IGP-M. Já oferecem esse tipo de
produto o ABN-Amro/Real, Banco do Brasil, Banespa, BankBoston, BBA, Caixa Econômica Federal, HSBC, JP Morgan e WestLB
Banco Europeu.
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