|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
CONCENTRAÇÃO
Analistas, no entanto, dizem que permanência no país é incerta
BankBoston diz que operação fortalece atividades no Brasil
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A fusão do Bank of America
com o FleetBoston poderá transformar as operações do BankBoston na America Latina numa plataforma para a internacionalização do novo gigante americano
das finanças. É o que diz Geraldo
Carbone, presidente no Brasil do
BankBoston, braço do FleetBoston na América Latina.
"Uma instituição de US$ 860 bilhões de ativos terá de ter um perfil internacional forte. Aí reside a
grande oportunidade de crescimento do BankBoston no Brasil e
no continente", diz Carbone.
Segundo Bob Stickler, porta-voz do Bank of America, as operações na América Latina ficarão
sob a coordenação do Fleet Boston. No entanto, não há previsão
de expansão das atividades no
continente neste momento.
A fusão, porém, deve ajudar o
Bank of America a entrar no setor
de varejo na região. Na América
Latina, os bancos são complementares, especialmente no Brasil e na Argentina. O Bank of
America atua em serviços corporativos. Já o FleetBoston atua no
Brasil, na Argentina, no Chile, no
México, no Uruguai, na Colômbia
e no Peru.
Segundo analistas ouvidos pela
Folha, entretanto, o resultado da
fusão põe dúvida no futuro do
BankBoston no Brasil e na América do Sul. "O Bank of America
tem tradição de banco local, de
perfil regional e provinciano na
sua origem", diz André Cappon,
presidente do CBM Group, consultoria financeira de Nova York.
Segundo Cappon, se a nova instituição for manter esse perfil, poderá vender os ativos na América
do Sul. "No entanto, com a recuperação da Argentina e os bons
resultados do BankBoston no
Brasil, também poderá ocorrer de
o novo Bank of America usar as
bases atuais do FleetBoston para
se internacionalizar", observa.
Cappon lembra que os bancos
de varejo americanos vêm se
mantendo arredios a expandir
suas fronteiras desde o final dos
anos 80. "Eles perderam muito dinheiro entre 1982 e 1987, com os
"defaults" do México e do Brasil.
No início dos anos 90, a maioria
dos bancos dos EUA estava muito
mal e, desde então, ficaram muito
prudentes", diz Cappon.
Hoje, os bancos americanos de
varejo concentram seus negócios
nos EUA, consolidando-se a nível
nacional. "Quem tem buscado a
internacionalização são os bancos
de investimento", diz Cappon.
Segundo ele, o Citibank é uma
exceção no varejo bancário: é um
grande banco internacional, mas
voltado para negócios com multinacionais e "private bank" (grandes investidores). Ele não faz negócios com empresas locais nos
países em que atua", diz Cappon.
Boston
O antigo Fleet Boston atua há
mais de 80 anos na Argentina e está no Brasil desde 1947. Em 1999 o
BankBoston fundiu-se com o
Fleet Financial Group. Desde então, sucessivos rumores de mercado davam como contados os
dias do BankBoston no Brasil.
Segundo analistas, até alguns
meses atrás as especulações eram
de que as operações do banco na
América do Sul poderiam ser vendidas, inclusive a do Brasil.
"Não faz sentido um banco estrangeiro, com apetite internacional, não estar no Brasil", diz Carbone repetindo afirmações feitas
sempre que tais boatos surgiam.
Hoje, com uma rede de 67 agências, ativos de R$ 19,6 bilhões e
um lucro de R$ 237 milhões no
primeiro semestre deste ano, ele
volta a apostar na permanência
do banco no país.
Colaborou Cíntia Cardoso,
de Nova York
Texto Anterior: Frase Próximo Texto: Meirelles fez carreira no Boston Índice
|