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São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2003

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CONCENTRAÇÃO

Analistas, no entanto, dizem que permanência no país é incerta

BankBoston diz que operação fortalece atividades no Brasil

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A fusão do Bank of America com o FleetBoston poderá transformar as operações do BankBoston na America Latina numa plataforma para a internacionalização do novo gigante americano das finanças. É o que diz Geraldo Carbone, presidente no Brasil do BankBoston, braço do FleetBoston na América Latina.
"Uma instituição de US$ 860 bilhões de ativos terá de ter um perfil internacional forte. Aí reside a grande oportunidade de crescimento do BankBoston no Brasil e no continente", diz Carbone.
Segundo Bob Stickler, porta-voz do Bank of America, as operações na América Latina ficarão sob a coordenação do Fleet Boston. No entanto, não há previsão de expansão das atividades no continente neste momento.
A fusão, porém, deve ajudar o Bank of America a entrar no setor de varejo na região. Na América Latina, os bancos são complementares, especialmente no Brasil e na Argentina. O Bank of America atua em serviços corporativos. Já o FleetBoston atua no Brasil, na Argentina, no Chile, no México, no Uruguai, na Colômbia e no Peru.
Segundo analistas ouvidos pela Folha, entretanto, o resultado da fusão põe dúvida no futuro do BankBoston no Brasil e na América do Sul. "O Bank of America tem tradição de banco local, de perfil regional e provinciano na sua origem", diz André Cappon, presidente do CBM Group, consultoria financeira de Nova York.
Segundo Cappon, se a nova instituição for manter esse perfil, poderá vender os ativos na América do Sul. "No entanto, com a recuperação da Argentina e os bons resultados do BankBoston no Brasil, também poderá ocorrer de o novo Bank of America usar as bases atuais do FleetBoston para se internacionalizar", observa.
Cappon lembra que os bancos de varejo americanos vêm se mantendo arredios a expandir suas fronteiras desde o final dos anos 80. "Eles perderam muito dinheiro entre 1982 e 1987, com os "defaults" do México e do Brasil. No início dos anos 90, a maioria dos bancos dos EUA estava muito mal e, desde então, ficaram muito prudentes", diz Cappon.
Hoje, os bancos americanos de varejo concentram seus negócios nos EUA, consolidando-se a nível nacional. "Quem tem buscado a internacionalização são os bancos de investimento", diz Cappon.
Segundo ele, o Citibank é uma exceção no varejo bancário: é um grande banco internacional, mas voltado para negócios com multinacionais e "private bank" (grandes investidores). Ele não faz negócios com empresas locais nos países em que atua", diz Cappon.

Boston
O antigo Fleet Boston atua há mais de 80 anos na Argentina e está no Brasil desde 1947. Em 1999 o BankBoston fundiu-se com o Fleet Financial Group. Desde então, sucessivos rumores de mercado davam como contados os dias do BankBoston no Brasil.
Segundo analistas, até alguns meses atrás as especulações eram de que as operações do banco na América do Sul poderiam ser vendidas, inclusive a do Brasil.
"Não faz sentido um banco estrangeiro, com apetite internacional, não estar no Brasil", diz Carbone repetindo afirmações feitas sempre que tais boatos surgiam.
Hoje, com uma rede de 67 agências, ativos de R$ 19,6 bilhões e um lucro de R$ 237 milhões no primeiro semestre deste ano, ele volta a apostar na permanência do banco no país.


Colaborou Cíntia Cardoso, de Nova York


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