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São Paulo, terça-feira, 28 de outubro de 2003

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COMÉRCIO MUNDIAL

Embaixada em Washington analisou 33 processos antidumping que provocaram queda nas importações

Brasil perde US$ 2 bi com EUA, diz estudo

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

Estudo apresentado ontem pela embaixada brasileira em Washington estima que o Brasil perdeu uma receita de ao menos US$ 2 bilhões em exportações para os Estados Unidos nos últimos 14 anos por causa da política antidumping norte-americana.
Em vários casos, as exportações de produtos brasileiros caíram sem que os Estados Unidos sequer provassem a configuração do dumping -prática em que um país exporta a outro produtos a preços considerados baixos demais, afetando a indústria local.
O estudo analisou 33 investigações norte-americanas envolvendo 21 produtos brasileiros entre 1989 e 2003. O setor de aço concentrou 76% dos processos.
Do total, seis investigações ocorreram durante quase um ano sem que, no final, ficasse provada a prática de dumping.
Só a ameaça de investigação, no entanto, levou os importadores norte-americanos a trocar de fornecedor temendo ficar sem o produto no futuro caso o Brasil fosse condenado.
Segundo Aluisio de Lima Campos, um dos autores do estudo, isso mostra que empresas americanas têm um estímulo para pedir investigações, mesmo considerando que o concorrente pode não vir a ser condenado.
Nas atuais negociações da Alca (Área de Livre Comércio das Américas), os Estados Unidos não aceitam negociar concessões em sua política antidumping.

Regras claras
O embaixador brasileiro em Washington, Rubens Barbosa, afirma que ""o Brasil sabe que o antidumping não vai desaparecer". ""O que queremos são regras claras e critérios objetivos para essas investigações."
Mesmo dentro do setor privado americano, há críticas à política. William Lane, diretor da Caterpillar, afirma que, estimuladas pelos Estados Unidos, políticas antidumping têm se ""espalhado pelo mundo, voltando-se agora contra os próprios Estados Unidos".
De acordo com Brink Lindsey, diretor do centro de estudos comerciais do Cato Institute, na segunda metade dos anos 90 os EUA foram o terceiro alvo de políticas antidumping no mundo. ""Houve mais casos da América Latina contra os Estados Unidos do que o contrário", diz.
Segundo a OMC (Organização Mundial do Comércio), seus membros iniciaram 79 investigações de dumping no primeiro semestre de 2003. Do total, 61 foram de países em desenvolvimento, que já superam as nações desenvolvidas nas acusações.
Individualmente, no entanto, os Estados Unidos continuam sendo o membro mais ativo, com 16 pedidos neste ano.


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