São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2004

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IMPOSTOS

Jorge Rachid alega que é preciso fiscalizar antes de restituir os valores

Devolução está lenta, diz a Receita

DO PAINEL S.A.

O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, afirmou à Folha que o governo está devolvendo o crédito do PIS/Cofins às empresas exportadoras, mas num ritmo lento. O problema, segundo ele, é que a demanda é grande. "Os pagamentos estão sendo feitos, mas não no ritmo que gostaríamos."
O atraso nos pagamentos, de acordo com Rachid, se deve ao fato de o sistema eletrônico para fazer esse ressarcimento, chamado de Perdcomp, ainda não estar concluído. A idéia é adotar o mesmo sistema que hoje funciona para as restituições do Imposto de Renda das pessoas físicas.
Hoje, as restituições ainda são feitas "no papel", e a Receita precisar fiscalizar a empresa antes de liberar o dinheiro. Por isso ocorreria a demora. Rachid explica que, no passado, a Receita encontrou irregularidades nesses casos e, dessa forma, foi obrigada a instituir um sistema de fiscalização para fazer o ressarcimento.
Rachid alega, no entanto, que as empresas essencialmente exportadoras poderiam requerer a isenção dos 9,25% de PIS/Cofins sobre o preço dos produtos que as fornecedoras cobram delas -assim, não seria preciso a Receita devolver o dinheiro.
O problema, no entanto, é que os fornecedores não suspenderam a cobrança. Em primeiro lugar, pelas regras do PIS/Cofins, só as empresas que exportam acima de 80% do faturamento teriam direito a essa isenção e, mesmo assim, os números teriam de ser referentes ao ano anterior (no caso, 2003). Além disso, os fornecedores argumentam também que a lei não foi regulamentada e, portanto, não valeria.
Além de Rachid, os exportadores também levaram o problema aos ministros Antonio Palocci (Fazenda) e Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento).
A Abicalçados, que representa o setor calçadista, apresentou algumas propostas à Receita. Entre elas, a de que a suspensão da cobrança do PIS/Cofins pelos fornecedores valesse para as empresas que exportam acima de 60% da produção no ano em vigor, e não o anterior.
O presidente da Calçados Sândalo, Carlos Brigagão, diz que, devido ao não-ressarcimento do PIS/Cofins pelo governo, sua empresa começa a exportar sem ver a cor do lucro. "Considero o maior confisco que o governo federal já fez", diz Brigagão. Segundo ele, o crédito da sua empresa já soma R$ 1,4 milhão. (GB)


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