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Crédito segue escasso, diz Mantega
Ele diz que financiamento não deve voltar a níveis anteriores e que medidas levam tempo para surtir efeito
Ministro diz que acordo para rombo na Aracruz está próximo, mas que governo não socorrerá empresas que fizeram apostas de alto risco
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
Mesmo com o esforço do governo federal em abrir as torneiras do compulsório, o ministro da Fazenda, Guido Mantega, admitiu ontem em São Paulo que o sistema de crédito ainda não foi normalizado na economia brasileira.
Mantega e o presidente do
Banco Central, Henrique Meirellles, se reuniram com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ontem pela manhã em São
Paulo para darem um panorama da crise no Brasil e no mundo, como a dificuldade de fluidez do crédito no país e a situação da economia internacional.
Mantega afirmou que há problemas na concessão de crédito
a exportadores, para financiar
capital de giro de empresas, no
setor agrícola e para o consumo
de bens duráveis e imóveis. O
ministro da Fazenda disse que
a situação é preocupante, mas
em seguida afirmou que o Banco Central tem adotado medidas de flexibilização do compulsório para "irrigar" o mercado de crédito.
"O impacto [da crise internacional] sobre Brasil continua o
mesmo. Temos uma escassez
de crédito para operações de
ACC [Adiantamento de Contrato de Câmbio]", disse o ministro após o encontro.
Somadas as medidas, Mantega disse que o afrouxamento do
compulsório já colocou no
mercado R$ 50 bilhões. Ele
afirmou que, se isso ainda não
ajudou a destravar o crédito, a
justificativa está no fato de que
algumas decisões "demoram
um pouco" para surtir efeito.
Sobre o crédito aos consumidores, o ministro da Fazenda
afirmou que o "travamento"
inicial já foi atacado. "Houve
uma redução momentânea do
crédito, o que está sendo sanado pelo governo. Sabemos que
houve uma redução drástica,
um travamento, mas há uma
recomposição desse crédito. Os
bancos estão operando com
70% a 80% dos créditos de que
dispunham antes", afirmou o
ministro.
Ele lembrou que a oferta de
financiamentos havia se expandido com força nos últimos
anos e que o sistema não retornará àqueles patamares. "O
crédito tinha crescido de forma
grande, então havia uma gordura. A tendência é a da recomposição [do crédito] para o setor agrícola, imobiliário, para
capital de giro e ACCs", disse.
Socorro a empresas
Mantega negou ontem que o
governo tenha algum plano para ajudar empresas como Aracruz, Sadia e Votorantim, que
anunciaram prejuízos com
operações cambiais de alto risco. Ele voltou a criticar as empresas por terem "ousado no
mercado financeiro" e que todas vão arcar com os prejuízos.
Sobre a Aracruz, o ministro
disse que uma solução para o
caso da papeleira deve ser
anunciado nos próximos dias.
Dito isso, o ministro afirmou
que o governo tem a preocupação de garantir o fluxo de financiamento para que essas empresas tenham acesso a capital
necessário à liquidação dessas
operações. "O governo tem a
obrigação de dar crédito e liquidez a valores de mercado. Não
haverá nenhum subsídio, não
haverá nenhum concessão especial. Nós não vamos absorver
nenhum prejuízo dessas empresas", afirmou.
Mantega disse que o governo
ainda não sabe o tamanho da
exposição das empresas em derivativos cambiais. Citou projeções de mercado de até US$ 20
bilhões e salientou que, se for
nesse patamar, pode ser absorvido pela economia brasileira.
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