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ANO DO DRAGÃO
Ata da última reunião do Copom projeta taxa acima do teto de tolerância, ou seja, deverá superar 6,5%
BC já prevê inflação acima da meta em 2003
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A inflação do ano que vem poderá ficar acima da meta fixada
pelo governo, segundo projeções
feitas pelo Banco Central. Caso a
estimativa se confirme, 2003 será
o terceiro ano consecutivo em que
a alta dos preços deverá ficar acima dos objetivos estabelecidos
pela equipe econômica. Isso
aconteceu em 2001 e vai se repetir
neste ano.
A avaliação consta da ata da última reunião do Copom (Comitê
de Política Monetária do BC),
que, na semana passada, elevou
os juros básicos da economia de
21% para 22% ao ano.
O documento não cita números, mas faz a seguinte projeção:
se os juros fossem mantidos em
21% ao ano e se a cotação do dólar
ficasse estável em R$ 3,55, a inflação de 2003 ficaria "acima do limite superior do intervalo de tolerância".
A meta para o ano que vem é de
inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), de 4%, com margem de tolerância de 2,5 pontos para cima ou
para baixo. Assim, o "limite superior do intervalo" equivale a uma
inflação de 6,5%.
O fato de o BC projetar uma inflação acima da meta com antecedência de um ano preocupa por
causa da margem de erro embutida nas estimativas. Em geral, projeções feitas pelo BC com essa antecedência costumam ter margem de erro que varia de 1,5 ponto
a 2,0 pontos.
Isso significa que, se a estimativa central é um aumento de preços da ordem de 6,5% em 2003, a
margem de erro indicaria que, na
verdade, existiria a probabilidade
de a inflação ultrapassar os 8%.
Tarifas
Um fator que atenua a expectativa de alta da inflação para 2003 é
o comportamento esperado para
os preços dos combustíveis. Segundo o BC, a estabilidade da cotação do dólar na casa dos R$ 3,55
permitirá a redução de 1,5% no
preço da gasolina no ano que
vem. Em outubro, esperava-se
aumento de 9%.
Além disso, o preço do gás de
cozinha, de acordo com as projeções do BC, deve subir 6% em
2003 -até o mês passado, o reajuste esperado era de 16,6%.
Já no caso das tarifas de energia
elétrica, o movimento é inverso: o
BC elevou de 25% para 27% a projeção de reajuste para 2003. A justificativa usada foi o aumento
inesperado do IGP-M, índice medido pela Fundação Getúlio Vargas e usado como indexador na
maioria dos contratos do setor.
Juros
Para tentar evitar um novo descumprimento da meta, o BC elevou os juros em um ponto percentual. Em tese, juros mais elevados levam à redução da atividade
econômica, reduzindo o espaço
das empresas para reajustar seus
preços. Também ajudam a reduzir a expectativa de alta dos preços.
Por outro lado, a alta do dólar
continua preocupando. Neste
ano, a moeda dos Estados Unidos
já acumula valorização de mais de
50%. Isso é apontado como a
principal causa do aumento da inflação. "A depreciação cambial
dos últimos meses deverá continuar exercendo forte pressão sobre os preços", afirma a ata da
reunião do Copom.
Isso significa que, mesmo que a
cotação do dólar permaneça estável de agora em diante, parte da
alta ocorrida nos últimos meses
ainda não foi repassada para os
preços e pode continuar pressionando a inflação em 2003. Esse repasse pode ser ainda maior num
cenário de maior crescimento
econômico, esperado para o ano
que vem.
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