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ESPETÁCULO EM XEQUE
Proximidade do Natal não eleva contratações; para IBGE, juro menor não estimulou mercado de trabalho
Renda cai e emprego fica estável em outubro
DIOGO DE HOLLANDA
FREE-LANCE PARA A FOLHA
Nem a proximidade do Natal está sendo suficiente para melhorar
o mercado de trabalho no primeiro ano do governo de Luiz Inácio
Lula da Silva. O desemprego
mantém-se alto, e a renda do trabalhador, em queda, de acordo
com o IBGE (Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística).
Em outubro, a taxa de desemprego nas seis maiores regiões
metropolitanas do país ficou inalterada -12,9%. Desde maio,
quando subiu para 12,8%, o indicador praticamente não sai do
mesmo patamar. Em outubro de
2002, a taxa estava em 11,2%.
Contrariando a lógica sazonal, o
número de pessoas ocupadas recuou 0,4% em relação a setembro.
Trata-se da primeira queda na
ocupação desde fevereiro, de 71
mil trabalhadores. Diferentemente do número de pessoas ocupadas, a taxa de desemprego é uma
proporção da População Economicamente Ativa.
A construção civil foi o setor
que promoveu a maior redução
na mão-de-obra (3%). Mas até o
comércio, que costuma ser o
grande empregador desta época
do ano, reduziu quadros em 0,5%.
Mesmo influenciado por reajustes de categorias importantes, como os bancários, o rendimento
médio real dos trabalhadores voltou a cair: 15,2% ante outubro de
2002 e 0,7% em relação a setembro. No confronto com o ano passado, foi a oitava perda consecutiva na renda dos trabalhadores.
Segundo o gerente da PME
(Pesquisa Mensal de Emprego),
Cimar Azeredo Pereira, a queda
dos juros não foi suficiente para
animar o mercado de trabalho.
No lugar disso, as empresas têm
optado por elevar a carga horária
da mão-de-obra atual. Em outubro deste ano, a semana de trabalho de um empregado com carteira teve três horas a mais do que no
mesmo mês do ano passado: de
40 horas, passou para 43,1 horas.
A boa notícia foi a queda da informalidade. Após dois meses de
estabilidade, o total de trabalhadores com carteira assinada cresceu 0,9% em relação a setembro.
Governo Lula
A renda das pessoas ocupadas
caiu 12,95% na média entre março e outubro do primeiro ano do
governo Lula, na comparação
com o mesmo período de 2002,
ainda no mandato de FHC, de
acordo com os dados do IBGE.
"O panorama econômico ainda
não é muito confortável para investimentos", afirmou Pereira.
Ainda assim, segundo ele, outubro não foi melhor nem pior do
que setembro. A opinião é compartilhada pelo economista Lauro
Ramos, do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). "Em
uma leitura simples, o que os dados dizem é que não mudou nada
de um mês para o outro."
O economista do Ipea minimizou a queda da ocupação verificada de setembro para outubro. A
seu ver, o que ocorreu não passou
de um "ajuste estatístico".
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