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ENERGIA
Segundo consultoria, investimento é necessário para atender demanda maior
Setor elétrico precisará de R$ 20 bi
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
O setor elétrico terá de investir
R$ 20 bilhões anuais, a partir do
ano que vem, a fim de se preparar
para o aumento da demanda de
energia que deverá vir com a retomada do crescimento esperada a
partir de 2004. Sem o investimento, a expansão seria comprometida pelo risco de racionamento.
A projeção é da consultoria
Tendências e se baseia em uma
expansão anual, ao longo da próxima década, de 3,4% do PIB, que
elevaria em 5% a demanda anual
do setor. No entanto, se houver
crescimento e aumento da renda
da população, as empresas do setor voltarão a pressionar por aumentos reais de tarifas.
Afogadas em dívidas, as distribuidoras de energia precisariam,
segundo o estudo, de um aumento real (acima da inflação) de 20%
ao longo de três anos para voltar
ao azul. Isso porque, mesmo com
o aumento da demanda num cenário de crescimento econômico,
o fluxo de caixa das distribuidoras
não seria suficiente para tirá-las
da crise financeira no curto prazo.
Se os reajustes continuarem
sendo feitos com base no IGP-M,
as 12 principais distribuidoras do
país terminariam 2004 com déficit de caixa de R$ 7 bilhões e 2005
com déficit de R$ 6 bilhões. Neste
ano, o déficit estimado pela Tendências será de R$ 13 bilhões. "O
equilíbrio só correrá após 2006",
diz Ernesto Moreira Guedes Filho, analista da Tendências.
O aumento real de tarifas, entretanto, só será viável se, com o
crescimento da economia, houver
recuperação da renda dos trabalhadores. Eles já arcam com um
aumento de 140% nas contas de
luz, concedido ao setor entre 1995
e 2002. Esse índice, deflacionado
pelo IGP-M, resulta em um aumento real de 20,7%.
Para Gustavo Loyola, sócio da
Tendências, "a variável chave na
questão tarifária é o crescimento
da economia e do consumo de
energia". Segundo ele, se houver
expansão mais acelerada do PIB,
a demanda crescerá e substituirá a
necessidade de alta de tarifas.
Com um crescimento de 4,5%
ao ano, a demanda de energia subirá 6,4%, e os 20% de aumento
real de tarifas poderão ser diluídos ao longo de dez anos, e não
em apenas três. O aumento da demanda, de 6,4% ao ano, nesse cenário, compensaria a diluição dos
reajustes de preço, contribuindo
para o reequilíbrio das empresas.
Nesse cenário de crescimento
acelerado -pouco provável, segundo os economistas-, os investimentos em expansão da capacidade do setor teriam de chegar a R$ 26,7 bilhões por ano.
Esses recursos, porém, não existem. Mesmo os R$ 20 bilhões estimados para o cenário mais provável de crescimento do PIB, de
3,4% ao ano, estão muito acima
da capacidade de financiamento
tanto do setor público como do
privado. "O sistema de financiamento público consegue prover
R$ 9 bilhões, o restante terá de vir
do setor privado", diz Guedes.
Compasso de espera
Segundo Cláudio Sales, presidente da Câmara Brasileira de Investidores do Setor Elétrico, os
planos de investimento do setor
privado para o ano que vem estão
em compasso de espera. "Nossa
única palavra é apreensão: as idas
e vindas da nova regulamentação
do setor elétrico não permitem às
empresas fazer investimentos."
Sales diz que o governo desenha
um modelo com forte participação estatal em que os órgãos reguladores não teriam autonomia e
transparência. "Não dá para investir sem saber como será definido o preço da energia", diz.
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