São Paulo, quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Citi recebe injeção de US$ 7,5 bi de fundo árabe

DA REDAÇÃO

O Citigroup anunciou que recebeu uma injeção de capital de US$ 7,5 bilhões de um fundo de Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), em uma transação financeira complexa que garantirá ao fundo 4,9% de participação no banco -e que o tornará o maior acionista individual de uma das maiores instituições financeiras do mundo.
O aporte surge em um momento difícil para o Citi, que no início do mês revelou que deverá perder entre US$ 8 bilhões e US$ 11 bilhões no mercado americano de crédito imobiliário de alto risco, conhecido como "subprime". O prejuízo provocou a renúncia do então presidente e CEO, Charles Prince. No terceiro trimestre, o banco já tinha registrado uma queda de 57% em seu lucro por causa dos problemas no setor de "subprime".
Anteontem, a rede de TV americana CNBC disse que o banco pretende demitir até 45 mil funcionários, em uma tentativa de reduzir os seus custos. O Citi, que emprega cerca de 320 mil pessoas, confirmou que está estudando formas de diminuir gastos, mas não disse se haverá cortes.
Com o anúncio, as ações do Citi subiram 1,92% ontem, colaborando para o bom resultado das principais Bolsas mundiais. No ano, no entanto, os papéis da instituição já se desvalorizaram em 45,1%.
Pelo acordo, o fundo soberano de Abu Dhabi não terá participação na direção do Citigroup nem presença no conselho do grupo. Ele comprará títulos que poderão ser convertidos em ações e rendem 11% por ano, quase o dobro da taxa de juros que o Citigroup oferece a seus investidores em bônus, ressaltando a necessidade do banco de levantar dinheiro.
De acordo com o "Financial Times", apesar de o fundo árabe estar disposto a investir uma quantia maior, o Citi queria limitar a sua participação abaixo dos 5%. Pela legislação dos EUA, se a participação fosse acima de 5%, o Fed (o BC americano) teria que revisar se o acordo daria alguma forma de controle para o fundo.
"Esse investimento, por um dos principais e mais sofisticados investidores do mundo, garante mais capital que permitirá ao Citi ir atrás de oportunidades atrativas para crescer o seu negócio", disse, em nota, o CEO interino, Win Bischoff.

Oriente Médio
Com compra de 4,9% das ações, Abu Dhabi se tornará o principal acionista individual do Citi, passando o príncipe saudita Alwaleed bin Talal bin Abdulaziz al-Saud, que tem 3,6%, e o Capital Group. Isso significa que mais de 8% das ações estarão nas mãos de investidores do Oriente Médio.
Com a alta do petróleo, que tem ficado acima dos US$ 90, os governos dos países do Oriente Médio (onde está concentrada boa parte da produção mundial) estão fazendo grandes investimentos, especialmente nos EUA, graças à desvalorização do dólar. Anteontem, o fundo de Dubai, também nos Emirados Árabes Unidos, disse que fez um investimento "significativo" na Sony.
Segundo a Dealogic, os fundos soberanos (fundos de investimento controlados por governos) fizeram negócios de US$ 33,3 bilhões neste ano. Cerca da metade desse valor foi investida por fundos do Oriente Médio e mais de um terço foi gasto nos Estados Unidos.


Com agências internacionais

Texto Anterior: Expectativa de aumento na produção faz petróleo cair 3%
Próximo Texto: Vinicius Torres Freire: Na xepa, Wall Street vende os anéis
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.