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BRA faz pedido de recuperação judicial
Com a medida, companhia aérea tenta afastar risco de credores pedirem sua falência; dívidas chegam a US$ 100 milhões
Caso o pedido seja aceito pela Justiça, idéia da empresa é tentar um novo modelo de negócios, mais focado nos jatos da Embraer
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
A BRA, com dívidas de US$
100 milhões, seguiu o caminho
de Varig e Vasp e entrou ontem
no Tribunal de Justiça de São
Paulo com pedido de recuperação judicial, mecanismo que
substituiu a concordata com a
nova Lei de Falências.
Com o pedido, a companhia,
que anunciou a suspensão de
suas operações neste mês, tenta afastar a possibilidade de um
eventual pedido de falência de
credores. Com a recuperação
judicial, ficam suspensas por
180 dias todas as ações ou execuções judiciais contra a companhia. Por outro lado, a BRA
ficaria obrigada a apresentar
um plano de recuperação a ser
submetido aos credores, que
podem aprová-lo ou não.
A idéia é que esse modelo de
negócios seja focado no aproveitamento dos 20 jatos que a
BRA adquiriu da Embraer, segundo Humberto Folegatti, dono da companhia. "Hoje só há
novas posições [na "fila" de entregas de aviões] na Embraer
para 2011. Temos posições para
2008, 2009 e 2010. Temos lugar na fila garantido e um preço
muito bem negociado. Isso viabiliza a companhia", disse o
executivo ontem à Folha.
Folegatti é acusado de ter pedido a suspensão dos vôos da
BRA para forçar um novo aporte do Brasil Air Partners -fundo de investimento que detém
20% da companhia. Ele nega.
Em 2006, esse fundo (formado
por sete fundos) aportou US$
70 milhões na BRA, mas entrou
em conflito com o executivo,
que anunciou o seu afastamento da presidência do conselho
de administração da empresa.
Alguns diretores da companhia foram indicação dos fundos, mas tiveram dificuldade
em conseguir informações e fazer mudanças na empresa por
causa da resistência de Folegatti. "Você se dá bem com a
sua família o tempo todo? É
impossível. O fundo é composto por sete sócios. Cada um
com larga experiência de vida,
e infelizmente opinavam todos. Eles nunca entenderam
muito bem esses prejuízos incidentais na companhia".
Para ele, a crise aérea (especialmente prejudicial para uma
companhia de pequeno porte,
sem escala para minimizar prejuízos) e quatro incidentes com
pássaros que entraram em turbinas de aviões da empresa
neste ano ("a lei de Murphy",
como classificou) levaram a
BRA à crise. No primeiro caso,
diz, o prejuízo foi de R$ 40 milhões, e no segundo houve gastos de R$ 32 milhões com reacomodação de passageiros.
Ele diz ainda que foram divulgadas informações mentirosas sobre dificuldades da BRA
com a manutenção de aviões, o
que afetou a demanda.
Nas últimas semanas, a BRA,
que tinha 2,5% dos vôos domésticos em outubro, vinha
buscando novos investidores.
Segundo fontes, a exigência era
que Folegatti se desfizesse de
suas ações na BRA como condição para investimentos. Ou seja, o afastamento da presidência do controle de administração não teria sido suficiente.
Como com a recuperação judicial o futuro é decidido pelos
credores, na prática o pedido é
encarado também como uma
garantia de tirá-lo do controle.
A OceanAir, que fechou contrato com a BRA para transportar os passageiros de bilhetes
que haviam sido emitidos antes
da suspensão das operações da
companhia, afirmou ontem
que nada muda no acordo caso
o pedido de recuperação seja
aceito pela Justiça.
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