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"Não há problema de caixa", afirma diretor da estatal
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O diretor financeiro da Petrobras, Almir Barbassa, afirma, em entrevista à Folha, que
a companhia não atrasou pagamentos a nenhum fornecedor e
que o empréstimo da Caixa não
representa dificuldades no caixa da empresa.
A seguir, os principais trechos da entrevista.

FOLHA - Esse empréstimo foi atípico por dar capital de giro à companhia. Mostra uma fragilidade grave
de caixa neste momento de crise?
ALMIR BARBASSA - Essa foi a 18ª
operação [de crédito] que eu
fiz. Estamos fazendo operações
ao longo do ano para cumprir
com as metas da companhia. E
suprir o caixa de modo adequado para continuar adimplente.
Ela não está atrasada com absolutamente ninguém. O dinheiro não tem uma destinação específica. Tomamos novos financiamentos à medida que a
gente vê a necessidade de recursos em caixa. E vai ser usado
para aquilo que for necessário:
investimento, despesas operacionais, pagamento de despesas operacionais. Não existe dinheiro carimbado aqui.
FOLHA - A taxa de juros é a de mercado ou foi subsidiada?
BARBASSA - Naquele momento
[fim de outubro], era a melhor
taxa [104% do CDI]. A Caixa é
um banco como qualquer outro. Acredito que ela está autorizada também a fazer negócio
com qualquer empresa. Já fiz
negócio com outros bancos
também. Existem outros com
essa dimensão [R$ 2 bilhões].
FOLHA - Como o sr. vê a medida do
CMN que flexibilizou o limite de endividamento da companhia com
bancos no Brasil?
BARBASSA - É antes de tudo
uma medida de justiça. A Petrobras e a BR eram as únicas
que não podiam operar com o
sistema bancário brasileiro por
causa da regra de contingenciamento bancário, adotada no
passado para limitar o endividamento público. Estávamos
proibidos de pegar financiamento. E isso nos impedia de
contratar no Brasil as garantias
exigidas nos leilões da ANP. Tínhamos de ir ao exterior tomar
as garantias. Estávamos operando numa situação completamente injusta [em relação
aos concorrentes].
FOLHA - O sr. fará proximamente
outra captação desse porte?
BARBASSA - As condições de
mercado não são favoráveis a
ninguém, mas temos operações
a serem concretizadas com
bancos estrangeiros em breve.
FOLHA - A crise pegou a Petrobras
no contrapé?
BARBASSA - Não pegou. A Petrobras está adequadamente
suprida [de recursos].
FOLHA - A oposição disse que a Petrobras está sem dinheiro para pagar aos fornecedores...
BARBASSA - Se alguém me indicar um só fornecedor da Petrobras cujo pagamento está atrasado, um apenas, eu gostaria de
conhecê-lo. Pagamos todas as
nossas contas. Em outubro, recolhemos R$ 11,4 bilhões em
tributos.
FOLHA - Esse volume de pagamento de tributos é atípico?
BARBASSA - Tivemos um lucro
recorrente de variação cambial
[de R$ 10,9 bilhões, recorde para o terceiro trimestre], que é
um lucro contábil, mas que não
gera caixa. Esse lucro gera pagamento de tributos, que consome parte do caixa. Ele elevou
o pagamento de tributos, enquanto não gerou caixa. Do outro lado, nós tivemos o pico do
preço do petróleo durante esse
trimestre e pagamos participação especial também sobre o
preço internacional.
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