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Crise em Dubai pode ameaçar emergentes
Bank of America afirma que possível calote do emirado pode secar fluxo de capital para economias em desenvolvimento
Liderado pelo HSBC, setor financeiro britânico, que teve de ser resgatado pelo governo, é o que mais emprestou para país árabe
DA REDAÇÃO
Os grandes bancos britânicos, que, em grande parte, só
atravessaram a crise no ano
passado graças à intervenção
do governo, são os mais expostos às dívidas de Dubai e dos demais seis emirados que compõem os Emirados Árabes.
Lideradas pelo HSBC, as instituições financeiras britânicas
tinham emprestados US$ 50
bilhões para empresas da região em 2008, de um total de
US$ 123 bilhões concedidos pelos bancos estrangeiros, segundo o BIS (Banco para Compensações Internacionais).
O HSBC, o maior banco da
Europa, é o que aparece como o
mais exposto a possíveis dívidas, com US$ 17 bilhões em empréstimo, seguido pelo Standard Chartered (instituição
que tem participação da holding Dubai World), com US$
7,8 bilhões, e pelo RBS, com
US$ 3,6 bilhões -os três bancos são britânicos, o que reflete
o foco deles em mercados
emergentes e as ligações históricas entre os dois países.
O presidente-executivo do
HSBC, Michael Geoghegan,
disse estar "confiante" de que
Dubai e o restante do país vão
"superar quaisquer problemas
de curto prazo que enfrentem".
No início deste ano, o governo do Reino Unido assumiu o
controle de dois dos maiores
bancos do país, o RBS e o
Lloyds, que tinham dívidas bilionárias e colaboraram para a
paralisia do crédito que levou a
economia à recessão.
A preocupação com os efeitos da crise em Dubai nos bancos britânicos fez o governo
Gordon Brown se manifestar
sobre o caso. Segundo porta-voz, a visão do governo é que as
instituições financeiras estão
suficientemente capitalizadas
depois de serem submetidas a
"rigorosos testes de estresse."
Nesses testes, foi analisada a
capacidade dos bancos de enfrentarem novas perdas.
A preocupação com o possível calote de US$ 59 bilhões pela Dubai World (que possui empresas no emirado e participação em dezenas de outras pelo
resto do mundo), porém, não
está restrita aos bancos.
Entre analistas, existe o temor de que, caso a proposta de
Dubai de reestruturação da dívida não seja aceita pelos credores, se transforme em uma
moratória com efeitos parecidos aos da feita pela Argentina,
no início desta década, e pela
Rússia, no fim dos anos 90. Ou
seja, o temor se espalharia para
os demais mercados emergentes e secaria o fluxo de capital
para essas economias.
Para Benoit Anne e Daniel
Tenengauzer, analistas do
Bank of America, a moratória
por parte de Dubai pode levar a
"uma parada brusca no fluxo de
capital para os mercados emergentes" e ser "um grande passo
para trás" na recuperação da
crise financeira global.
Mas também há quem diga
que a reação nos mercados, especialmente anteontem, foi
exagerada e que é preciso esperar pelo menos até a semana
que vem, quando o governo de
Dubai promete mais detalhes
de seu plano para as dívidas.
"Dubai, na verdade, é mais
um sintoma, um legado de um
boom anterior, do que um indicativo de um começo de uma
série de questões que vão criar
uma crise sistêmica nos mercados emergentes", afirmou Kevin Grice, economista da Capital Economics, de Londres. "Os
mercados pressupõem o pior
cenário possível."
Mohamed El-Erian, presidente da Pimco, um dos maiores fundos do mundo, afirmou
que os problemas de Dubai podem servir para uma correção
nos preços das ações em Bolsa,
mas descartou que as quedas
nos mercados desde o anúncio
de quarta-feira por Dubai sejam indício de mais uma crise.
Ontem, as Bolsas na Ásia e
nos EUA (onde ela não funcionou anteontem devido a feriado) tiveram perdas, enquanto
os mercados no Brasil e na Europa recuperaram parte das
quedas da quinta-feira.
Com agências internacionais, "Financial Times"
e "The New York Times"
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