São Paulo, sábado, 28 de dezembro de 2002

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O ANO DO DRAGÃO

É o segundo reajuste em menos de um mês; diesel terá a mesma alta, e gás de cozinha deve subir 4,9%

Gasolina aumenta 9,5% hoje à meia-noite

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Menos de um mês depois de elevar seus preços e a quatro dias do final do governo Fernando Henrique Cardoso, a Petrobras reajustou novamente os combustíveis. A gasolina aumentará 12,8% nas refinarias a partir da meia-noite de hoje. O diesel subirá 11,3%. O gás de cozinha, 7,7%.
A Petrobras calculou em quanto os reajustes serão repassados ao consumidor. No caso da gasolina e do óleo diesel, o preço nas bombas deve aumentar 9,5%, se os revendedores não aumentarem suas margens nem os Estados, o ICMS. Para o gás de botijão, a alta esperada é de 4,9%.
A Fecombustíveis (federação nacional dos postos) também estima aumento em torno de 9% tanto para o diesel como para a gasolina. O Sindigás (sindicato das distribuidoras de gás) prevê 5% de alta no preço do botijão.

Poderia ter sido maior
Ao justificar os aumentos, a Petrobras informou que eles ocorreram por causa da elevação das cotações do petróleo e dos derivados no mercado internacional nas últimas semanas. O motivo apontado foi a greve de quase um mês na estatal venezuelana PDVSA, uma das maiores exportadoras de petróleo e combustíveis do mundo.
Com a greve geral na Venezuela e a crescente possibilidade de guerra EUA-Iraque, o preço do óleo disparou: em Londres, atingiu os níveis registrados na época dos ataques de 11 de setembro; em Nova York, é o maior desde novembro de 2000. Ontem, o barril superou US$ 32.
Segundo a Petrobras, as altas só não foram maiores porque o dólar caiu desde o último aumento, no começo do mês, amortecendo os reajustes.
Não foram só os derivados usados por consumidores finais que subiram. Insumos industriais sofreram aumentos. Subiram de preço o GLP para uso comercial e industrial (6,7%), o óleo combustível (14,4%) e a nafta petroquímica (19,4%). Com impacto no preço das passagens, o querosene de aviação será aumentado em 14,8% em 1º de janeiro.

Críticas
Apesar da alta do petróleo, a Petrobras sofreu críticas por parte, principalmente, dos revendedores. A Fecombustíveis informa que o fato de o aumento ter ocorrido próximo ao feriado de Ano Novo e ter sido anunciado numa sexta-feira deixa os postos numa situação difícil.
É que as revendas ficarão sem ter como recompor estoques com preço antigo, pois as distribuidoras não funcionam no fim de semana, quando a entidade espera uma corrida dos consumidores aos postos para aproveitar o preço menor.
"A Petrobras não se preocupa nem com o consumidor final nem com os revendedores. Só visa o interesse dela. O que pode justificar um aumento na sexta-feira, véspera de feriado?", pergunta Álvaro Chagas, presidente da Fergás (federação dos revendedores de gás).
Para ele, o aumento não deve ser repassado já na próxima semana porque o consumo de GLP está muito baixo devido ao final de ano. A Fecombustíveis estima queda de 1% nas vendas em decorrência dos reajustes.

Distribuidores apóiam
Já os distribuidores não compartilham das críticas. Tanto o Sindicom (sindicato das distribuidoras de combustíveis) como o Sindigás (sindicato das distribuidoras de gás) defendem o balizamento de preços pelo mercado internacional e a autonomia da estatal para anunciar reajustes.
Defensor da paridade com o mercado externo, Paulo Barata Ribeiro, diretor do Sindigás, disse que as distribuidoras não aproveitarão o aumento para elevar suas margens.
"Defendemos o livre mercado sempre. Com o preço lá fora disparado, não tinha como a Petrobras segurar", disse Paulo Borguetti, diretor do Sindicom.
Borguetti acrescentou que o governo eleito ainda não sinalizou qual será sua política de preços para os combustíveis, mas disse esperar a manutenção da atual.


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