|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
O ANO DO DRAGÃO
É o segundo reajuste em menos de um mês; diesel terá a mesma alta, e gás de cozinha deve subir 4,9%
Gasolina aumenta 9,5% hoje à meia-noite
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Menos de um mês depois de elevar seus preços e a quatro dias do
final do governo Fernando Henrique Cardoso, a Petrobras reajustou novamente os combustíveis.
A gasolina aumentará 12,8% nas
refinarias a partir da meia-noite
de hoje. O diesel subirá 11,3%. O
gás de cozinha, 7,7%.
A Petrobras calculou em quanto
os reajustes serão repassados ao
consumidor. No caso da gasolina
e do óleo diesel, o preço nas bombas deve aumentar 9,5%, se os revendedores não aumentarem
suas margens nem os Estados, o
ICMS. Para o gás de botijão, a alta
esperada é de 4,9%.
A Fecombustíveis (federação
nacional dos postos) também estima aumento em torno de 9%
tanto para o diesel como para a
gasolina. O Sindigás (sindicato
das distribuidoras de gás) prevê
5% de alta no preço do botijão.
Poderia ter sido maior
Ao justificar os aumentos, a Petrobras informou que eles ocorreram por causa da elevação das cotações do petróleo e dos derivados no mercado internacional nas
últimas semanas. O motivo apontado foi a greve de quase um mês
na estatal venezuelana PDVSA,
uma das maiores exportadoras de
petróleo e combustíveis do mundo.
Com a greve geral na Venezuela
e a crescente possibilidade de
guerra EUA-Iraque, o preço do
óleo disparou: em Londres, atingiu os níveis registrados na época
dos ataques de 11 de setembro; em
Nova York, é o maior desde novembro de 2000. Ontem, o barril
superou US$ 32.
Segundo a Petrobras, as altas só
não foram maiores porque o dólar caiu desde o último aumento,
no começo do mês, amortecendo
os reajustes.
Não foram só os derivados usados por consumidores finais que
subiram. Insumos industriais sofreram aumentos. Subiram de
preço o GLP para uso comercial e
industrial (6,7%), o óleo combustível (14,4%) e a nafta petroquímica (19,4%). Com impacto no preço das passagens, o querosene de
aviação será aumentado em
14,8% em 1º de janeiro.
Críticas
Apesar da alta do petróleo, a Petrobras sofreu críticas por parte,
principalmente, dos revendedores. A Fecombustíveis informa
que o fato de o aumento ter ocorrido próximo ao feriado de Ano
Novo e ter sido anunciado numa
sexta-feira deixa os postos numa
situação difícil.
É que as revendas ficarão sem
ter como recompor estoques com
preço antigo, pois as distribuidoras não funcionam no fim de semana, quando a entidade espera
uma corrida dos consumidores
aos postos para aproveitar o preço menor.
"A Petrobras não se preocupa
nem com o consumidor final nem
com os revendedores. Só visa o
interesse dela. O que pode justificar um aumento na sexta-feira,
véspera de feriado?", pergunta Álvaro Chagas, presidente da Fergás
(federação dos revendedores de
gás).
Para ele, o aumento não deve
ser repassado já na próxima semana porque o consumo de GLP
está muito baixo devido ao final
de ano. A Fecombustíveis estima
queda de 1% nas vendas em decorrência dos reajustes.
Distribuidores apóiam
Já os distribuidores não compartilham das críticas. Tanto o
Sindicom (sindicato das distribuidoras de combustíveis) como
o Sindigás (sindicato das distribuidoras de gás) defendem o balizamento de preços pelo mercado
internacional e a autonomia da
estatal para anunciar reajustes.
Defensor da paridade com o
mercado externo, Paulo Barata
Ribeiro, diretor do Sindigás, disse
que as distribuidoras não aproveitarão o aumento para elevar
suas margens.
"Defendemos o livre mercado
sempre. Com o preço lá fora disparado, não tinha como a Petrobras segurar", disse Paulo Borguetti, diretor do Sindicom.
Borguetti acrescentou que o governo eleito ainda não sinalizou
qual será sua política de preços
para os combustíveis, mas disse
esperar a manutenção da atual.
Texto Anterior: Painel S/A Próximo Texto: Petróleo segue em alta em NY e Londres Índice
|