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Fusões e aquisições crescem 44% no ano
Pesquisa da PricewaterhouseCoopers mostra que as empresas locais foram mais agressivas que as estrangeiras nas compras
Das 560 transações realizadas, 140 tiveram
seu valor divulgado e totalizaram investimento de US$ 40,7 bilhões
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os grandes negócios ignoraram a expansão raquítica do
PIB (Produto Interno Bruto),
as crises políticas geradas pelo
mensalão e pelos sanguessugas
e deram um salto neste ano. O
número de fusões e aquisições
de empresas cresceu 44% em
relação a 2005, totalizando 560
transações, segundo relatório
da PricewaterhouseCoopers,
divulgado ontem.
Cresceram também o valor
total e o valor médio das transações em relação ao ano passado. Apenas 140 dessas operações tiveram seu valor divulgado neste ano e movimentaram
US$ 40,7 bilhões. No ano passado, das 103 transações cujos
valores eram conhecidos, o movimento foi de US$ 11,2 bilhões.
O valor médio por transação
saltou de US$ 108,5 milhões em
2005 para US$ 291 milhões
neste ano.
As empresas nacionais foram
com maior ímpeto às compras
do que as estrangeiras. As empresas locais foram responsáveis por 58% das aquisições e as
estrangeiras, por 42%. Muitas
dessas transações foram investidas de brasileiras comprando
estrangeiras lá fora.
O maior negócio do ano, inclusive, foi a aquisição da canadense Inco pela Vale do Rio Doce, por US$ 14,9 bilhões. "Esse é
um dado positivo, reflete o dinamismo da economia e as
boas oportunidades de negócios no exterior para as companhias locais", diz Raul Beer, sócio responsável pela área de fusões e aquisições da PricewaterhouseCoopers. Na sua opinião, as incursões das companhias locais no exterior não significam fuga do capital local do
país, mas resultam do fortalecimento dessas companhias.
Dados do Depec (Departamento de Pesquisas Econômicas) do Bradesco mostram que
o investimento direto brasileiro bruto (sem descontar as repatriações) no exterior chegou
a US$ 24,7 bilhões neste ano,
até outubro. O país tem hoje
um estoque de investimentos
diretos lá fora no valor de US$
193,1 bilhões, que renderam,
até outubro, US$ 986,5 milhões
de dividendos remetidos ao
país.
Beer também não vê falta de
entusiasmo de investidores estrangeiros com o país. "As compras feitas por estrangeiros aumentaram 39% neste ano em
relação a 2005. O crescimento
do PIB em torno de 2,5% a 3%
ao ano é baixo, mas é um bom
crescimento, pois traz oportunidades", argumenta. Segundo
ele, "nos próximos anos a tendência de aumento do número
de transações deve se manter".
A estimativa para 2007 é de
crescimento entre 20% e 30%.
Surpresa
O movimento de fusões e
aquisições no Brasil, em 2006,
surpreendeu a PricewaterhouseCoopers. No início do ano, a
empresa projetava crescimento de 10%. "Alguns fatos inesperados ajudaram a impulsionar os negócios", diz Beer.
Um deles foi a expansão da
Bolsa em "ritmo frenético",
com operações de emissões
primárias de ações (IPOs) que
contribuíram indiretamente
para o aumento das transações.
"As empresas captaram dinheiro relativamente barato, pois
quanto maior a valorização da
Bolsa menor o custo de capital", observa Beer.
Os recursos obtidos nas
emissões de ações foram usados para comprar participações
ou o controle de outras companhias.
Foi o caso da Lupatech, que
produz válvulas industriais e
peças fundidas para o setor automotivo. Ela abriu o capital na
Bovespa (Bolsa de Valores de
São Paulo) em maio e, no final
de outubro, comprou três empresas na Argentina.
A valorização da Bolsa também impulsionou negócios em
que o pagamento foi feito com
ações emitidas pela empresa
compradora -caso da aquisição do BankBoston pelo Itaú,
por US$ 2,2 bilhões.
"Quando a empresa está valorizada em Bolsa e suas ações
têm liquidez, ela consegue
comprar outra dando um número menor de ações em pagamento do que se elas estivessem desvalorizadas", diz Beer.
"Esse é um mecanismo muito
usado no exterior", acrescenta.
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