São Paulo, domingo, 28 de dezembro de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Consumidor ganha com nova tele, diz Ricardo K

Depois de pouco mais de três anos à frente da Brasil Telecom, Ricardo Knoepfelmacher, 42, deixa a companhia no início de 2009 e volta para a gestora de recursos Angra Partners.
Seu lugar será ocupado por Luiz Eduardo Falco, presidente da Oi, a nova dona da BrT. Nessa entrevista, concedida por e-mail, Ricardo K defende a criação da nova companhia (Oi-Brt). Afirma que a competição vai até aumentar, na medida em que a nova empresa vai competir de igual para igual com as estrangeiras. "Os consumidores vão ganhar mais uma opção."

 

FOLHA - Qual o balanço de sua gestão?
RICARDO K
- A visão é altamente positiva. A Brasil Telecom foi totalmente saneada, transformada em uma empresa saudável, com excelente performance. Desde 2005, vimos obtendo sucessivos recordes de lucratividade. A expectativa é a de que, em 2008, tenhamos, mais uma vez, o maior Ebitda (lucro antes do pagamento de juros, impostos, amortizações e depreciações) e o maior lucro da história da BrT, de acordo com os números do terceiro trimestre.

FOLHA - O que o sr. espera da Oi-Brt?
RICARDO K
- A nova empresa cumprirá um papel estratégico para o país. Os consumidores vão ganhar mais uma opção. O país ganha com a criação de uma multinacional de telecomunicações, capaz de concorrer no exterior.

FOLHA - A competição vai ser preservada?
RICARDO K
- Com certeza. Brasil Telecom e Oi atuavam no mercado de massa em áreas geográficas diferentes. A competição até aumenta na medida em que a nova empresa chega para competir de igual para igual com as empresas estrangeiras.

FOLHA - A que o sr. atribui tanto empenho do governo em aprovar a operação?
RICARDO K
- Acho que os acionistas da nova empresa foram muito competentes ao apresentar para as autoridades governamentais os ganhos que a nova empresa trará para a sociedade brasileira. O apoio que o governo deu decorre de uma visão de interesse público. A fusão fará com que a empresa seja mais robusta e tenha escala para competir nacionalmente e no mercado externo. O Brasil não pode prescindir de ter uma grande empresa de telecomunicações com capital nacional.
Basta olharmos exemplos de países como Espanha, Portugal, Inglaterra, França e Estados Unidos.

FOLHA - Os acionistas se opuseram à operação?
RICARDO K
- Apesar de este assunto ter sido tratado somente pelos acionistas, não chegou ao meu conhecimento nenhuma discordância com relação à operação. Foi um negócio positivo para todas as partes.

FOLHA - Há risco de a Oi-BrT ser vendida para o capital estrangeiro?
RICARDO K
- Não conheço o acordo de acionistas, mas já vi declarações de pessoas que conhecem a fundo o documento dando conta de que existem salvaguardas com relação à manutenção do controle nacional. De qualquer forma, o natural direito de preferência preserva ao BNDES e aos fundos de pensão o direito de comprar de algum acionista que esteja vendendo.

FOLHA - Por que o setor recebe tantas críticas dos consumidores?
RICARDO K
- Desde a privatização o setor cresceu de forma muito acelerada. Vamos recordar que antes da privatização as pessoas tinham que "comprar" sua linha telefônica muitas vezes pagando até dois anos antes de usufruir o serviço e por um preço exorbitante. Havia uma grande demanda reprimida, que foi atendida por investimentos feitos pela iniciativa privada que chegaram a quase R$ 190 bilhões em 11 anos. A participação do setor na formação do PIB brasileiro, que não chegava a 1%, atualmente alcança mais de 6%. Em curto espaço de tempo, cumprimos metas bastante rigorosas em termos de universalização do serviço de telefonia fixa, e colocamos à disposição da população serviços de telefonia celular e acesso à internet. O serviço é, de forma geral, de ótima qualidade. O atendimento nas centrais de atendimento sofreu.
Mas também é fato que a maioria das empresas tem buscado reverter esse quadro.

FOLHA - A crise muda alguma coisa?
RICARDO K
- O setor não deve ser muito afetado pela crise econômica. Os serviços de telecomunicações tornaram-se essenciais na vida da maioria das pessoas. As pessoas e as empresas tendem a trocar as reuniões presenciais pelo uso do telefone e da internet. E muitas empresas agora usam as videoconferências. Mesmo na crise o setor tem todas as condições para crescer.

FOLHA - Quais são os seus planos?
RICARDO K
- Vou retornar para a Angra Partners, empresa da qual fui sócio até assumir a presidência da BrT.

PASSARELA
A São Paulo Fashion Week terá neste ano uma parceria com a Universidade Anhembi Morumbi. O acordo prevê programas de trainee para os alunos em disciplinas como jornalismo e moda e investimentos de R$ 1,5 milhão no evento. Paulo Borges, diretor da SPFW, diz que a próxima edição, que está sendo programada há mais de um ano, de algum modo previu a crise e vai exorcizar o mau tempo econômico falando de felicidade. "Pode ter sido intuição, bruxaria, mas parece que já estávamos cheirando a oportunidade desse momento de propor coisas novas", afirma. Para Borges a crise não pegou na moda.

NACIONAL
Lamberto Percussi, sócio e sommelier da Vinheria Percussi, vendeu mais vinho nacional nos últimos meses, segundo ele, com a ajuda da escalada do dólar. Para este final de ano, o sommelier investiu nas vendas do Percussi Reserva Especial, lançamento da casa, que representou 20% do total das vendas no restaurante, que possui aproximadamente 300 opções de cerca de 15 países em sua carta de vinhos.

COMBUSTÍVEL
Um novo combustível foi aprovado pela diretoria da ANP. A especificação do diesel S10, com teor de enxofre cinco vezes menor que o S50, deve permitir à indústria automobilística realizar testes para desenvolver novos motores, a partir de 1º de janeiro. O objetivo da medida é reduzir a emissão de poluentes em zonas metropolitanas.


LEITURA
O banco Nossa Caixa lançou o programa Incentivo à Leitura, biblioteca virtual com 403 livros e 216 títulos de vídeos e DVDs que podem ser consultados pela intranet. A maioria aborda gestão de pessoas, administração e marketing. Um dos mais procurados nos dois primeiros dias foi "O Monge e o Executivo", de James Hunter.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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