UOL


São Paulo, quarta-feira, 29 de janeiro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

TRABALHO

Taxa de 19% da PEA é a segunda maior da história da região metropolitana de São Paulo, segundo o Seade/Dieese

Desemprego volta a bater recorde em 2002

DENISE CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O desemprego na região metropolitana de São Paulo atingiu 19% da População Economicamente Ativa (PEA) em 2002, a segunda maior taxa desde 1985, segundo pesquisa realizada pela Fundação Seade em parceria com o Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos). O pior índice foi registrado em 1999, quando o desemprego bateu em 19,3% da PEA.
A taxa de 19% equivale a 1,788 milhão de desempregados, 10,2% a mais em relação ao 1,622 milhão de desocupados de 2001, que representaram 17,6% da PEA. Em 2002, foram criados cerca de 29 mil postos de trabalhos, insuficientes para absorver o contingente de 195 mil pessoas que ingressaram no mercado.
A abertura de vagas aumentou para 7,625 milhões o número de pessoas ocupadas, um crescimento de apenas 0,4% sobre o total empregado em 2001.
"O Brasil tem um crescimento demográfico de 1,3% por ano e um batalhão de jovens à procura de trabalho. A crise econômica em 2002 freou a abertura de novas vagas, o que elevou a taxa de desemprego", avalia o diretor técnico do Dieese, Sérgio Mendonça.
Embora não disponha de dados sobre o número de jovens que procuraram emprego pela primeira vez no ano passado, Mendonça acredita que eles engrossam a taxa de desempregados a cada ano. As mulheres casadas, diz ele, também passaram a buscar emprego para ajudar no orçamento familiar.
Segundo o técnico, 2002 foi um dos anos mais fracos para a criação de vagas. Para efeito de comparação, ele calcula que de 2000 para 2001 foram gerados 280 mil postos de trabalhos.
Do 1,788 milhão de desocupados no ano passado, 63,7% entram na categoria do desemprego aberto, ou seja, procuraram emprego nos últimos 30 dias antes da realização da pesquisa, que envolveu 3.000 residências por mês. Os outros 36,3% são desempregados ocultos, isto é, estão fazendo "bico" -mas continuam procurando emprego- ou desistiram da busca. "O tempo médio de procura de trabalho foi de 51 semanas em 2002, enquanto em 1987 o indivíduo encontrava emprego em até 14 semanas", diz Mendonça.

Serviços em baixa
Pela primeira vez desde 1985, quando foi iniciada a série histórica da evolução da taxa de desemprego do Dieese/Seade, o setor de serviços registra fechamento de postos de trabalho. Em 2002, foram eliminadas cerca de 8.000 vagas, o que rompe o ritmo de crescimento no setor, que no biênio 2000/2001 contratou 194 mil.
Em 2002, o setor de serviços ocupou 3,965 milhões de pessoas -52% do total empregado. Em 1985, o percentual era de 40,7%. Já o setor industrial, que reduziu sua participação no mercado de trabalho de 33% para 20% nos últimos anos, foi responsável pela geração de 13 mil das 29 mil vagas criadas em 2002, empregando 1,525 milhão de trabalhadores.
O comércio demitiu cerca de 3.000 pessoas e manteve 1,228 milhão de funcionários, o que representa 14% do mercado de trabalho. Na evolução da taxa de desemprego mensal, dezembro de 2002 recuperou cerca de 55 mil postos de trabalho, devido ao aquecimento da economia com as festas de fim de ano e o pagamento do 13º salário. A taxa caiu de 19% em novembro de 2002 para 18,5% no mês seguinte.
Do total, a indústria criou cerca de 26 mil vagas. Os setores de serviços e comércio criaram, respectivamente, 13 mil e 7.000 postos de trabalho. Na categoria outros setores, que envolve os segmentos da construção civil e trabalhos domésticos, o contingente de pessoas empregadas em dezembro superou 23 mil ocupações.
Mendonça ainda destaca o aumento do número de autônomos no mercado de trabalho, de aproximadamente 43 mil pessoas.


Texto Anterior: Painel S/A
Próximo Texto: Rendimento dos ocupados cai 8,3% em 2002
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.