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TRABALHO
Taxa de 19% da PEA é a segunda maior da história da região metropolitana de São Paulo, segundo o Seade/Dieese
Desemprego volta a bater recorde em 2002
DENISE CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O desemprego na região metropolitana de São Paulo atingiu 19%
da População Economicamente
Ativa (PEA) em 2002, a segunda
maior taxa desde 1985, segundo
pesquisa realizada pela Fundação
Seade em parceria com o Dieese
(Departamento Intersindical de
Estatísticas e Estudos Sócio-Econômicos). O pior índice foi registrado em 1999, quando o desemprego bateu em 19,3% da PEA.
A taxa de 19% equivale a 1,788
milhão de desempregados, 10,2%
a mais em relação ao 1,622 milhão
de desocupados de 2001, que representaram 17,6% da PEA. Em
2002, foram criados cerca de 29
mil postos de trabalhos, insuficientes para absorver o contingente de 195 mil pessoas que ingressaram no mercado.
A abertura de vagas aumentou
para 7,625 milhões o número de
pessoas ocupadas, um crescimento de apenas 0,4% sobre o total
empregado em 2001.
"O Brasil tem um crescimento
demográfico de 1,3% por ano e
um batalhão de jovens à procura
de trabalho. A crise econômica
em 2002 freou a abertura de novas
vagas, o que elevou a taxa de desemprego", avalia o diretor técnico do Dieese, Sérgio Mendonça.
Embora não disponha de dados
sobre o número de jovens que
procuraram emprego pela primeira vez no ano passado, Mendonça acredita que eles engrossam a taxa de desempregados a
cada ano. As mulheres casadas,
diz ele, também passaram a buscar emprego para ajudar no orçamento familiar.
Segundo o técnico, 2002 foi um
dos anos mais fracos para a criação de vagas. Para efeito de comparação, ele calcula que de 2000
para 2001 foram gerados 280 mil
postos de trabalhos.
Do 1,788 milhão de desocupados no ano passado, 63,7% entram na categoria do desemprego
aberto, ou seja, procuraram emprego nos últimos 30 dias antes da
realização da pesquisa, que envolveu 3.000 residências por mês. Os
outros 36,3% são desempregados
ocultos, isto é, estão fazendo "bico" -mas continuam procurando emprego- ou desistiram da
busca. "O tempo médio de procura de trabalho foi de 51 semanas
em 2002, enquanto em 1987 o indivíduo encontrava emprego em
até 14 semanas", diz Mendonça.
Serviços em baixa
Pela primeira vez desde 1985,
quando foi iniciada a série histórica da evolução da taxa de desemprego do Dieese/Seade, o setor de
serviços registra fechamento de
postos de trabalho. Em 2002, foram eliminadas cerca de 8.000 vagas, o que rompe o ritmo de crescimento no setor, que no biênio
2000/2001 contratou 194 mil.
Em 2002, o setor de serviços
ocupou 3,965 milhões de pessoas
-52% do total empregado. Em
1985, o percentual era de 40,7%. Já
o setor industrial, que reduziu sua
participação no mercado de trabalho de 33% para 20% nos últimos anos, foi responsável pela geração de 13 mil das 29 mil vagas
criadas em 2002, empregando
1,525 milhão de trabalhadores.
O comércio demitiu cerca de
3.000 pessoas e manteve 1,228 milhão de funcionários, o que representa 14% do mercado de trabalho. Na evolução da taxa de desemprego mensal, dezembro de
2002 recuperou cerca de 55 mil
postos de trabalho, devido ao
aquecimento da economia com as
festas de fim de ano e o pagamento do 13º salário. A taxa caiu de
19% em novembro de 2002 para
18,5% no mês seguinte.
Do total, a indústria criou cerca
de 26 mil vagas. Os setores de serviços e comércio criaram, respectivamente, 13 mil e 7.000 postos
de trabalho. Na categoria outros
setores, que envolve os segmentos
da construção civil e trabalhos domésticos, o contingente de pessoas empregadas em dezembro
superou 23 mil ocupações.
Mendonça ainda destaca o aumento do número de autônomos
no mercado de trabalho, de aproximadamente 43 mil pessoas.
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