São Paulo, sábado, 29 de janeiro de 2005

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DEBATE GLOBAL

Número oficial ainda não foi divulgado pelo IBGE; Palocci defende política de juros do BC e nega mudanças

Lula diz que país cresceu 5,3% em 2004

LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva informou ontem, em discurso no Fórum Econômico Mundial, que a economia cresceu 5,3% no ano passado. É primeira vez que um integrante do governo fala em um número preciso de expansão do PIB (Produto Interno Bruto) referente a 2004.
Até agora, só se dizia que a economia teria crescido em torno de 5%. O dado deve ser divulgado oficialmente pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nos próximos dias.
Lula disse também que está mais otimista do que o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) sobre o desempenho comercial neste ano. O presidente acredita que o Brasil poderá superar os US$ 108 bilhões de superávit estimado por Furlan. "Trabalhamos para que este ano a gente ultrapasse, sou mais otimista que o Furlan, US$ 108 bilhões de dólares de exportações", disse.

Defesa do modelo
Assim como o presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, o ministro Antonio Palocci (Fazenda) defendeu ontem a condução da política monetária, ou seja, a necessidade dos contínuos aumentos de juros. "O maior e mais básico projeto de interesse social num país, do ponto de vista do trabalhador, é o controle da inflação. Não há nada mais importante para a renda das famílias do que o controle da inflação. Esse é um projeto social básico", disse ele, pouco antes da apresentação de Lula no Fórum. "Portanto o BC tem a responsabilidade de perseguir as metas decididas pelo governo. Não pode deixar de dar a mensagem permanentemente contra qualquer pressão inflacionária. Esse é o trabalho do BC."
Em resposta às constantes críticas de economistas à ação do BC, Palocci disse que o que "aborta crescimento é a inflação, não é o controle da inflação". "Estou muito seguro disso. Se nós queremos garantir um crescimento de longo prazo, temos de fazer um combate efetivo e permanente à inflação. Evidentemente, há momentos em que você, para combater à inflação, tem ajustes mais duros. Faz parte, é necessário fazê-lo", ressaltou o ministro.
Palocci praticamente repetiu as palavras de Meirelles, lembrando que muitos economistas diziam em 2003 que o Brasil não cresceria em 2004. "Respeitamos que eles voltem a dizer isso, mas vamos ver se no final do ano os números confirmam as previsões, porque no ano passado tivemos produção industrial recorde e crescimento recorde."
Palocci negou a saída de Meirelles ou de outros diretores do BC e reforçou a tese de que boatos só aumentam a necessidade de autonomia operacional do Banco Central.
"De fato o BC tem, desde a posse do presidente Lula, total autonomia operacional. Isso é evidente hoje, ninguém tem dúvida disso. [...] Mas a autonomia legal [do BC] é um avanço institucional para o país. Neste ano temos que pôr isso na agenda, de forma serena, dialogando com todos, sem forçar o processo", afirmou.


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