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DEBATE GLOBAL
Número oficial ainda não foi divulgado pelo IBGE; Palocci defende política de juros do BC e nega mudanças
Lula diz que país cresceu 5,3% em 2004
LEONARDO SOUZA
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva informou ontem, em discurso no Fórum Econômico Mundial, que a economia cresceu 5,3%
no ano passado. É primeira vez
que um integrante do governo fala em um número preciso de expansão do PIB (Produto Interno
Bruto) referente a 2004.
Até agora, só se dizia que a economia teria crescido em torno de
5%. O dado deve ser divulgado
oficialmente pelo IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística) nos próximos dias.
Lula disse também que está
mais otimista do que o ministro
Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) sobre o desempenho
comercial neste ano. O presidente
acredita que o Brasil poderá superar os US$ 108 bilhões de superávit estimado por Furlan. "Trabalhamos para que este ano a gente
ultrapasse, sou mais otimista que
o Furlan, US$ 108 bilhões de dólares de exportações", disse.
Defesa do modelo
Assim como o presidente do
Banco Central, Henrique Meirelles, o ministro Antonio Palocci
(Fazenda) defendeu ontem a condução da política monetária, ou
seja, a necessidade dos contínuos
aumentos de juros. "O maior e
mais básico projeto de interesse
social num país, do ponto de vista
do trabalhador, é o controle da inflação. Não há nada mais importante para a renda das famílias do
que o controle da inflação. Esse é
um projeto social básico", disse
ele, pouco antes da apresentação
de Lula no Fórum. "Portanto o BC
tem a responsabilidade de perseguir as metas decididas pelo governo. Não pode deixar de dar a
mensagem permanentemente
contra qualquer pressão inflacionária. Esse é o trabalho do BC."
Em resposta às constantes críticas de economistas à ação do BC,
Palocci disse que o que "aborta
crescimento é a inflação, não é o
controle da inflação". "Estou
muito seguro disso. Se nós queremos garantir um crescimento de
longo prazo, temos de fazer um
combate efetivo e permanente à
inflação. Evidentemente, há momentos em que você, para combater à inflação, tem ajustes mais
duros. Faz parte, é necessário fazê-lo", ressaltou o ministro.
Palocci praticamente repetiu as
palavras de Meirelles, lembrando
que muitos economistas diziam
em 2003 que o Brasil não cresceria
em 2004. "Respeitamos que eles
voltem a dizer isso, mas vamos
ver se no final do ano os números
confirmam as previsões, porque
no ano passado tivemos produção industrial recorde e crescimento recorde."
Palocci negou a saída de Meirelles ou de outros diretores do BC e
reforçou a tese de que boatos só
aumentam a necessidade de autonomia operacional do Banco
Central.
"De fato o BC tem, desde a posse
do presidente Lula, total autonomia operacional. Isso é evidente
hoje, ninguém tem dúvida disso.
[...] Mas a autonomia legal [do
BC] é um avanço institucional para o país. Neste ano temos que pôr
isso na agenda, de forma serena,
dialogando com todos, sem forçar
o processo", afirmou.
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