|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Brasil apoia pacote Obama de regulação
Celso Amorim afirma que plano de controlar riscos de bancos "vai na direção correta" e não é populista
CLÓVIS ROSSI
ENVIADO ESPECIAL A DAVOS
O chanceler brasileiro Celso
Amorim saiu ontem em defesa
do pacote do presidente Barack
Obama de regulação do sistema
financeiro, que está sob fogo
cerrado da banca e de setores
empresariais, por ser considerado "populista".
"Não me parece nada populista. Vai na direção correta da
regulação", disse Amorim, enquanto esperava a chegada do
chanceler iraniano Manoucher
Mottaki para um encontro bilateral. A reação de Amorim combina com o cenário que ficou
evidente em Davos, nas discussões do encontro anual do Fórum Econômico Mundial: líderes políticos alinham-se com
Obama, enquanto os dirigentes
empresariais vão ao ataque.
Mesmo um executivo ponderado como Caio Koch-Weser,
vice-presidente do grupo
Deutsche Bank, que acha "correta" a filosofia do pacote, critica "os detalhes" e diz que "não
vão funcionar".
Não vai funcionar, acha
Koch-Weser, a separação prevista no plano Obama entre
bancos comerciais e bancos de
investimento, pela simples razão de que, em muitas operações, as funções se confundem.
Mas a principal crítica ao pacote do presidente norte-americano é virtualmente consensual: "O erro foi fazer as coisas à
margem do G20", diz o executivo germano-brasileiro (nasceu
no Paraná e continua falando
português com pouco sotaque e
muita fluência).
Nesse ponto, mesmo os defensores do plano acham que
ou se faz uma regulação global
ou não vai dar certo. O argumento é o mesmo que se utiliza
no Brasil para criticar a "guerra
fiscal" ou, globalmente, para
atacar paraísos fiscais.
Se a regulação rígida ficar
restrita aos EUA, a banca vai
operar a partir de países em que
os controles sejam menos rígidos. Ou seja, os excessos continuarão a ser praticados, com
efeitos globais.
Até Nouriel Roubini, da Universidade de Nova York, defensor da regulação, diz: "Se a economia é globalizada, a regulação tem que ser globalizada".
Faz sentido, mas as tentativas de propor regulação/supervisão global, no âmbito do G20
nunca prosperaram, por oposição dos EUA. É verdade que as
primeiras tentativas surgiram
durante a reunião ministerial
de São Paulo, em 2008, quando
o presidente ainda era George
W. Bush, cujo DNA é avesso a
intervenção oficial.
Mas depois da posse de Obama tampouco houve progressos na discussão.
Texto Anterior: Bradesco lucra R$ 8 bi e prevê retomada do crédito Próximo Texto: Empréstimos a empresas da AL crescem 7% Índice
|