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BB pretende levantar até R$ 10 bi na maior oferta global de ações
Recursos serão utilizados para expandir crédito e manter participação de mercado obtida em 2009
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O Banco do Brasil está com
tudo preparado para iniciar, assim que melhorar o apetite do
mercado de capitais, uma das
maiores ofertas de ações do
mundo neste ano. Na operação,
o banco prevê levantar entre
R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões
com a venda de papéis tanto no
Brasil quanto no exterior.
A oferta do BB, prevista para
março, será a maior captação
de recursos no país desde a entrada da unidade brasileira do
espanhol Santander na Bolsa,
que obteve R$ 13,1 bilhões dos
investidores. Deve superar
também a captação de US$ 5 bilhões do estatal Banco da China, por meio da venda de títulos
de dívida que podem ser convertidos em ações, prevista
também para o início do ano.
Os recursos obtidos serão
utilizados para expandir as
operações de crédito e para
manter a participação de mercado conquistada das instituições privadas em 2009.
Com a venda de ações, o BB
deve resolver dois problemas:
elevar a capacidade de fazer novos empréstimos (o banco está
próximo do limite) e ainda
atender a exigência do Novo
Mercado da BM&FBovespa, de
ter 25% das ações pulverizadas
entre acionistas minoritários.
Hoje, o BB só tem 21,77% das
ações negociadas livremente
na Bolsa.
Para atender essas duas proposições, o BB deve vender novas ações e, simultaneamente,
o Tesouro Nacional e o
BNDESPar terão de se desfazer
de uma pequena participação,
estimada em 5%, no banco. O
Tesouro tem hoje 53,65% do
BB e o BNDESPar, 2,49%. A
Previ, fundo de pensão dos funcionários do banco, soma
10,36% e o Fundo Garantidor
de Exportações, 8,93%.
Mau humor do mercado
Diferentemente da operação
do Santander, a oferta do BB
acontece em um período de
mau humor nos mercados globais e de saída de recursos do
investidor estrangeiro do país,
que desvaloriza o preço das
ações brasileiras em dólares.
"Precisa ver o "timing" dessa
operação. Este primeiro mês
foi ruim para a Bolsa; parece
que o apetite do investidor estrangeiro pelo Brasil está diminuindo. Há várias nuvens que
não estavam aqui na época do
Santander, quando era aquele
céu de brigadeiro", disse Luís
Miguel Santacreu, analista da
consultoria Austin Ratings.
"O BB armou tudo no ano
passado para promover essa capitalização com sucesso em
2010. O problema é o clima do
mercado, mas o investidor estrangeiro tem todo o interesse
de entrar no Banco do Brasil,
que está bem posicionado e é líder de mercado", disse João
Augusto Salles, analista de bancos da consultoria Lopes Filho.
No ano passado, o BB começou a negociar seus papéis nos
EUA e obteve autorização do
governo para que os investidores estrangeiros elevassem sua
participação de 12,5% para até
20% do seu capital.
Na oferta, o BB deve priorizar
o investidor pessoa física na
alocação de ações, reduzindo a
possibilidade de rateio. No caso, o pequeno investidor deverá
ter um lote de ações garantido,
possivelmente de 10% a 20%,
para só depois a oferta ser dirigida aos fundos de investimento nacionais e estrangeiros.
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