São Paulo, sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

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BB pretende levantar até R$ 10 bi na maior oferta global de ações

Recursos serão utilizados para expandir crédito e manter participação de mercado obtida em 2009

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Banco do Brasil está com tudo preparado para iniciar, assim que melhorar o apetite do mercado de capitais, uma das maiores ofertas de ações do mundo neste ano. Na operação, o banco prevê levantar entre R$ 8 bilhões e R$ 10 bilhões com a venda de papéis tanto no Brasil quanto no exterior.
A oferta do BB, prevista para março, será a maior captação de recursos no país desde a entrada da unidade brasileira do espanhol Santander na Bolsa, que obteve R$ 13,1 bilhões dos investidores. Deve superar também a captação de US$ 5 bilhões do estatal Banco da China, por meio da venda de títulos de dívida que podem ser convertidos em ações, prevista também para o início do ano.
Os recursos obtidos serão utilizados para expandir as operações de crédito e para manter a participação de mercado conquistada das instituições privadas em 2009.
Com a venda de ações, o BB deve resolver dois problemas: elevar a capacidade de fazer novos empréstimos (o banco está próximo do limite) e ainda atender a exigência do Novo Mercado da BM&FBovespa, de ter 25% das ações pulverizadas entre acionistas minoritários. Hoje, o BB só tem 21,77% das ações negociadas livremente na Bolsa.
Para atender essas duas proposições, o BB deve vender novas ações e, simultaneamente, o Tesouro Nacional e o BNDESPar terão de se desfazer de uma pequena participação, estimada em 5%, no banco. O Tesouro tem hoje 53,65% do BB e o BNDESPar, 2,49%. A Previ, fundo de pensão dos funcionários do banco, soma 10,36% e o Fundo Garantidor de Exportações, 8,93%.

Mau humor do mercado
Diferentemente da operação do Santander, a oferta do BB acontece em um período de mau humor nos mercados globais e de saída de recursos do investidor estrangeiro do país, que desvaloriza o preço das ações brasileiras em dólares.
"Precisa ver o "timing" dessa operação. Este primeiro mês foi ruim para a Bolsa; parece que o apetite do investidor estrangeiro pelo Brasil está diminuindo. Há várias nuvens que não estavam aqui na época do Santander, quando era aquele céu de brigadeiro", disse Luís Miguel Santacreu, analista da consultoria Austin Ratings.
"O BB armou tudo no ano passado para promover essa capitalização com sucesso em 2010. O problema é o clima do mercado, mas o investidor estrangeiro tem todo o interesse de entrar no Banco do Brasil, que está bem posicionado e é líder de mercado", disse João Augusto Salles, analista de bancos da consultoria Lopes Filho.
No ano passado, o BB começou a negociar seus papéis nos EUA e obteve autorização do governo para que os investidores estrangeiros elevassem sua participação de 12,5% para até 20% do seu capital.
Na oferta, o BB deve priorizar o investidor pessoa física na alocação de ações, reduzindo a possibilidade de rateio. No caso, o pequeno investidor deverá ter um lote de ações garantido, possivelmente de 10% a 20%, para só depois a oferta ser dirigida aos fundos de investimento nacionais e estrangeiros.


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