Resultado é vitória para governo dos EUA, que teve resistência do Senado

Debates que antecederam a votação foram focados no modo como banco central administrou a crise e como ele poderia tê-la evitado

JANAINA LAGE
DE NOVA YORK

O Senado dos Estados Unidos aprovou ontem por 70 votos a 30 o nome de Ben Bernanke para um segundo mandato, de quatro anos, à frente do Fed, o banco central americano. O resultado representa uma vitória para o governo, que vinha defendendo a nova gestão de Bernanke e chegou a afirmar que um resultado negativo poderia ter consequências prejudiciais para o mercado.
Apesar da vitória, o nome de Bernanke enfrentou resistência recorde no Senado. O número de votos negativos é quase o dobro do que recebeu o ex-presidente do Fed e atual conselheiro da Casa Branca Paul Volcker, em 1983. Os debates que antecederam a votação foram focados na maneira como o Fed administrou a crise e como ele poderia ter evitado a explosão da crise em setembro de 2008 se tivesse adotado medidas contra a bolha imobiliária.
As discussões sobre a direção do Fed coincidiram com um momento em que os americanos se ressentem do alto desemprego e dos recursos oferecidos pelo governo federal para socorrer as instituições financeiras durante a crise. Em seu discurso sobre o Estado da União, anteontem, o presidente Barack Obama disse que "odiou" as medidas de socorro aos bancos ameaçados, mas que as ações foram necessárias.
Os defensores do presidente do Fed usaram como argumento o fato de que, sob o comando de Bernanke, o país superou o pior momento da crise e evitou que os EUA mergulhassem em uma nova Grande Depressão.
Um dos maiores críticos à indicação de Bernanke, o senador independente de Vermont Bernie Sanders disse que parecia uma má ideia indicar alguém novamente para um cargo no qual falhou em tarefas importantes, que conduziram o país a uma grave recessão.
Já o senador Judd Gregg, republicano de New Hampshire, disse que as medidas adotadas pelo banco evitaram o colapso. "Ele permitiu que o Fed se tornasse o a instituição que empresta para a nação. Ninguém havia feito isso antes", disse.
Mesmo após a aprovação de Bernanke, o Fed deve continuar alvo de discussões. O governo pretende aprovar a reforma da regulação do sistema financeiro. O governo propõe que o banco concentre os poderes de regulação, uma proposta que recebe críticas do Senado.


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