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PF agora não vê espionagem na Petrobras
Polícia prende 4 vigilantes de empresa que faz serviço de segurança à estatal e descarta "totalmente" espionagem industrial
Quadrilha vinha fazendo pequenos furtos desde setembro, e PF ainda busca possíveis receptores de equipamentos roubados
Rafael Andrade/Folha Imagem
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O superintendente da PF Valdinho Jacinto Caetano apresenta material da Petrobras apreendido com detidos acusados de furto
MÁRCIA BRASIL
DA SUCURSAL DO RIO
SERGIO TORRES
ENVIADO ESPECIAL A MACAÉ (RJ)
A versão de que espiões a serviço de concorrentes da Petrobras e até de governos estrangeiros tinham furtado dados sigilosos da Petrobras ruiu ontem com a prisão de quatro vigilantes de um terminal de contêineres no porto do Rio e a recuperação de parte dos equipamentos nas casas dos acusados.
"Está totalmente descartada
a hipótese de ter sido um crime
de espionagem industrial ou de
pirataria", disse ontem o superintendente da PF (Polícia Federal) no Rio, Valdinho Jacinto
Caetano, que, em entrevista há
sete dias, anunciara que não
havia a possibilidade de ter
ocorrido um crime comum.
Os acusados são seguranças
da empresa Bric Log, que atua
para a Poliporto, na zona portuária. Segundo a PF, um disco
rígido foi destruído, e um pen
drive, vendido a um receptador.
O restante do material furtado,
entre eles quatro notebooks, foi
recuperado pela PF.
Na sexta passada, Caetano
havia afirmado: "Num caso de
roubo comum, leva-se o computador inteiro, e não o HD
[disco rígido]. Quem procura o
HD procura as informações nele contidas, o que nos leva a
descartar a hipótese de roubo
comum. Essa forma [de ação]
nos leva a crer que realmente
havia o interesse específico em
determinado equipamento".
Ontem, questionado sobre a
afirmação de sexta, ele afirmou
que não havia descartado totalmente crime comum. Acrescentou que as investigações
prosseguem, já que há a suspeita do envolvimento de outras
pessoas, como receptadores.
Os vigilantes presos são Alexandro de Araújo Maia, Éder
Rodrigues da Costa, Michel
Mello da Costa e Cristiano da
Silva Tavares. Até a conclusão
desta edição, ainda não tinham
advogados constituídos.
Os equipamentos furtados,
incluindo os computadores, foram encontrados por policiais
federais nas casas do acusados,
em Parada de Lucas (zona norte), Campo Grande (zona oeste) e nos municípios de Nilópolis e São Gonçalo.
Segundo o superintendente,
a quadrilha vinha fazendo pequenos furtos desde setembro.
Ele disse que os furtos não
eram percebidos pela Petrobras porque a quadrilha retirava, inicialmente, apenas pequenas peças dos computadores.
"Quando eles passaram a furtar peças maiores, como laptops e monitores, começaram a
ser notados", afirmou Caetano.
Inicialmente, sem esperar o
resultado das investigações, a
PF e autoridades do governo
divulgaram que o crime seria
espionagem industrial. Os autores teriam interesse em dados estratégicos e sigilosos da
exploração na bacia de Santos,
especialmente do campo de Júpiter, megareserva de gás descoberta recentemente.
Os investigadores da PF, a
despeito das declarações dos
superiores, sempre acreditaram em furto comum. Achavam que criminosos especializados em espionagem industrial agiriam de outra forma,
procurariam não deixar vestígios, obteriam as informações
sem arrombar cadeados, destruir lacres ou mexer em tudo o
que havia no contêiner.
Segundo a PF, um dos acusados chegou a destruir parte do
material furtado quando soube
que havia investigações policiais. "Eles não tinham a menor
idéia do que havia dentro dos
computadores", disse Caetano.
Além dos quatro computadores, foram recuperados um monitor, uma impressora, uma
mochila especial para carregar
notebooks e uma maleta de ferramentas.
Para chegar aos quatro suspeitos, os agentes da PF ouviram os integrantes de equipes
da Poliporto que trabalharam
nos dias em que foram constatados casos de furtos.
"Depois de identificar os suspeitos, os policiais passaram a
coletar informações sobre onde eles, seus amigos e parentes
moravam e até os locais que
freqüentavam nas horas de lazer", disse Caetano.
Pelo menos três furtos ocorreram no terminal da Poliporto
desde janeiro. Sumiram equipamentos de informática da
Petrobras que estavam em uma
caixa e um contêiner trazidos,
em ocasiões diversas, da bacia
de Santos para Macaé, com escala no Rio.
Na semana passada, foi descoberto mais um furto. Sumiram aparelhos dentro de uma
caixa, que também seguiu para
Macaé. Os furtos aconteciam
sempre no terminal da empresa, que presta serviços à Petrobras, disse a PF.
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