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Banco Central registra prejuízo de R$ 47,5 bilhões
Por causa do câmbio, perdas no ano passado foram 255% maiores que as de 2006
Queda do dólar afeta saldo das reservas internacionais e resultado de operações do banco no mercado; prejuízo é coberto pelo Tesouro
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A queda do dólar provocou
um prejuízo de R$ 47,5 bilhões
ao Banco Central, graças à política de acumulação de reservas
em moeda estrangeira adotada
pela instituição desde 2004. As
perdas do ano passado foram
255% maiores do que aquelas
apuradas em 2006.
A cotação do dólar recuou
17,2% ao longo do ano passado,
e esse movimento teve impacto
negativo de R$ 55,6 bilhões sobre as contas do BC. Esse prejuízo pode ser dividido em duas
partes: as compras de dólares
feitas no mercado de câmbio e
as operações com o chamado
"swap" cambial reverso.
As compras de dólares têm
sido feitas nos últimos anos
com dois objetivos. O primeiro
deles é reforçar as reservas internacionais do país, que, no final de 2002, estavam em cerca
de US$ 16 bilhões -o menor valor já registrado no Brasil. Graças às intervenções feitas pelo
BC, no fim do ano passado esse
valor já havia subido para US$
180 bilhões.
Por ter acumulado um saldo
bilionário de dólares, o BC tem
perdas igualmente bilionárias
sempre que a cotação da moeda
dos EUA cai. Foi o que aconteceu no ano passado.
Além disso, as aquisições de
divisas no mercado ajudavam a
conter a queda do dólar. Entre
janeiro e dezembro do ano passado, a cotação da moeda passou de R$ 2,138 para R$ 1,771.
Embora não tenha sido capaz
de impedir a valorização do
real, essa tendência teria sido
ainda mais forte se não fosse a
ação do BC, pois, quanto maior
a procura pela moeda dos Estados Unidos, mais alta tende a
ser sua cotação.
Também para tentar segurar
a queda do dólar, são feitas operações com o "swap" cambial
reverso. Esse é o nome dado a
um contrato negociado no
mercado financeiro em que um
grupo de bancos se compromete a pagar ao BC toda a variação
da taxa de câmbio que se acumular em determinado período. Em compensação, BC paga
aos bancos uma determinada
taxa de juros, que é fixada com
base na taxa Selic.
Graças a esse mecanismo, o
BC tem ganhos sempre que a
cotação do dólar sobe. Como
não é isso o que tem acontecido
nos últimos anos, a instituição
tem acumulado seguidos prejuízos. As perdas de R$ 55,6 bilhões causadas pelo câmbio no
ano passado se somam ao resultado negativo de R$ 15,5 bilhões que já havia sido apurado
em 2006.
Reservas
O diretor de Administração
do BC, Antero Meirelles, diz
que o prejuízo causado pela política cambial do BC também
tem vantagens. Segundo ele, a
acumulação de um elevado saldo de reservas internacionais
ajuda a aumentar a confiança
de investidores estrangeiros na
economia brasileira, reduzindo, por exemplo, o custo que
governo e empresas têm para
tomar empréstimos no exterior. "Nós só saberíamos o custo de não ter essas reservas se
não tivéssemos essas reservas
num momento como o atual",
diz Antero Meirelles, se referindo às recentes turbulências
enfrentadas pelos mercados internacionais.
Todos os prejuízos sofridos
pelo BC são cobertos pelo Tesouro Nacional, por meio da
emissão de títulos públicos. As
perdas do primeiro semestre
do ano passado, que foram de
R$ 30,3 bilhões, já foram financiados pelo Tesouro. Pela lei, o
resultado do segundo semestre
precisa ser coberto até janeiro
de 2009.
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