São Paulo, sábado, 29 de março de 1997.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Comissão diz em 120 dias por que banco quebrou

da Sucursal de Brasília

O Banco Central deve instalar na próxima semana uma comissão de inquérito para apurar os motivos que provocaram a crise que resultou na intervenção do Banco Bamerindus no último dia 26.
A diretoria do BC pretende descobrir se a crise foi provocada por problemas de má administração ou falta de recursos. A investigação está prevista na legislação, informou a assessoria de imprensa do BC.
Prazo de 120 dias
A comissão terá prazo de 120 dias para concluir seus trabalhos. Se necessário, seu presidente poderá pedir prorrogação por igual período. A investigação será paralela ao trabalho do interventor.
Os integrantes da comissão devem ser indicados até quarta-feira pelo presidente do BC, Gustavo Loyola. Em Curitiba (PR), o interventor Luiz Carlos Alvarez já iniciou seu trabalho anteontem.
Inicialmente, sua principal função é transferir a parte boa do Bamerindus para o HSBC Bamerindus. O trabalho está sendo feito em conjunto com o HSBC.
Esse trabalho inclui separar também a parte ruim que ficará no Bamerindus sob intervenção e administrado pelo BC. Depois de feita a separação, Alvarez tentará reduzir o prejuízo da parte ruim.
Inpacel
Já está definido que as ações da Inpacel e de empresas não-financeiras em poder do Bamerindus não serão transferidas para o HSBC Bamerindus. Ou seja, poderão ser vendidos para reduzir um eventual prejuízo.
O interventor poderá ainda vender bens pessoais dos antigos controladores e administradores do Bamerindus nos últimos 12 meses. Para isso, o BC tornou indisponíveis na última quarta-feira os bens de 50 pessoas.
Proer
Entre essas pessoas estão o senador José Eduardo de Andrade Vieira (PTB-PR), ex-ministro da Agricultura do atual governo, e Maurício Schulman, atual presidente da Febraban (a associação dos bancos).
A venda só poderá ser feita se eles forem considerados culpados numa eventual ação de responsabilidade civil.
Para manter as agências do Bamerindus abertas e não prejudicar os mais de dois milhões de clientes da instituição, o Banco Central está liberando R$ 5,7 bilhões através do Programa de Estímulo à Reestruturação do Sistema Financeiro (Proer).
Desse total, R$ 2,5 bilhões serão utilizados para o Fundo Grantidor de Crédito (FGC), caso seja preciso honrar os passivos ligados a depósitos inferiores a R$ 20 mil.
Outros R$ 2,5 bilhões estão indo para a Caixa Econômica Federal adquirir a carteira imobiliária do Bamerindus. Mais R$ 400 milhões serão usados para equilibrar passivos e ativos transferidos ao HSBC. Finalmente, R$ 300 milhões vão para o Banco do Brasil comprar a carteira agrícola do Bamerindus e agências no exterior.

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright 1997 Empresa Folha da Manhã