São Paulo, quarta-feira, 29 de março de 2006

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SIDERURGIA

Empresa nega venda a estrangeiras e anuncia lucro de R$ 2 bi no ano passado, 1,2% superior ao de 2004

CSN investe US$ 5,1 bi para dobrar produção

CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL

A CSN (Companhia Siderúrgica Nacional) anunciou na noite de segunda-feira o maior volume de investimentos desde sua privatização, em 1993. São US$ 5,1 bilhões (R$ 11,3 bilhões), que serão aplicados até 2011 na duplicação da capacidade de fabricação de aço da empresa e no aumento da produção de minério de ferro.
Ontem, executivos da siderúrgica divulgaram os resultados de 2005, que foram semelhantes aos do ano anterior, um dos melhores da história para o setor. O lucro líquido chegou a R$ 2,005 bilhões, 1,2% acima do registrado em 2004. O lucro antes do pagamento de impostos (Ebtida) foi de R$ 4,6 milhões, menor que os R$ 4,8 bilhões do ano anterior.
Quarto maior grupo siderúrgico do Brasil, a CSN foi alvo nos últimos dias de uma série de rumores sobre sua venda a empresas estrangeiras. O mais recente apareceu domingo no jornal britânico "The Business", que noticiou supostas negociações da CSN com a Arcelor e a Mittal Steel, maior siderúrgica do mundo.
Marcos Lutz, diretor-executivo de infra-estrutura e energia da empresa, classificou as informações de "boatos" e disse que não há nada oficial sobre a venda da empresa. Ao contrário.
"A CSN não é uma empresa vendedora. Nós não temos uma estratégia que contemplaria isso. Tudo o que nós fazemos deixa implícito que a companhia está querendo crescer com suas próprias pernas ou ser compradora no mercado internacional", declarou Lutz em teleconferência para divulgação dos resultados. "Nos fomos comprados e vendidos por dez empresas na última semana", ironizou Lutz.
A especulação sobre a mudança no controle da siderúrgica levou suas ações a subirem até 4% no dia de ontem. No fim do dia, a valorização foi de 0,67%, um bom resultado diante da queda de 2,55% do Ibovespa.
A CSN anunciou, porém, que estuda a constituição de uma empresa de capital aberto com os ativos da mina Casa de Pedra, a maior de minério de ferro do Sudeste do país. Lutz afirmou que a siderúrgica contratou um banco de investimentos para avaliar e estruturar a operação.
A intenção da empresa é vender de 10% a 20% do capital da mina no mercado acionário. Como a CSN atribui um valor de US$ 4,7 bilhões à Casa de Pedra, isso representaria de US$ 470 milhões a US$ 940 milhões.
Dos US$ 5,1 bilhões de investimentos anunciados, cerca de US$ 500 milhões serão destinados à ampliação em 10 milhões de toneladas/ano da produção da Casa de Pedra. Esse projeto complementa o que já está em andamento para a elevação em 2,5 vezes da capacidade da mina. Com ambos, a produção passará de 16 milhões de toneladas/ano para 53 milhões de toneladas/ano em 2011.
A duplicação da produção de aço se dará pela construção de duas novas unidades, cada uma com capacidade de produção de 3 milhões de toneladas de placas por ano. A primeira delas será construída em Itaguaí (RJ) e deverá estar operando em 2009. A outra unidade está sendo disputada por Minas Gerais e Rio de Janeiro.
A produção adicional de 6 milhões de placas por ano será quase toda destinada à exportação para unidades da própria CSN nos Estados Unidos e na Europa, onde serão trabalhadas para as necessidades dos mercados locais.


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