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Gol compra Varig por US$ 320 milhões
Elas terão gestões independentes, e negócio, o maior da aviação civil do país, ainda precisa ser aprovado por órgãos reguladores
Varig havia sido vendida a fundo americano por US$ 24 mi em julho;
principal atrativo são horários de vôos da empresa
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
No maior negócio entre companhias aéreas nacionais, a Gol
anunciou ontem a compra da
Varig por US$ 320 milhões, em
um movimento que deve acelerar a chegada da companhia à
liderança nos vôos domésticos
e levá-la à operação de vôos internacionais intercontinentais.
A Varig foi comprada em julho por US$ 24 milhões pelo
fundo Matlin Patterson (EUA),
que investiu desde então ao
menos US$ 75 milhões e estaria
tendo prejuízos mensais.
Varig e Gol, que juntas atenderão mais de 20 milhões de
passageiros por ano, serão geridas como empresas independentes e manterão seus modelos de negócio, apesar da previsão de corte de custos na Varig.
A frota da Varig dobrará e ela
deve voltar a operar mais de
dez destinos internacionais.
A Gol pagou US$ 275 milhões
pelo total das ações da Varig
-US$ 98 milhões em "espécie",
e o restante, por meio de entrega de 6,1 milhões de ações preferenciais da companhia aérea
(3% das suas ações totais). A
transação chega a US$ 320 milhões porque a Gol assumirá R$
100 milhões em debêntures.
A compra será feita via GTI,
subsidiária da Gol, e depende
de aprovação do Cade (Conselho Administrativo de Defesa
Econômica) e da Anac (Agência
Nacional de Aviação Civil).
A Gol, de acordo com fato relevante distribuído ontem,
continuará a seguir o modelo
"low cost, low fare" (baixo custo, baixa tarifa) que introduziu
no país ao ser criada, em 2001,
ou seja, sem classe executiva e
primeira classe, programa de
milhagem ou comida quente.
Já em relação à Varig fala-se
em "serviços diferenciados" e
vôos sem conexão, além da
continuidade do programa de
milhagem Smiles, que não sofrerá alterações. Mas não terá
primeira classe nos vôos internacionais. "O mundo mudou, e
o conceito de luxo excessivo está superado", diz Constantino
de Oliveira Jr., presidente da
Gol, em comunicado da aérea.
A negociação para a compra
da Varig praticamente não envolveu a direção da empresa.
A Gol articulou a operação
diretamente com o fundo americano Matlin Patterson. As
conversas se estenderam por
dois meses, e a Gol concorreu
com a chilena LAN, que chegou
a enviar pessoal para checar as
finanças da Varig. A LAN concedeu um empréstimo de US$
17,1 milhões à Varig.
A entrada da LAN esbarrava
no limite de 20% de participação de capital estrangeiro nas
empresas aéreas nacionais,
além de o governo preferir uma
solução brasileira à empresa.
Na semana passada, o Matlin
Patterson queria US$ 483 milhões pela companhia, mas a
Gol teria achado o valor alto.
A direção da Varig foi informada na manhã de ontem da
operação. Uma equipe de transição começa a operar a partir
de hoje na Varig. Por enquanto,
não há definição sobre o tamanho da companhia e sobre mudanças no quadro de pessoal.
O principal atrativo da Varig
são os "slots" (espaços e horários de pouso e decolagem) em
Congonhas. São mais de 120 no
aeroporto mais disputado do
país, muitas na ponte aérea
Rio-SP. Tem ainda vastos espaços de balcões para check-in,
principalmente em Guarulhos,
e linhas rentáveis ao exterior.
A Varig tem até a metade de
junho para retomar rotas internacionais atraentes, como Los
Angeles, Nova York, Lisboa,
Madri, Londres, Paris e Milão.
A pressa no fechamento da
operação evidencia a corrida
contra o tempo que a Gol terá
que enfrentar para tornar a
operação vantajosa. As linhas
internacionais são regidas por
acordos bilaterais, e a negociação, caso a Varig não consiga retomar as linhas no prazo previsto pela lei, pode demorar.
Já a Anac pode submeter a
Varig a nova certificação. A Folha apurou que, dependendo
da estrutura acionária, a Anac
pode exigir novo Cheta (Certificado de Homologação de Empresa de Transporte Aéreo).
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