Declaração é de Nenê Constantino, um dos donos da empresa, após encontro com o presidente

Gol diz que as duas empresas terão que lutar por seus clientes de forma independente e que buscará expandir a Varig

Alan Marques/Folha Imagem

Lula, Walfrido dos Mares Guia, Constantino de Oliveira e o presidente da empresa, Constantino Jr., reúnem-se em Brasília

O empresário Constantino de Oliveira, conhecido como Nenê Constantino e dono da Gol, disse ontem após reunião com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, no Planalto, que o petista pediu a ele há seis meses que "salvasse" a Varig.
"Há seis meses, o presidente Lula me pediu que entrasse nas negociações para salvar a Varig", disse o empresário, pai do presidente da Gol, Constantino Júnior, numa referência a um encontro que teve com o presidente diante da crise da Varig.
Segundo ele, a Varig voltará a ter o prestígio do passado. "Dentro de horas, a Varig voltará a ser o que era antes", disse.
Nenê Constantino e Constantino Júnior foram ontem ao Palácio do Planalto para comunicar a Lula a compra da Varig.
"A previsão da Gol para a Varig é manter essa empresa como uma empresa independente, reforçando as suas vocações, agregando à Varig a eficiência operacional e administrativa já comprovada pela Gol, permitindo que essa empresa, a Varig, atinja custos menores e isso permita repassá-los aos seus passageiros, incentivando e estimulando assim a demanda por passagens aéreas no Brasil e em vôos internacionais", disse o presidente da Gol.
Afirmou ainda que buscará aumentar os destinos da Varig a outros países. Segundo ele, cada uma das empresas terá de lutar pelos seus clientes. "Cada uma com a sua vocação irá tentar atrair os seus clientes."
Da reunião de ontem, além de um batalhão de ministros (Trabalho, Turismo, Casa Civil, Defesa e Relações Institucionais), participou o advogado Roberto Teixeira, que montou a estrutura jurídica do processo de aquisição da Varig. Compadre de Lula, Teixeira fez parte do quadro societário da Transbrasil, empresa aérea endividada com a Previdência.
A reunião de ontem, segundo Nenê Constantino, foi pedida há oito dias ao Planalto, que somente conseguiu agendá-la para ontem. Constantino Júnior preferiu anunciar o negócio pessoalmente ao petista.
Em rápida entrevista no piso térreo do Planalto, Constantino Júnior falou da diferença entre o leilão da Varig, por US$ 24 milhões, em julho, e a compra ontem, por US$ 320 milhões: "É importante colocar o detalhe que houve investimentos depois do leilão, por parte do antigo acionista da companhia. Naturalmente que eu não tenho condições de falar por ele, mas posso assegurar que houve investimentos de grande monta para mantê-la em operação. Saiu de 2 aviões do leilão e hoje opera com 16".


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