São Paulo, quinta-feira, 29 de março de 2007

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Negócio fortalece Gol na disputa com TAM

Com aquisição da Varig, empresa passa a ter a cerca de 45% de participação no mercado doméstico, contra 47% da rival

Compra da Varig pela Gol fortalece o chamado duopólio da aviação comercial no mercado doméstico, dizem analistas


DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO

A compra da Varig fortalece a Gol na disputa com a TAM, que hoje lidera o mercado doméstico com 47% de participação. Gol e Varig possuem hoje, respectivamente, 40,2% e 4,57% de participação nos vôos domésticos, ou seja, cerca de 45% juntas, percentual muito próximo ao da TAM, segundo os dados relativos a fevereiro.
Na avaliação de analistas, a aquisição pela Gol permitirá à Varig aumentar rapidamente a sua participação de mercado e a sua taxa de ocupação, devido aos investimentos em frota e à possibilidade de utilizar o sistema de reservas da Gol.
"A Gol vai passar a TAM com mais rapidez do que estava previsto", disse Paulo Bittencourt Sampaio, consultor em aviação. "Acredito que isso vai acontecer já em agosto deste ano."
Hoje, a Gol tem 66 aviões próprios e voa para 56 destinos -48 dentro do país e 8 internacionais: três para a Argentina e um para Uruguai, Chile, Peru, Bolívia e Paraguai. A companhia encerrou 2006 com lucro líquido de R$ 684,4 milhões, 61,2% a mais que em 2005.
Atualmente, a Varig voa para 14 destinos no mercado doméstico e 4 internacionais: Buenos Aires, Bogotá, Caracas e Frankfurt. A companhia deve passar a voar para mais destinos quando sua frota dobrar, segundo informou ontem a Gol: Frankfurt, Londres, Madri, Milão, Paris, Miami, Nova York, Cidade do México, Buenos Aires, Santiago, Bogotá e Caracas.
A frota da Varig será formada por 20 Boeings-737 e 14 Boeings-767, informou a Gol.

Duopólio fortalecido
A aquisição da Varig pela Gol fortalece o chamado duopólio da aviação comercial no mercado doméstico, segundo analistas ouvidos pela Folha.
Gol e TAM representam 87% do mercado nas viagens nacionais. As duas mais a Varig representam 91,5%. Segundo Lúcia Helena Salgado, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a aquisição é uma má notícia para o consumidor porque representa uma divisão do mercado de praticamente 50% entre duas companhias.
A economista destaca que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) precisará observar a operação de perto. As empresas atuarão de forma independente, segundo nota enviada ao mercado.
O fator que joga a favor da operação é a fatia pequena de participação da Varig no mercado doméstico, de 4,57% em fevereiro, segundo dados da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), um cenário diferente do analisado à época da tentativa de fusão entre Varig e TAM, em 2003.
Ao mesmo tempo, as companhias acabaram de entrar em uma acirrada guerra de tarifas para aumentar a ocupação de seus aviões. A TAM, considerada a grande derrotada na história, pode reagir baixando tarifas, o que pode amenizar os efeitos dessa concentração.
Um analista descreveu a operação como o pior dos mundos para o consumidor. Segundo analistas ouvidos pela Folha, a compra poderá se mostrar extremamente rentável para a Gol. No passado, as operações internacionais da Varig chegaram a responder por dois terços do faturamento da aérea.
O mercado viu a operação de forma favorável. As ações preferencias da Gol subiram 4,17%. Já a ação Varig Transportes PN, apesar de pouco negociada (apenas 33 operações), disparou 235,71%; o papel Varig Serviços PN subiu 157,77%, após 20 negócios. O papel preferencial da TAM caiu 2,17%.


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