|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Negócio fortalece Gol na disputa com TAM
Com aquisição da Varig, empresa passa a ter a cerca de 45% de participação no mercado doméstico, contra 47% da rival
Compra da Varig pela Gol fortalece o chamado duopólio da aviação comercial no mercado
doméstico, dizem analistas
DA REPORTAGEM LOCAL
DA SUCURSAL DO RIO
A compra da Varig fortalece a
Gol na disputa com a TAM, que
hoje lidera o mercado doméstico com 47% de participação.
Gol e Varig possuem hoje, respectivamente, 40,2% e 4,57%
de participação nos vôos domésticos, ou seja, cerca de 45%
juntas, percentual muito próximo ao da TAM, segundo os dados relativos a fevereiro.
Na avaliação de analistas, a
aquisição pela Gol permitirá à
Varig aumentar rapidamente a
sua participação de mercado e a
sua taxa de ocupação, devido
aos investimentos em frota e à
possibilidade de utilizar o sistema de reservas da Gol.
"A Gol vai passar a TAM com
mais rapidez do que estava previsto", disse Paulo Bittencourt
Sampaio, consultor em aviação.
"Acredito que isso vai acontecer já em agosto deste ano."
Hoje, a Gol tem 66 aviões
próprios e voa para 56 destinos
-48 dentro do país e 8 internacionais: três para a Argentina e
um para Uruguai, Chile, Peru,
Bolívia e Paraguai. A companhia encerrou 2006 com lucro
líquido de R$ 684,4 milhões,
61,2% a mais que em 2005.
Atualmente, a Varig voa para
14 destinos no mercado doméstico e 4 internacionais: Buenos
Aires, Bogotá, Caracas e Frankfurt. A companhia deve passar a
voar para mais destinos quando sua frota dobrar, segundo
informou ontem a Gol: Frankfurt, Londres, Madri, Milão,
Paris, Miami, Nova York, Cidade do México, Buenos Aires,
Santiago, Bogotá e Caracas.
A frota da Varig será formada
por 20 Boeings-737 e 14
Boeings-767, informou a Gol.
Duopólio fortalecido
A aquisição da Varig pela Gol
fortalece o chamado duopólio
da aviação comercial no mercado doméstico, segundo analistas ouvidos pela Folha.
Gol e TAM representam 87%
do mercado nas viagens nacionais. As duas mais a Varig representam 91,5%. Segundo Lúcia Helena Salgado, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a
aquisição é uma má notícia para o consumidor porque representa uma divisão do mercado
de praticamente 50% entre
duas companhias.
A economista destaca que o
Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) precisará observar a operação de
perto. As empresas atuarão de
forma independente, segundo
nota enviada ao mercado.
O fator que joga a favor da
operação é a fatia pequena de
participação da Varig no mercado doméstico, de 4,57% em
fevereiro, segundo dados da
Anac (Agência Nacional de
Aviação Civil), um cenário diferente do analisado à época da
tentativa de fusão entre Varig e
TAM, em 2003.
Ao mesmo tempo, as companhias acabaram de entrar em
uma acirrada guerra de tarifas
para aumentar a ocupação de
seus aviões. A TAM, considerada a grande derrotada na história, pode reagir baixando tarifas, o que pode amenizar os
efeitos dessa concentração.
Um analista descreveu a operação como o pior dos mundos
para o consumidor. Segundo
analistas ouvidos pela Folha, a
compra poderá se mostrar extremamente rentável para a
Gol. No passado, as operações
internacionais da Varig chegaram a responder por dois terços do faturamento da aérea.
O mercado viu a operação de
forma favorável. As ações preferencias da Gol subiram
4,17%. Já a ação Varig Transportes PN, apesar de pouco negociada (apenas 33 operações),
disparou 235,71%; o papel Varig Serviços PN subiu 157,77%,
após 20 negócios. O papel preferencial da TAM caiu 2,17%.
Texto Anterior: Compra precisa ser aprovada por Anac e Cade Próximo Texto: Frase Índice
|