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Novo cálculo eleva PIB de 2006 a 3,7%
Média anual do primeiro governo Lula ficou em 3,4%, acima da registrada no segundo mandato de FHC, de 2,2%
Com metodologia nova adotada pelo IBGE, gastos maiores do governo em ano eleitoral ganham peso e puxam o crescimento
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Mais uma vez, a revisão dos
dados do PIB (Produto Interno
Bruto) trouxe uma boa notícia
ao governo: a economia cresceu
3,7% em 2006 na nova série do
IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística), em vez
dos 2,9% divulgados em fevereiro com a metodologia antiga.
Na média anual do governo
Lula (2003-2006), o crescimento ficou em 3,4%, mais do
que os 2,7% antes da revisão
metodológica.
No caso dos governos FHC,
entretanto, pouco mudou com
a revisão. No segundo mandato
do tucano, a taxa foi de 2,1% para 2,2%. No primeiro governo
do PSDB (1995/98), o IBGE
não tem dados comparáveis para 1995. Na média dos anos de
1996 a 1998, a taxa variou de 2%
na série original para 1,9% na
revisada.
Para o IBGE, três setores determinaram o crescimento
mais forte do PIB nos dados recalculados para 2006: o maior
dinamismo da administração
pública depois que passou a ser
medida por meio do pessoal
ocupado (e não mais só por
crescimento vegetativo), a incorporação da qualidade dos
imóveis na conta dos aluguéis e
a criação de um novo modelo
para o sistema financeiro (que
antes acompanhava a expansão
média da economia).
Do lado da produção, serviços e agropecuária foram os
destaques positivos, com altas
de 3,7% e 4,1% em 2006, respectivamente. Já o câmbio prejudicou a indústria, que cresceu
2,8% no ano passado, menos do
que os 3% da série antiga.
O dólar mais barato fez o setor externo reduzir o crescimento do PIB em 2006, já que o
saldo entre exportações (alta
de 4,6%) e importações (incremento de 18,1%) contribuiu negativamente para a economia.
Segundo o IBGE, a variação
do PIB per capita passou de
1,5% na série antiga para 2,3%
na nova. Em valor, a produção
de bens e serviços da economia
somou R$ 2,323 trilhões.
Diante dos novos dados, economistas refizeram as contas e
estimam que o PIB de 2007
crescerá mais: de 4% a 4,5%,
ante uma previsão inicial de
3,5% dominante no mercado.
No PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), o governo
prevê expansão de 4,5%.
O economista Francisco Pessôa, da LCA, diz que no novo
cálculo cresceu o chamado
"carry over" (efeito estatístico
de "carregamento" de um crescimento anterior), o que o fez
estimar uma expansão da ordem de 4,5% neste ano.
Desde 2002, os novos dados
mostram sempre taxas maiores
do PIB. Tal cenário, diz ele, sugere que "o governo não precisa
se satisfazer mais com um crescimento de 5%". "O passado
não mudou. O que a gente gostaria que a economia tivesse gerado e não gerou ficou para
trás. Agora, os 5% talvez não sejam mais suficientes para o país
alcançar as taxas que deseja."
Economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Estêvão Kopschitz disse
que, a julgar pela tendência de
aumento do PIB nos últimos
anos, a economia brasileira deve crescer mais neste ano do
que o inicialmente previsto.
A consultoria Tendências
prevê um avanço próximo a 4%
-previa antes 3,5%.
Setor público
Mais pesado no novo cálculo
do PIB, o setor público fez toda
a diferença em 2006 por se tratar de um ano eleitoral, no qual
cresceram os gastos do governo.
Para Rebeca Palis, gerente
das Contas Trimestrais do IBGE, as eleições aumentaram as
despesas do governo inclusive
com pessoal, o que impulsionou o PIB de 2006 especialmente porque o setor ganhou
participação na nova série.
"A nova metodologia "pegou"
melhor o ciclo eleitoral, quando
o gasto público aumenta", disse
Leonardo Miceli, economista
da Tendências.
O PIB da administração pública subiu 3,1% em 2006, mais
do que o 1% de 2005, segundo o
IBGE. Também ganharam peso
na nova estrutura do PIB aluguéis e serviços financeiros, cujas variações passaram de 4,1%
e 4,3% para 6,5% e 6,1%, respectivamente.
"O aumento se explica basicamente em cima dos indicadores [recalculados], que pelo lado da produção têm como destaque aluguéis e administração
pública", disse Roberto Olinto,
coordenador das Contas Nacionais do IBGE.
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