São Paulo, sábado, 29 de março de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Empresas reclamam de perdas com a greve

Setor de transporte de carga cobra do governo federal mais rapidez na condução das negociações com auditores fiscais

Fiesp e Ciesp recorrem à Justiça para obter liberação dos produtos importados e exportados que estão retidos por causa da paralisação

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

Representantes das empresas de transportes de carga cobram do governo federal uma solução nas negociações com os auditores da Receita em greve.
Segundo os empresários, as transportadoras estão arcando com a manutenção dos veículos parados nas aduanas das fronteiras. "Um caminhão frigorífico com a câmara fria ligada gera US$ 350 de manutenção por dia. E são as empresas que custeiam essa despesa enquanto o acordo entre governo e os funcionários da Receita não sai", afirma Ademir Pozzani, vice-presidente de assuntos internos da NTC & Logística (Associação Nacional do Transporte de Cargas e Logística).
Nesta semana, a entidade entregou manifesto ao ministro Guido Mantega (Fazenda) para defender o restabelecimento de negociações e pôr fim à greve. "Só em Uruguaiana [640 km de Porto Alegre, na fronteira com a Argentina e o Uruguai], são cerca de 3.000 caminhoneiros parados", diz Pozzani.
Segundo o dirigente da entidade empresarial, uma das sugestões é aumentar a liberação de cargas pelo chamado canal verde, em que não há necessidade de intervenção do fiscal da Receita. Com a greve, um caminhão pode ser liberado em até seis dias, e a intenção dos transportadores é que esse período, enquanto o movimento não acabar, seja reduzido para três.
Segundo a assessoria técnica da NTC & Logística, nos 14 postos de fronteira existentes no país estão cerca de 7.500 caminhões à espera de uma liberação. Levando em conta que o custo médio de manutenção diária da carga e do veículo está em US$ 300, a NTC estima que as transportadoras já tiveram que desembolsar US$ 2,25 milhões em despesas.

São Paulo
Em nota divulgada ontem, o Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo) e a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) anunciaram ter impetrado, no último dia 25, pedido de mandado de segurança na Justiça Federal para a liberação dos produtos de importações e exportações retidos nas aduanas paulistas e que, ontem, a liminar foi deferida pelo juiz Marco Aurélio de Mello Castrianni.
"Sem questionar a legitimidade de suas reivindicações trabalhistas e o princípio legal do direito à greve, mas, por outro lado, na defesa do legítimo interesse da sociedade, não se pode prescindir dos serviços públicos essenciais que, com essas greves, têm causado significativas perdas ao país", diz a nota das entidades.
"Essa situação absurda agride os direitos de todos nós, quanto à eficiência e continuidade dos serviços públicos pelos quais pagamos uma das maiores cargas tributárias do mundo", afirma na nota Paulo Skaf, presidente do Ciesp e da Fiesp. (DIMITRI DO VALLE)


Texto Anterior: Indústria da Zona Franca pode parar produção no AM
Próximo Texto: Receita desloca funcionários para os portos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.